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segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Síndrome compartimental


Estruturas anatômicas formadas por músculos, nervos e vasos sanguíneos, principalmente nos braços, pernas, mãos, pés e nádegas, são encerradas em “compartimentos” fechados por um envoltório fibroso muito pouco distensível, chamado fáscia. A síndrome compartimental (ou síndrome do compartimento) ocorre quando há o aumento de pressão no interior desses compartimentos.

A síndrome compartimental se deve a fraturas, compressão do membro por talas, gessos ou faixas, traumatismos, esmagamentos ou isquemia de perfusão após uma lesão, queimaduras, hemorragias e infusão de medicação ou punção arterial.

O quadro crônico decorre do copioso esforço realizado por atletas, assim como por pessoas que regularmente fazem determinados esportes, como natação, tênis ou corrida, e que apresentam risco maior de desenvolver este quadro na sua forma crônica. Exercícios físicos intensos, mesmo que episódicos, também aumentam o risco da síndrome compartimental.

Quando há, por exemplo, um inchaço ou sangramento dentro de um desses compartimentos, a fáscia não consegue se expandir e isso resulta em um aumento de pressão sobre os vasos capilares, nervos e músculos do compartimento, prejudicando o fluxo sanguíneo para as células musculares e nervosas, o que as danifica e gera sintomas.

Embora seja mais frequente em pessoas com menos de 40 anos de idade, essa condição pode se desenvolver em qualquer idade. A síndrome compartimental ocorre com maior frequência na panturrilha, mas também pode afetar mãos, pés, braços, pernas e nádegas. Ela pode ser aguda ou crônica.

O quadro agudo representa uma emergência médica e deve ser resolvido com prontidão. O não tratamento imediato pode resultar em lesões musculares permanentes. Seus principais sintomas são aumento de pressão intracompartimental, dor progressiva do compartimento, câimbras, parestesia, palidez, paralisia e inchaço localizado.

O diagnóstico da síndrome compartimental aguda deve ser feito a partir dos sintomas e do exame físico (por exemplo, pressionar a área lesada para determinar a intensidade da dor), mas o médico pode também medir a pressão compartimental, determinando se o indivíduo apresenta ou não essa condição.

Já no caso da síndrome compartimental crônica é necessário excluir outras condições que também podem levar a um quadro clínico semelhante, o que pode ser feito por meio de exame físico e exames de imagem. Para a confirmação, deve-se medir a pressão intracompartimental antes e após o exercício físico. Caso a pressão continue elevada após o exercício, indica a presença de síndrome compartimental crônica.

Exames de imagens podem ser necessários para descartar a presença de outras doenças que possam ser confundidas com esta patologia.

O tratamento da forma aguda da síndrome compartimental necessita de uma fasciotomia imediata para permitir o retorno da pressão intracompartimental ao normal.

No caso da forma crônica, o tratamento pode ser não cirúrgico, por meio de fisioterapia, uso de palmilhas e de anti-inflamatórios. Se as medidas conservadoras não forem suficientes para controlar o problema, a cirurgia pode ser uma opção. Nesses casos, contudo, a cirurgia é um procedimento eletivo e não de emergência.

Evitar a atividade causadora costuma fazer os sintomas desaparecerem. Quando esse quadro surge devido ao uso de bandagens ou gesso muito apertado, esse dispositivo deve ser afrouxado ou retirado.

Como a síndrome compartimental prejudica o fluxo sanguíneo para as células musculares e nervosas, danificando-as, ela pode causar invalidez permanente do local afetado e necrose tecidual. Após 12 a 24 horas do seu início, a síndrome compartimental aguda não tratada pode desenvolver danos permanentes aos músculos e nervos.

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