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segunda-feira, 4 de julho de 2016

Como funciona o controle da fome


A fome tem a ver com o controle e descontrole do apetite, isto é, da vontade de comer e isso é regulado, basicamente, pelo hipotálamo.

O centro da fome está localizado na parte lateral do hipotálamo, enquanto que o centro da saciedade está localizado na parte ventromedial daquele órgão.

Lesões nessas áreas causam, respectivamente, anorexia (ausência da vontade de comer) e emagrecimento ou obesidade, consequente a um excesso da vontade de comer.

Do ponto de vista químico, a leptina é um hormônio produzido pelos adipócitos (células gordurosas) que suprime a atividade dos neurônios orexígenos e que estimula a atividade de neurônios anorexígenos. Uma regulação mais imediata é ligada à ingesta alimentar e causada pelas peculiaridades da digestão gástrica.

A fome é ainda ativada pela quantidade de nutrientes e outros fatores presentes no organismo, como glicose, aminoácidos, gordura e variações da temperatura interna.

Mesmo diminuições mínimas na concentração de nutrientes são suficientes para gerar sinais que a desencadeiam. Ela também é estimulada pela visão e cheiro dos alimentos, além de fatores sociais e psicológicos.

Quando se come, além das necessidades energéticas, os nutrientes ingeridos são estocados sob a forma de gordura e a pessoa tende a engordar. Por outro lado, o cancelamento ou diminuição da fome, estado a que se denomina saciedade, é promovido, de maneira mais direta, durante ou imediatamente após uma refeição, pela distensão da parede gástrica, causada pelo alimento ingerido no estômago. No intestino, a presença de proteínas e de gorduras libera o hormônio colecistocinina, que emite ao hipotálamo, no cérebro, outro sinal de saciedade.

Além desses, existem complexos sistemas biológicos, ainda não totalmente conhecidos, que controlam o apetite e, por consequência, a ingestão de alimentos. Entre eles, fatores neuronais, endócrinos e intestinais. O controle neuronal depende de uma série de sinais vindos de órgãos da periferia, que atuam sobre o sistema nervoso central, e mais especificamente são regulados pela região hipotalâmica. A regulação do apetite também é feita no hipotálamo de maneira química. Do ponto de vista endócrino, a homeostase energética (propriedade de um sistema orgânico de manter estável uma determinada condição) é regulada por um sistema neuro-humoral que controla o balanço energético. A insulina, assim como a leptina, atua nos receptores do hipotálamo também promovendo a sensação de saciedade.

Como dito antes, há fatores intestinais que também controlam a absorção de alimentos e contribuem para a modulação do apetite. Células secretoras de peptídeos, localizadas no trato gastrointestinal, agem sobre o sistema nervoso central regulando as sensações de fome e de saciedade.

O apetite pode manifestar-se como diminuído ou aumentado, em relação àquilo que se consideraria normal, ou mesmo estar ausente.

À total falta de apetite chama-se inapetência ou anorexia. Ela leva à perda de peso corporal, às vezes muito acentuada. Quando a anorexia se torna um sintoma muito ostensivo e sem motivação aparente, vários exames podem estar indicados para esclarecer a sua causa: enema de bário, análise sanguínea, tomografia computadorizada, radiografias do esôfago, exames da vesícula biliar, ensaios hormonais, testes de função hepática, renal e tireoidiana, ecografia abdominal e estudo endoscópico do sistema digestivo alto. Existe uma situação especial, chamada anorexia mental ou nervosa, em que as pessoas deixam de comer por um medo intenso de ganhar peso, mesmo quando estão abaixo do peso normal. Trata-se de um distúrbio da imagem corporal.

A diminuição parcial do apetite, sem perda total, é chamada de hiporexia. Na prática, a diferenciação entre essas duas situações pode não ser fácil e, no uso popular, é comum falar-se de ambas como a pessoa estando “sem apetite”. As causas e as manifestações clínicas das duas condições são semelhantes, com diferenciação apenas de graus. O tratamento tanto para a anorexia como para a hiporexia depende de suas causas e é específico para cada uma delas.

Fala-se em hiperoexia quando há um aumento anormal do apetite, transitório ou permanente. Essa condição pode ocorrer devido à ansiedade, bulimia, síndrome pré-menstrual, diabetes, hipertireoidismo, hipoglicemia e certos medicamentos. Também pode ocorrer em quadros psiquiátricos como a esquizofrenia ou a excitação maníaca, por exemplo.

Chama-se hiperfagia à vontade irresistível de comer, sem real sensação de fome, levando quase sempre a um excesso de peso. Ela pode afetar tanto mulheres quanto homens e se manifesta por ingestão indiscriminada de alimentos, um estado de extremo nervosismo, mal-estar, aumento da taxa de colesterol e risco aumentado de diabetes.

Além das alterações quantitativas, o apetite sofre também alterações qualitativas, chamadas perversões do apetite. A principal delas é a alotriofagia, que consiste na apetência por substâncias não nutritivas e habitualmente não comestíveis.

O apetite é controlado tanto por fatores físicos, quanto psicológicos e ambientais. Quase toda doença pode prejudicar o apetite, desde um simples resfriado a um estado canceroso, sem falar dos aspectos emocionais. Se a doença for curável, o apetite retornará assim que ela for sanada. Entre os motivos mais comuns de ausência ou diminuição do apetite estão as causas emocionais, as doenças infecciosas e degenerativas e o câncer.

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