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sábado, 14 de maio de 2016

Revisão sobre o tratamento do déficit de atenção/hiperatividade na adolescência


Apesar do transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) ser altamente prevalente em adolescentes e muitas vezes persistir na idade adulta, a maioria dos estudos sobre o tratamento desta patologia foi realizado com crianças, conhecendo-se pouco sobre o tratamento do TDAH em adolescentes.

Com o objetivo de analisar as evidências para o tratamento farmacológico e psicossocial do TDAH em adolescentes, foi realizada uma revisão sistemática publicada pelo The Journal of the American Medical Association (JAMA).

Nos bancos de dados CINAHL Plus, MEDLINE, PsycINFO, ERIC e Cochrane Database of Systematic Reviews foram pesquisados artigos publicados entre 1° de Janeiro de 1999 e 31 de janeiro de 2016, sobre o tratamento de TDAH em adolescentes. Estudos adicionais foram identificados por listas de referências de artigos recuperados procurados à mão. A qualidade dos estudos foi avaliada usando critérios do projeto McMaster University Effective Public Health Practice Project. O nível de evidência para as recomendações de tratamento foi baseado nos critérios do Oxford Centre for Evidence-Based Medicine.

Dezesseis ensaios clínicos randomizados e uma metanálise, envolvendo 2668 participantes, em tratamentos farmacológicos e psicossociais para TDAH em adolescentes, com idades entre 12 e 18 anos, foram incluídos. As provas de eficácia foram mais fortes para medicamentos estimulantes como o metilfenidato de liberação prolongada e derivados anfetamínicos (nível 1B baseado nos critérios do Oxford Centre for Evidence-Based Medicine) e para a atomoxetina do que para os agonistas α2-adrenérgicos de liberação prolongada guanfacina ou clonidina (nenhum estudo).

Para a principal medida de eficácia da pontuação total dos sintomas na escala ADHD Rating Scale (intervalo de pontuação, 0 [menos sintomático] para 54 [mais sintomático]), ambos os medicamentos estimulantes e não-estimulantes levaram a reduções clinicamente significativas de 14,93 a 24,60 pontos absolutos.

Os tratamentos psicossociais que combinam técnicas de treinamento comportamental, cognitivo-comportamental e habilidades demonstraram melhorias pequenas a médias para os sintomas do TDAH avaliados pelos pais, para a co-ocorrência de sintomas emocionais ou comportamentais e para o relacionamento interpessoal. Os tratamentos psicossociais foram associados a melhorias mais robustas em habilidades acadêmicas e organizacionais, tais como a conclusão de lições de casa e planejamento de tarefas.

Concluiu-se nesta revisão que as evidências suportam o uso de metilfenidato de liberação prolongada e de derivados de anfetamina, atomoxetina e guanfacina de liberação prolongada para melhorar os sintomas do TDAH em adolescentes. Os tratamentos psicossociais que integram a gestão de contingência de comportamento, aumento da motivação e técnicas de treinamento de habilidades acadêmicas, organizacionais e sociais foram associados a efeitos inconsistentes nos sintomas do TDAH e maior benefício para as competências acadêmicas e organizacionais. São necessários estudos adicionais sobre o tratamento de adolescentes com TDAH, incluindo tratamentos farmacológicos e psicossociais combinados.



Fonte: The Journal of the American Medical Association (JAMA), de 10 de maio de 2016

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