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terça-feira, 14 de abril de 2015

Hipoglicemia 1


A hipoglicemia é uma afecção em que as concentrações de açúcar (glicose) no sangue são anormalmente baixas.

O organismo mantém normalmente a concentração de açúcar no sangue dentro de uma margem bastante estreita (por volta de 70 a 110 mg/dl de sangue). Na diabetes, os valores de açúcar no sangue tornam-se demasiado altos; na hipoglicemia, são demasiado baixos.

Os valores baixos de açúcar levam ao incorreto funcionamento de muitos dos sistemas orgânicos.

O cérebro é especialmente sensível aos valores baixos, porque a glicose é a sua principal fonte de energia.

Ele responde aos valores baixos de açúcar no sangue e, através do sistema nervoso, estimula as glândulas supra-renais a libertar adrenalina.

Isto provoca, por sua vez, a libertação de açúcar por parte do fígado para ajustar a sua concentração no sangue.

Se a concentração se situa em valores demasiado baixos, o funcionamento do cérebro pode ver-se prejudicado.

Causas

A hipoglicemia tem várias causas diferentes, a saber, a secreção excessiva de insulina pelo pâncreas, uma dose demasiado elevada de insulina ou de outro medicamento administrado a um diabético para diminuir os valores sanguíneos de açúcar, uma perturbação na hipófise ou nas glândulas supra-renais ou uma anomalia no armazenamento de hidratos de carbono ou na produção de glicose por parte do fígado.

Em geral, há duas formas de hipoglicemia: a induzida por medicamentos e a não relacionada com medicamentos. A maior parte dos casos verifica-se nos diabéticos e relaciona-se com medicamentos.

A hipoglicemia não relacionada com medicamentos subdivide-se, além disso, em hipoglicemia em jejum, que ocorre depois do jejum, e em hipoglicemia reativa, que surge como reacção à ingestão de hidratos de carbono.

Mais frequentemente, a hipoglicemia é causada pela insulina ou outros medicamentos (sulfonilureias) administrados a pessoas com diabetes para diminuir os valores de açúcar no sangue.

Se a dose for excessiva para a quantidade de alimento ingerido, o medicamento diminui demasiadamente os valores de açúcar.

Nos casos de diabetes grave crónica existe uma propensão particular para desenvolver hipoglicemia grave.

Isto acontece porque as células pancreáticas do doente não produzem glucagina e as suas glândulas supra-renais não produzem adrenalina, que são os mecanismos principais imediatos com os quais o organismo neutraliza um valor baixo de açúcar no sangue.

Outros medicamentos também provocam hipoglicemia, como a pentamidina, que se usa para tratar uma forma de pneumonia relacionada com a SIDA.

A hipoglicemia observa-se por vezes em pessoas com perturbações psicológicas que, às escondidas, auto-administram insulina ou medicamentos hipoglicemiantes.

Em geral, trata-se de pessoal da saúde ou parentes dos diabéticos que têm acesso aos medicamentos.

O consumo de álcool, geralmente nas pessoas que bebem grande quantidade sem antes terem ingerido qualquer alimento durante bastante tempo (o que esgota os hidratos de carbono armazenados no fígado), pode produzir uma hipoglicemia suficientemente grave para causar estupor, o que pode ocorrer mesmo quando a concentração de álcool no sangue for inferior ao legalmente permitido para conduzir.

A polícia e o pessoal do serviço de urgência devem ter em conta que um doente com estupor, cujo hálito cheire a álcool, pode ter uma hipoglicemia, e não apenas estar sob os efeitos do álcool.

O exercício extenuante prolongado, em casos raros, provoca hipoglicemia em pessoas de outro modo saudáveis.

O jejum prolongado só causa hipoglicemia se for associado a outra doença, especialmente uma doença da hipófise das glândulas supra-renais, ou a consumo de grandes quantidades de álcool.

As reservas de hidratos de carbono do fígado podem diminuir tanto que o organismo se vê incapaz de manter os valores adequados de açúcar no sangue.

Em certos casos em que existe uma perturbação hepática, bastarão poucas horas de jejum para que apareça hipoglicemia.

Os lactentes e as crianças com uma anomalia num qualquer dos sistemas de enzimas hepáticos que metabolizam os açúcares também podem desenvolver hipoglicemia entre as refeições.

Algumas pessoas que estiveram submetidas a certas intervenções ao estômago desenvolvem uma hipoglicemia alimentar entre as refeições.

Esta perturbação produz-se porque a absorção dos açúcares é muito rápida, estimulando a excessiva produção de insulina, que causa uma queda rápida da concentração de açúcar no sangue.

Em raras ocasiões dá-se em pessoas que não foram submetidas a cirurgia, caso em que a doença se chama hipoglicemia alimentar idiopática.

No passado havia tendência a diagnosticar hipoglicemia reactiva quando se constatavam sintomas semelhantes aos da hipoglicemia ao fim de 2 a 4 horas depois de se ter comido ou inclusive em pessoas com sintomas vagos (sobretudo esgotamento).

Contudo, a medição das concentrações de açúcar no sangue durante um episódio de sintomas não revela uma hipoglicemia verdadeira.

Tentou-se reproduzir a hipoglicemia reactiva com uma prova oral de tolerância à glicose, mas esta prova não reflete minuciosamente o que acontece depois de uma refeição normal.

Um tipo de hipoglicemia reativa que se apresenta em lactentes e crianças é causado por alimentos que contêm os açúcares frutose e galactose ou o aminoácido leucina.

A frutose e a galactose impedem a libertação de glicose do fígado; a leucina estimula a sobreprodução de insulina do pâncreas.

Em qualquer dos casos, o resultado é uma baixa concentração de açúcar no sangue depois de ingerir alimentos que contêm estes nutrientes.

Nos adultos, a ingestão de álcool em combinação com açúcar, por exemplo genebra e água tónica, pode precipitar a hipoglicemia reactiva.

A excessiva produção de insulina também causa alguns valores anormalmente baixos de glicose no sangue.

Esta produção excessiva pode ser consequência de um tumor das células do pâncreas que produzem insulina (insulinoma) ou, em raras ocasiões, de uma proliferação generalizada dessas células.

Embora seja pouco frequente, um tumor originado fora do pâncreas também pode causar esta perturbação ao produzir uma hormona semelhante à insulina.

Uma causa rara de hipoglicemia é uma doença auto-imune em que o organismo produz anticorpos contra a insulina.

Os valores da insulina no sangue flutuam anormalmente, já que o pâncreas segrega uma quantidade excessiva de insulina para fazer frente aos anticorpos.

Esta situação tanto se verifica em pessoas com diabetes como em pessoas sem ela.

Por fim, a hipoglicemia também pode ser o resultado de uma insuficiência cardíaca ou renal, cancro, desnutrição, perturbações da hipófise ou das glândulas supra-renais, choque e infecção grave. Uma doença hepática difusa (por exemplo, hepatite viral, cirrose ou cancro) também pode produzir hipoglicemia.

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