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segunda-feira, 23 de julho de 2012

Hipocondria





A hipocondria é um estado psíquico crônico em que a pessoa crê, sem fundamentos, ter uma doença grave, sente um irrazoável medo da morte, é acometida por uma verdadeira obsessão com sintomas ou defeitos físicos irrelevantes, mantém uma auto-observação constante do corpo e mostra descrença nos diagnósticos médicos. Trata-se de uma patologia séria que prejudica muito a vida dos pacientes.

Eu arrisco em afirmar que se trata de uma modalidade do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).

Inconformados com os médicos que afirmam que eles estão em perfeita saúde, muitas dessas pessoas procuram por outro profissional na busca por encontrar um diagnóstico para o mal que supõem acometê-los.

Na melhor das hipóteses pensarão: “quem sabe se a doença não começou depois do último exame?”.

Algumas vezes concentram suas preocupações sobre um determinado órgão ou sistema corporal (o coração ou o sistema digestivo, por exemplo) e outras vezes variam alternativamente suas preocupações, as quais podem atingir vários órgãos ou sistemas.

Muito comum darem atenção para detalhes da pele, dores ocasionais, alterações visuais ou auditivas, na absoluta maioria das vezes sem qualquer fundamento.

Muitos hipocondríacos chegam ao médico trazendo uma pilha de exames que colecionam a longo tempo e demandando outros novos.

Diante da afirmativa de que nada têm, sentem-se incompreendidos pelo médico e pelos familiares “que não acreditam” no que eles dizem e podem ficar ofendidos com a sugestão de que devem consultar um psiquiatra.

Na verdade, essa afirmativa de certa maneira é incorreta porque sentir algo onde tudo está organicamente perfeito não é normal. Os hipocondríacos “têm” alguma coisa; só que essa coisa não é física, mas psíquica. Popularmente, costuma-se denominar a hipocondria de “mania de doença”.

O hipocondríaco é extremamente centrado em si mesmo (narcisista, em termos psicanalíticos) a ponto de não se atentar para a realidade e não se importar com ela. Isso acontece em diferentes graus para cada paciente.

Ele se preocupa exageradamente com a possível presença de doença e geralmente pensa ser portador de sinais e sintomas de várias delas, muitas vezes entrando em pânico por isso.

Às vezes, os hipocondríacos apenas sobrevalorizam num sentido negativo e pessimista certos sinais próprios da fisiologia normal como ruídos orgânicos comuns, dormências posturais, tremores constitucionais, etc., ou são sugestionados pelas divulgações de enfermidades pela mídia.

Em muitos casos se sentem melhor ao tomar remédios, achando assim estar livres das supostas doenças. Outros hipocondríacos “descobrem” métodos alternativos para “curar” as supostas doenças, os quais podem funcionar, já que elas são imaginárias.

A hipocondria grave tem muitos aspectos formais dos estados psicóticos, assim como acontece com o TOC.

O diagnóstico da hipocondria é eminentemente clínico. Deve ser feito pela incongruência dos sintomas e pela história de persistentes queixas sem fundamento. As queixas do hipocondríaco obedecem mais à anatomia e à fisiologia populares que aos conhecimentos científicos.

Não se conhece tratamento específico para a hipocondria, mas a psicoterapia (cognitivo-comportamental) é essencial para que o paciente se sinta melhor.

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