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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Dia Mundial Sem Tabaco



O Dia Mundial sem Tabaco, 31 de maio, é uma data que tem como objetivo divulgar para população os perigos do uso do tabaco, as estratégias das companhias para seduzir os jovens a iniciar no tabagismo, as ações que a Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolve para controlar a epidemia do tabagismo no mundo, assim como o que a sociedade pode fazer para reivindicar o seu direito à saúde e à vida saudável e proteger as gerações presentes e futuras. A data foi criada em 1987, pela OMS.

Para as ações deste ano, a OMS escolheu o tema “A Interferência da Indústria do Tabaco”. O Brasil adaptou a abordagem para o contexto nacional, enfocando os danos causados ao longo da cadeia de produção do tabaco ao meio ambiente e à saúde da população, como o uso agrotóxicos que agridem ecossistemas e fumicultores, desmatamento, trabalho adolescente e infantil, danos à saúde da população, como a dependência química à nicotina e o fumo passivo e, por consequência, o aumento do risco para o desenvolvimento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), como Acidente Vascular Encefálico, infarto e diversos tipos de câncer. Daí, a escolha do tema nacional: “Fumar: faz mal pra você, faz mal pro planeta”.

Desmatamento

O tabaco, além de prejudicar a saúde de quem fuma, agride o meio ambiente, pois florestas inteiras são devastadas e utilizadas como combustível para alimentar os fornos à lenha e as estufas, que secam as folhas do fumo antes de serem industrializadas. As ações de desmatamento para a produção do fumo de tabaco contribuem de forma significativa para o desmatamento global, correspondendo a aproximadamente 5% do total desmatado nos países em desenvolvimento. Para cada 300 cigarros produzidos, uma árvore é queimada. Cada 15 maços de cigarro que chegam ao mercado sacrificam uma árvore.

Poluição do ar, das águas e matas

A fumaça do cigarro contém mais de 4.700 substâncias tóxicas, incluindo arsênico, amônia, monóxido de carbono (o mesmo que sai do escapamento dos veículos), substâncias cancerígenas, além de corantes e agrotóxicos em altas concentrações. Imagine a quantidade de toxidade que várias pessoas fumando deixam no nosso planeta.

Filtros de cigarros desprezados no chão e outros locais inadequados e, depois, levados pela chuva para lagos, rios, oceanos, florestas e jardins, demoram cerca de 5 anos para se decompor, podendo matar peixes, animais marinhos e aves que podem ingeri-los. As pontas de cigarro lideram a lista de itens mais coletados nas praias e correspondem de 25 a 50% de todo o lixo coletado em ruas e rodovias.

Uso de pesticidas e agrotóxicos

Grande parte da produção do fumo é feita por agricultores familiares. Na lavoura, trabalham cerca de três a quatro integrantes de cada família, incluindo crianças e adolescentes. Levantamento com fumicultores na região Sul do Brasil concluiu que 55% não usam equipamentos de proteção, como máscaras, luvas e botas.

A pesquisa também concluiu que 48% dos familiares dos agricultores sofrem de problemas de saúde associados ao uso de substâncias químicas, como dores de cabeça persistentes e vômitos. O estudo revelou, ainda, que aproximadamente 80% das famílias se desfazem dos resíduos inadequadamente, jogando os recipientes vazios de agrotóxicos nas florestas ou queimando-os.

Ainda em relação ao uso de agrotóxicos e seus efeitos, entre os fumicultores observa-se maior risco de desenvolvimento de alterações comportamentais, que podem evoluir para depressão e até suicídio. Estudo de 1996 encontrou fortes indícios da relação entre a utilização de pesticidas na fumicultura e o aumento das taxas de suicídio no município de Venâncio Aires (RS), um dos maiores produtores de fumo em folha da região.

Entrave ao desenvolvimento

A colheita das folhas de fumo ocorre em dezembro e janeiro, na qual utiliza-se, massivamente, a mão-de-obra infantil. Tanto que o calendário escolar da região do fumo teve que se adequar a esta realidade, antecipando o término do ano letivo ao início da safra.

Incêndios

25% de todos os incêndios são provocados por pontas de cigarros acesas, tanto domésticos quanto em matas e florestas, o que resulta em destruição e mortes.

Fumo passivo

Estudos revelam que entre pessoas expostas ao fumo passivo há risco 30% maior de desenvolver câncer de pulmão, 30% mais risco de sofrerem doenças cardíacas e 25% a 35% mais riscos de terem doenças coronarianas agudas. Além disso, a propensão à asma e à redução da capacidade respiratória é maior neste grupo.

Um recente e importante avanço na política nacional de controle do tabagismo foi alcançado com a aprovação, pela presidente Dilma Rousseff, da Lei Federal 12.546/2011, que proibiu o fumo em recintos coletivos fechados em todo País.

Com a aprovação dessa medida, o Brasil enfatiza o cumprimento do artigo 8º da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), que determina que os países que assinaram o documento adotem medidas para proteger a população dos riscos do tabagismo passivo em ambientes públicos, locais de trabalho e meios de transporte.

Segundo a OMS, a poluição tabagística ambiental, resultado da fumaça exalada pelo fumante, é a maior causa de poluição de ambientes fechados e a terceira maior causa de morte evitável no mundo.

O ar poluído contém, em média, três vezes mais nicotina e monóxido de carbono, e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que entra pela boca do fumante depois de passar pelo filtro do cigarro.

No Brasil, pelo menos, 2.655 não-fumantes morrem a cada ano por doenças atribuíveis ao tabagismo passivo. O que equivale dizer que, a cada dia, sete brasileiros que não fumam morrem por doenças provocadas pela exposição à fumaça do tabaco.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Mais uma da má qualidade de sono...




Interrupções no sono podem causar infertilidade

Uma nova pesquisa feita com ratos de laboratório pode indicar que a interrupção ou a má qualidade do sono podem afetar a fertilidade. Em um experimento simples, pesquisadores deixaram as luzes do laboratório acesas até a meia noite, ao invés de desligá-las às 18 horas. Isso fez com que a taxa de fertilidade dos animais caíssem 50%.

Mamíferos e até mesmo árvores são conhecidos por sincronizarem seus relógios internos (ciclos cicardianos), responsáveis pelo controle de diversas funções corporais, com o dia e a noite. Especialistas em fertilidade e nesses ciclos concordam que o experimento feito com os ratos mostra uma conexão forte entre o relógio interno do animal e a sua capacidade de conceber.

Para que os dados encontrados possam ser aplicados a humanos, mais estudos devem ser feitos sobre o tema.

A pesquisa foi desenvolvida na Universidade Northwestern (EUA) e publicada no periódico PLoS ONE.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Picadas (ferroadas) de abelhas





Quais são as consequências das picadas (ferroadas) de abelhas?

As consequências das picadas (ferroadas) de abelhas dependem da quantidade delas, do local atingido, de a vítima ser ou não alérgica e do tipo de abelhas.

Um adulto normalmente pode tolerar até mais de mil picadas de abelhas, enquanto quinhentas poderão matar uma criança. No entanto, em pessoas alérgicas, uma única picada pode provocar a morte em virtude de uma reação anafilática grave, a qual necessita de cuidados médicos imediatos.

As abelhas possuem um ferrão na parte posterior do corpo, onde se localiza a glândula do veneno.

Este ferrão se instala na pele da vítima depois da picada. As picadas (ferroadas) de abelhas podem limitar-se à dor e ao edema ou levarem a complicações importantes e até fatais, em pessoas alérgicas.

As picadas de abelhas doem tanto porque, quando estes insetos picam, injetam em suas vítimas uma substância química chamada melitina, a qual ativa os receptores de dor. Além disso, quando o ferrão penetra a pele da vítima, ele fica preso lá dentro, injetando mais veneno. Se a pessoa não for alérgica, seu sistema imunológico vai reagir à picada, mandando líquidos para dissolver a melitina, causando uma maior vermelhidão e o inchaço. A dor pode durar vários dias, mas geralmente não apresenta maior gravidade.

Quais são os sintomas das picadas (ferroadas) de abelhas?

Em geral, quando a picada (ferroada) é única ou se forem poucas, apenas ocorrerão dor e inflamação local. Após sofrer múltiplas picadas, a pessoa pode apresentar mau funcionamento cardíaco e mesmo colapso circulatório.

Em pessoas alérgicas a picada de insetos as reações podem ser gravíssimas, colocando a vida em risco. A reação anafilática que pode causar é uma reação aguda e grave, que compromete todo o organismo e que é caracterizada por coceira, urticária generalizada, convulsões, vômitos, diarreias, cólicas abdominais e, o mais grave de tudo, eventual edema da glote e bloqueio da respiração. A morte, contudo, é raríssima.

O que fazer se você for picado por abelhas?

1. Retirar o ferrão do animal, raspando a pele com uma lâmina, com muita delicadeza. Nunca use uma pinça ou mesmo as mãos, porque isso pode injetar o veneno residual das bolsas presas aos ferrões.

2. Pressione o ferimento, para extrair o veneno.

3. Faça compressa de água fria ou aplique gelo.

4. Use analgésico para aliviar a dor. Também podem ser usados cremes de anti-histamínicos ou corticoides tópicos.

5. Não há antídoto específico para o veneno das abelhas, por isso deve-se adotar os cuidados gerais.

6. Se necessário, conduza a vítima ao médico.

7. As pessoas que se sabem alérgicas devem sempre ter consigo comprimidos de anti-histamínicos e uma seringa já carregada com adrenalina, a qual bloqueia as reações anafiláticas ou alérgicas.

8. Pessoas que tenham tido uma grande reação alérgica a uma picada de abelha podem ser submetidas a um processo de dessensibilização, que poderá evitar novas reações no futuro.

Como se proteger das picadas (ferroadas) de abelhas, se tiver de lidar com elas?

• Usar roupas claras, porque as escuras atraem as abelhas.

• Não usar produtos odoríficos, como perfumes, sabonetes, sprays, etc.

• Evitar movimentos bruscos e excessivos nas proximidades das colmeias.

• Não falar alto, porque as abelhas são atraídas por ruídos, principalmente os agudos.

• Evitar operar qualquer máquina barulhenta próximo à colmeia.

• Prestar atenção ao zumbido característico de um enxame.

• Ter cuidado ao entrar em locais que possam abrigar colmeias.

• Observar se há abelhas entrando ou saindo do mesmo lugar.

• Usar repelentes, se não for alérgico a eles. (o de citronela não costuma dar alergia)

• Usar equipamentos adequados para lidar com abelhas.

Como evitar as picadas (ferroadas) de abelhas?

Como regra geral, mantenha-se afastado de todo enxame ou colmeia. Se encontrar alguma, afaste-se imediatamente. Não fique parado, mas não trate de sacudir-se ou afugentá-las, porque os movimentos rápidos e os sons agudos provocam as abelhas. Ao correr, proteja o rosto e os olhos.

Refugie-se em um carro ou numa casa (feche as janelas).

Ao ser atacado, se você não tiver um pano (lenço, toalha, etc.) para cobrir a cabeça, faça-o com a própria camisa. As eventuais picadas nas costas ou no peito que você levar, serão menos graves do que as que ocorreriam no rosto.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Tétano: vamos aprender um pouquinho.





O tétano é uma doença infecciosa grave, não contagiosa, que pode levar à morte. A infecção da bactéria causadora se dá pela penetração, na pele humana, de esporos da bactéria Clostridium tetani, existentes normalmente nas fezes de animas e de humanos e depositados na terra ou na areia.

Esses esporos podem penetrar no corpo por ferimentos acidentais, pela cicatriz umbilical de recém-nascidos ou por ulcerações, arranhaduras ou queimaduras pré-existentes na pele ou mesmo pela picada de um inseto. Em um ambiente anaeróbico (sem oxigênio), a bactéria se desenvolve e passa a produzir duas poderosas toxinas, uma das quais causa o tétano.

As pessoas vacinadas contra a doença estão protegidas, mas as que não tiverem sido vacinadas têm um alto risco de desenvolvê-la.

Quais são as causas do tétano?

O tétano é causado por uma toxina produzida pela bactéria Clostridium tetani. Os esporos dessa bactéria são encontrados em abundância na natureza. Por isso, em geral, os médicos indicam a aplicação rotineira do soro antitetânico nos pacientes que sofrem algum ferimento.
Essa toxina tem afinidade pelo sistema nervoso e, depois de entrar na corrente sanguínea, vai agir nos centros nervosos, produzindo violentos espasmos tônico-clônicos, que podem levar à morte.

Quais são os sinais e sintomas do tétano?

O período de incubação (tempo entre a inoculação e início da doença) dos esporos no organismo pode variar de 3 a 21 dias, sendo mais comum uma média de 8 dias. Quanto mais afastada do sistema nervoso estiver a ferida de entrada, maior será o período de incubação.

O primeiro sinal de tétano é o “trismus”, uma contração involuntária dos músculos das mandíbulas que não permite a abertura da boca. A ele se seguem o “risus sardônico”, consequência de contraturas involuntárias de músculos da face, uma rigidez do pescoço, dificuldade de deglutição, rigidez muscular do abdome e, por fim, opistótono, uma contração muscular generalizada em que o corpo se recurva para trás, arqueando-se como um arco de flecha. O paciente permanece lúcido, sem febre, sua excessivamente, sofre aumento da pressão arterial e taquicardia. Os espasmos maiores duram de três a quatro semanas, mas a recuperação total pode levar meses.

Como o médico diagnostica o tétano?

O diagnóstico do tétano é feito clinicamente pela história médica do paciente e pela captação dos sinais e sintomas característicos da doença.

Como é o tratamento do tétano?

O tratamento do tétano é feito com o doente internado em hospital, de preferência em Unidade de Terapia Intensiva, para administração de imunoglobulina ou soro antitetânico, além de antibiótico venoso e limpeza cirúrgica do ferimento. Pode ser necessário o emprego de respiradores artificiais.

O tempo de internação do paciente com tétano sempre é longo, durando de três a quinze semanas.

Devem ser administrados relaxantes musculares como “curare”, por via intravenosa. Os antibióticos podem ser usados para eliminar as bactérias, mas não têm efeito sobre a toxina que elas já tenham produzido. Os depressores do sistema nervoso central e os ansiolíticos, como o diazepam, também são usados para reduzir a ansiedade e a resposta espástica aos estímulos.

Como a doença não produz imunidade, o doente deve receber o esquema vacinal completo contra o tétano. Devem ser adotados os cuidados gerais determinados pela gravidade de cada paciente.

Como proteger-se contra o tétano?

A única forma eficaz de evitar a doença é a vacinação. A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que a vacina contra tétano seja administrada em três doses aos 2, 4 e 6 meses de idade e com mais dois reforços da vacinação aos 15 meses e entre os 4 e 6 anos.

A toxina produzida pelo Clostridium tetani atua em doses tão pequenas que causa a doença, mas não produz imunidade. A mãe não transmite seus anticorpos aos filhos.

Ao ter qualquer ferimento ou ferida procure mantê-los inteiramente limpos, tomar logo o soro antitetânico e verificar como está a sua vacinação antitetânica.

Como evolui o tétano?

Quem teve tétano uma vez não está isento de tê-lo novamente. Cerca de 30% dos casos são fatais, por asfixia devido às contraturas musculares. Esse índice pode chegar a 80% em recém-nascidos e idosos.

As complicações possíveis da doença incluem espasmos da laringe e das cordas vocais, de músculos do peito e do diafragma, fraturas de ossos longos, por causa dos espasmos violentos e hiperatividade do sistema nervoso autônomo.

sábado, 26 de maio de 2012

Estrongiloidíase




Em 1876, soldados franceses que voltaram do serviço militar na Conchinchina (atual Vietnã) apresentaram em suas fezes diarreicas as formas larvárias de um helminto. Então, um dos médicos responsáveis pelo caso no Hospital Naval em Toulon, França, o Dr. Arthur R. J. Bavay denominou-o Anguillula stercoralis. Entretanto, devido ao complexo ciclo evolutivo, no qual apresenta diversas morfologias, o helminto recebeu diferentes nomenclaturas. Para por um fim a isso, em 1902, Stilles & Hassal finalmente o denominaram com o nome atual, ou seja, Strongyloides stercoralis.

Este, por sua vez, corresponde a um nematódeo intestinal com distribuição geográfica ampla, podendo apresentar três graus quantitativos formulados por Bavay em 1876: esporádica (< 1%), endêmica (1-5%) e hiperendêmica (>5%). A última é a qualificação de muitas áreas do Brasil em relação à infestação por esse parasito, o que valida a experiência de mostrar aos doutores leitores, um pouco das importantes complicações que ele pode acarretar e suas apresentações na vida médica cotidiana.

Biologia:
“As fêmeas partenogenéticas, em seu hábitat normal, localizam-se na parede do intestino, mergulhadas nas criptas da mucosa duodenal, principalmente nas Glândulas de Lieberkühn e na porção superior do jejuno, onde fazem as posturas. Nas formas graves, são encontradas da porção pilórica do estômago até o intestino grosso.” (NEVES, 2005).

Ciclo Biológico:
Primeiramente, devemos atentar-nos ao fato de que a fêmea progenitora dos ovos é triplóide, o que nos fornece a chance de produção de três ovos geneticamente diferentes e, consequentemente, larvas geneticamente diferentes quanto ao número de cromossomos. As larvas são as seguintes: larvas rabditóides triplóides (3n), que se tornam larvas filarióides triplóides infectantes, completando o ciclo; larvas rabditóides diplóides (2n) que originarão as fêmeas de vida livre; e as larvas rabditóides haplóides (n) que darão origem aos machos de vida livre.

Conforme já foi dito acima, existem dois tipos de ciclos biológicos apresentados por esse parasito: o ciclo direto ou partenogenético e o ciclo indireto, sexuado ou de forma livre.

As larvas são expelidas junto às fezes do parasitado.

Diferenças e semelhanças entre os ciclos:

1- Ciclo direto: “as larvas rabditóides triplóides (3n) no solo ou sobre a pele da região perineal, após 24 a 72 horas, transformam-se em larvas filarióides infectantes.”.
(NEVES, 2005)

2-Ciclo indireto: “as larvas rabditóides sofrem quatro transformações no solo e após 18 a 24 horas, produzem fêmeas e machos de vida livre. Os ovos originados do acasalamento das formas adultas de vida livre serão triplóides, e as larvas rabditóides evoluem para larvas filarióides (3n) infectantes.”.
(NEVES, 2005)
As larvas filarióides podem permanecer no solo por até quatro semanas.

3-Fase comum aos ciclos:
As larvas triplóides penetram ativamente na mucosa oral, pele, mucosa esofágica ou gástrica, por meio do uso da liberação de melanoproteases. Algumas delas morrem, entretanto, outras chegam aos vasos linfáticos e venosos, seguindo posteriormente para coração e pulmões. Já nos capilares alveolares, sofrem uma transformação para larva L4 e chegam à faringe. Podem ser eliminadas por expectoração ou serem engolidas, alojando-se no seu hábitat natural, já dito acima. Lá, tornam-se fêmeas partenogenéticas e depositam ovos na mucosa intestinal, gerando, a posteriori, a larva L1. Uma peculiaridade do S. stercoralis é que algumas de suas larvas sofrem uma segunda ecdise ainda dentro do hospedeiro, de modo que elas já se tornam infectantes e penetram na mucosa do intestino grosso do parasitado, gerando uma autoinfecção interna.

Transmissão:
É influenciada por fatores como higiene do paciente e condições sanitárias em que este reside.
Pode se dar de três formas: hetero ou primo-infecção, autoinfecção externa ou exógena e autoinfecção interna ou endógena.

*Autoinfecção interna ou endógena:

Comum em pacientes que se apresentam imunodeprimidos, com exposição à infecção durante um longo período de tempo ou em pacientes que apresentam constipação constante. Ocorre da seguinte forma:

1- Acontece uma segunda ecdise das larvas rabditóides para a forma filarióide (L3) ainda no intestino do paciente;

2- Essas larvas penetram na mucosa intestinal e voltam a adentrar em vasos sanguíneos, repetindo o método de infecção e o ciclo parasitário;
Hiperinfecção: é um aumento do número de parasitos nos locais comum à localização de larvas rabditóides (pulmões e intestino).
Forma disseminada: quando estes parasitos se disseminam para órgãos de localização não inerente à espécie (cérebro, coração, fígado e pâncreas).

*Autoinfecção externa ou exógena:

Comum em pacientes idosos, em crianças e em pacientes internados em uso de fralda. Consiste nos seguintes fatos:

1- Larvas rabditóides presentes nas fezes restantes nos pelos perianais transformam-se em larvas filarióides.

2- Essas, por sua vez, penetram na pele dessa região, completando a reintrodução a um novo ciclo parasitário.

*Heteroinfecção ou primo-infecção:

1- Larvas filarióides infectantes (L3) penetram na pele do hospedeiro. Os passos seguintes a esse acontecimento mostram-se no item FASES COMUNS AOS CICLOS.
Localizações no hospedeiro humano, sinais e sintomas

Geralmente, os indivíduos infectados por este verme não apresentam sintomatologia ou são oligossintomáticos. Entretanto, em pacientes imunodeprimidos ou hiperinfectados, esse parasita alcança taxas de óbito de até 87%.

Essa forma grave relaciona-se com fatores intrínsecos, como subalimentação com carência de proteínas, alcoolismo crônico, infecções associadas, uso de anestesia geral por facilitar a estase bronco pulmonar, uso de quimioterapia, entre outros. E, também com fatores extrínsecos, como carga parasitária.¹

Sua sintomatologia é extensa e se mostra caracterizada no local de apresentação das formas evolutivas do parasito, que são as seguintes:

Cutânea

É rara, entretanto, pode incrementar e facilitar o diagnóstico. Apresenta: edema, prurido, eritema, pápulas hemorrágicas e urticárias. Lesão conhecida como larva currens, que é resultante da migração das larvas filarióides e se mostra como lesões serpiginosas, urticariformes e com prurido. Púrpuras Peri-umbilicais.

Pulmonar

Tosse com ou sem expectoração, febre, dispneia e crises asmatiformes, broncopneumonia, síndrome de Löeffler, edema pulmonar e insuficiência respiratória.

Intestinal

Enterite catarral, enterite edematosa, enterite ulcerosa, dor epigástrica antes das refeições (melhora com a alimentação e piora com o excesso), diarreias, náuseas e vômitos. Perda de peso e sangramento, além de obstrução intestinal.

Disseminada

Nesse caso, os pacientes podem apresentar:

1- quando as larvas atingem os rins: hematúria, proteinúria e larvas na urina.

2- quando as larvas atingem o fígado: larvas no fígado.

3- quando as larvas atingem o cérebro: cefaleias, alterações no estado mental, coma e ataques epileptiformes, meningite (não devido a ele, mas, às bactérias gram-negativas que o Strongyloides carrega).

Além disso, as larvas podem atingir e causar infecções, também em: pâncreas, vesícula biliar, tireóide, adrenais, próstata, glândulas mamárias e linfonodos. No líquido pericárdico também podem ser encontradas larvas.

Diagnóstico
O diagnóstico clínico é dificultado, tendo em vista os poucos sintomas apresentados na forma não disseminada. Entretanto, um paciente asmático que não apresenta resposta satisfatória ao tratamento, é digno de atenção por parte da equipe médica que o assiste.

Dessa forma, podemos citar diagnósticos diferenciais que devem ser eliminados para que se aproxime da correta conclusão do caso, como: ascaridíase, giardíase, pneumonia, urticária, eosinofilia pulmonar tropical, pancreatite e colecistite.

Caso estes já tenham sido devidamente testados, passaremos a realizar repetidos exames de fezes que deverão ser analisados segundo os Métodos de Lutz e de Baermann-Moraes, buscando a presença de larvas.

Já nos casos de estrongiloidíase disseminada, “a chave para o diagnóstico é o alto índice de suspeição clínica, especialmente na presença de imunossupressão.”.
(LUNA, GRASSELLI, ANANIAS E COL.)

Assim, um paciente que apresente qualquer síndrome ou tratamento que ataque o número de linfócitos T deve ser acompanhado com atenção devida aos sintomas aparentes, que são inespecíficos. Entretanto, caso uma dor epigástrica ou pulmonar sem explicação inerente à patologia ou ao tratamento surja, devem-se prestar os devidos cuidados.

Além desses, também podem aparecer: dor e distensão abdominal, desconforto respiratório agudo, tosse, hemoptise, hipoxemia, choque, sepse por bactérias gram-negativas, febre, infiltrado pulmonar e diarreia.

Outros exames podem funcionar no momento em que estamos diante de um quadro de estrongiloidíase, como: busca de larvas na secreção traqueal, no lavado brônquico, no aspirado gástrico ou nas biópsias de tecidos normalmente infestados por elas, como gástrico, jejunal, cutânea e pulmonar.

Já os exames laboratoriais servem apenas como testes complementares quando se pretende formar um diagnóstico. Entre eles, os mais usados são: ELISA, IFI e WB, devido à alta especificidade e sensibilidade.

Epidemiologia
No Brasil, a prevalência é mais alta nos estados de: Minas Gerais, Maranhão, Rio Grande do Norte.²

Além disso, sua notificação não é obrigatória, o que dificulta ainda mais a verdadeira visão epidemiológica sobre o parasito.

Os fatores que favorecem a transmissão de estrongiloidíase são: o solo com presença de fezes de homens e animais, solo arenoso ou areno-argiloso sem incidência solar direta, temperatura entre 25-30ºC, plantações irrigadas com água poluída por fezes, condições sanitárias e ambientais inadequadas, além do não uso de calçados.

Profilaxia e tratamento
A medida profilática que deve ser utilizada é a educação da população sobre os aspectos da doença e sobre hábitos como uso de calçados e lavagem adequada dos alimentos.

A profilaxia em indivíduos imunodeprimidos é a seguinte:
“… recomenda-se o uso profilático de tiabendazol por dois a três dias mensalmente, para evitar a recidiva da estrongiloidíase.”
(NEVES, 2005)

O tratamento em pessoas que não apresentem imunodepressão tem como medicamento de escolha a Ivermectina, por ter baixa toxicidade, além de apresentar menos efeitos colaterais que o tiabendazol e uma melhor erradicação de larvas que o Albendazol. É recomendada uma dose única por 1 ou 2 dias, levando a uma cura de 97% dos casos da doença em sua forma intestinal.

Entretanto, “pacientes com formas disseminadas frequentemente apresentam lesão nos vasos linfáticos intestinais e na mucosa intestinal pelo próprio parasita. Esses fatores somados causam edema na parede intestinal, redução de absorção e íleo, resultando em prejuízo da absorção do anti-helmíntico.” ³, contudo, não existe anti-helmíntico parenteral licenciado para uso em humanos, o que complica o trabalho em caso de formas disseminadas.

Testes estão sendo realizados sobre o uso da Ivermectina parenteral e já geraram artigos na comunidade científica.

Conclusão
Esse helminto apresenta alta prevalência no território nacional e um difícil tratamento depois de estabelecida a fase disseminada. Dessa forma, médicos devem analisar bem os casos e saber o momento de intervenção e o exame a ser requerido a fim de esclarecer as dúvidas, principalmente, quando se trata do Strongyloides stercoralis.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Picada de Escorpíão





Como são e onde estão os escorpiões?

Os escorpiões são animais carnívoros que se alimentam principalmente de insetos. Eles apresentam hábitos noturnos e, durante o dia, se escondem sob pedras, troncos, entulhos, telhas, tijolos e diversos outros locais, onde podem sobreviver vários meses sem alimento e mesmo sem água. Das mais de 1.500 espécies de escorpiões existentes na natureza, só vinte e cinco são encontradas no Brasil e delas apenas cinco são realmente perigosas. Eles só picam as pessoas quando são incomodados por elas.

As principais espécies responsáveis por casos graves no Brasil são os escorpiões amarelos (Tityus serrulatus) e marrons (Tityus bahienses). Ambos podem levar à morte se os indivíduos atacados não forem tratados, devido à alta toxicidade e dependendo da quantidade de veneno injetado. O veneno do escorpião fica localizado em duas glândulas, uma de cada lado da “cauda” do animal e, quando inoculado no homem, interage com componentes das suas células nervosas promovendo uma toxicidade característica. O veneno permanece nessas glândulas até que estas sejam comprimidas por músculos, quando é expelido por um canal que desemboca próximo ao ferrão do animal, o que ocorre quando há necessidade de paralisia de uma presa ou constatação de uma situação de perigo.

Cerca de 65% das picadas ocorre nas mãos e nos antebraços. O índice de mortalidade por picada de escorpião é de cerca de 0,58%, sendo a maior parte das mortes causada pela espécie Tityus serrulatus.

Quais são os sintomas decorrentes da picada de escorpião?

Nos casos em que a ferroada do animal atinge partes com pele mais resistente, como áreas calejadas e solas dos pés, a injeção de veneno é superficial e seus efeitos são minimizados. Pode acontecer também das ferroadas serem assintomáticas quando as glândulas de veneno estão vazias devido ao uso prévio, por exemplo, em uma presa. Mas, se as toxinas forem injetadas pela picada, elas atuarão estimulando as terminações nervosas periféricas e causando dor intensa.

Na maior parte dos casos, os sintomas ficam restritos ao ponto da picada. Em casos mais graves, ocorre a liberação de mediadores químicos como a adrenalina, a noradrenalina e a acetilcolina no organismo da vítima, o que traz outras consequências. A adrenalina e a noradrenalina causam aumento da pressão sanguínea, arritmias cardíacas, vasoconstrição e, eventualmente, insuficiência cardíaca, edema pulmonar e, finalmente, choque. A acetilcolina causa aumento das secreções lacrimal, nasal, salivar, brônquica, sudorípara e gástrica; tremores, contrações musculares involuntárias, miose (contração das pupilas) e diminuição do ritmo cardíaco. Além disso, podem ocorrer vômitos, sudorese, salivação, prostração, convulsão e coma.

A gravidade do acidente e dos sintomas varia em função do tamanho do escorpião, da quantidade de veneno inoculada, da massa corpórea da vítima e de sua sensibilidade ao veneno.

Quais são os primeiros socorros a serem prestados diante de um caso de picada por escorpião?

• Capturar o animal, vivo ou morto, para posterior identificação da espécie, o que permitirá avaliar a gravidade do acidente.

• Manter a vítima calma, deitada e imóvel para que a circulação seja lentificada e dificulte a disseminação do veneno.

• Lavar bem o local da picada com água e sabão.

• Se a picada for nos braços ou nas pernas, mantê-los elevados.

• Aplicar compressas de água fria ou gelo, o que tanto diminui a circulação no local como produz certo nível de anestesia.

• Não fazer torniquetes, espremer, cortar ou perfurar o local, porque isso pode facilitar a disseminação do veneno.

• Não ingerir nenhum alimento nas primeiras oito a doze horas após a picada.

• Como as picadas de escorpião devem ser tratadas?

• Para amenizar a dor, podem ser utilizados analgésicos ou mesmo bloqueios anestésicos locais. Se a vítima apresentar os sintomas descritos, eles devem ser tratados sintomaticamente.

• O soro antiescorpiônico só deve ser aplicado em último caso, pois ele pode gerar distúrbios em pacientes com hipersensibilidade (alergia) e pode até mesmo levar ao óbito. Esse, no entanto, é o único tratamento eficaz para a maioria dos casos graves.

• O serviço de zoonoses de sua cidade ou região deve ser notificado sobre o ocorrido. Isso é de suma importância para alertar a população e guiar medidas e ações de controle e até mesmo para garantir a realidade das estatísticas.

• No Brasil, a frequência de acidentes envolvendo picadas de escorpiões vem aumentando e vem se tornando um problema que preocupa, sobretudo em algumas regiões, como Minas Gerais e São Paulo. Os casos de picadas de escorpião já superam os de picadas de cobras e de aranhas.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Desconfiados





A desconfiança permanente é um sinal inconfundível de paranóia. Pessoas com distúrbio paranóide de personalidade estão constantemente em guarda, por enxergarem o mundo como um lugar ameaçador. Tendem a confirmar suas expectativas, agarrando-se a mínimas evidências que confirmem suas suspeitas, e ignoram ou distorcem qualquer prova em contrário. Estão sempre alertas, procurando sinais de alguma ameaça.

Qualquer pessoa em uma situação nova — nos primeiros dias em um emprego ou iniciando um relacionamento, por exemplo — é cautelosa e de certa forma reservada, até sentir que seus temores são infundados. Pessoas com paranóia não conseguem abandonar seus temores. Continuam a esperar por armadilhas e duvidam da lealdade dos outros. No relacionamento pessoal ou no casamento, essa desconfiança pode apresentar-se sob a forma de ciúme patológico e infundado.

Por estarem excessivamente alertas, as pessoas com distúrbio paranóide de personalidade percebem qualquer minúcia e podem ofender-se sem motivo. Em conseqüência, tendem a ser excessivamente defensivas e hostis. Quando cometem algum erro, não reconhecem a culpa, nem aceitam a mais leve crítica. Entretanto, são extremamente criticas em relação aos outros. Pode-se dizer que tais pessoas fazem “tempestade em copo d’água”.

Além de serem polemistas e irredutíveis, as pessoas com distúrbio paranóide de personalidade têm dificuldade de manter vínculos afetivos. Parecem frias e evitam relacionamentos interpessoais. Orgulham-se de serem racionais e objetivas. Pessoas com uma perspectiva paranóide em relação à vida raramente procuram auxílio médico - não faz parte de sua natureza pedir ajuda. Profissionalmente podem atuar com competência. Pode procurar redutos sociais onde o estilo moralista e punitivo seja aceitável ou, até certo ponto, tolerável.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Septicemia





Septicemia é a invasão sanguínea de todo o organismo por germes patogênicos provenientes de um foco infeccioso pré-existente. É chamada de "infecção generalizada".

Quais são as causas da septicemia?

A septicemia pode se desenvolver a partir de qualquer foco infeccioso por bactérias, vírus ou fungos (pneumonias, infecção do trato urinário, meningite, abscessos, etc.) ou de cirurgias em ambientes contaminados por esses agentes.

Quais são os sinais e sintomas da septicemia?

Os sintomas da septicemia dependem da gravidade da infecção. Muitas vezes as manifestações da enfermidade podem demorar horas ou dias ou às vezes pode deixar o paciente inconsciente rapidamente.

Dependendo da gravidade há febre alta, fraqueza, enjoos, vômitos, diarreia, tremores, arrepios, taquipneia, taquicardia, instabilidade da pressão arterial, alteração do nível da consciência, convulsões, alterações da circulação periférica, manifestações cutâneas, diminuição da urina, hipoglicemia, hipocalcemia e coagulação intravascular disseminada. Como a septicemia afeta todos os órgãos do corpo, há muitos outros sintomas originados em cada órgão afetado. Como podem surgir infecções à distância do foco original, afetando e mesmo causando abscessos em vários órgãos (pulmão, coração, rins, cérebro etc.), os sintomas são relativos ao local da infecção.

Como o médico diagnostica a septicemia?

Radiografias e tomografias computadorizadas podem ajudar no diagnóstico, que deve ser complementado pela punção lombar e pela análise de sangue e urina, quando necessários. As culturas feitas nesses materiais orgânicos permitem identificar o micro-organismo causador e qual o antibiótico mais adequado para cada caso. Devem ser feitos frequentes exames de sangue para acompanhar a evolução e as possíveis complicações da doença.

Como é o tratamento da septicemia?

O tratamento de base é feito com antibióticos. O exame para identificar o micro-organismo causador e determinar qual antibiótico é mais adequado demora cerca de quatro dias para ser liberado. Nesse tempo, o doente deve tomar o antibiótico prescrito pelo médico, o qual se baseia, para sua hipótese etiológica, no local de onde partiu a infecção. Após a liberação do resultado das culturas, ele continuará ou mudará sua conduta, conforme os dados indicarem.

Devido à gravidade da septicemia, ela quase sempre é tratada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde os sinais vitais são monitorados continuamente e são melhor dispensados os cuidados gerais a cada um dos pacientes. Por vezes pode ser necessário alimentar o paciente por uma sonda nasogástrica, realizar hemodiálise ou usar um respirador artificial. No mínimo, faz-se necessário um acesso venoso para a administração de líquidos e sais minerais, de alimentação parenteral e de medicamentos. Também devem ser adotados cuidados especiais com a circulação venosa dos membros inferiores, para prevenir flebites e tromboses.

Como evoluem as septicemias?

Antigamente a maior parte das pessoas com septicemia morria. Mais recentemente, com a descoberta de novos antibióticos e a melhoria dos cuidados hospitalares, esse número reduziu-se muito. Contudo, a septicemia continua sendo uma condição grave, com uma elevada taxa de morte, sobretudo em pacientes imunodeprimidos e/ou idosos.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Depressão Infantil




O Transtorno Depressivo Infantil é um transtorno do humor capaz de comprometer o desenvolvimento da criança ou do adolescente e interferir com seu processo de maturidade psicológica e social. São diferentes as manifestações da depressão infantil e dos adultos, possivelmente devido ao processo de desenvolvimento que existem na infância e adolescência.

A depressão foi considerada a principal doença psiquiátrica do século, afetando aproximadamente oito milhões de pessoas só na América do Norte (onde são feitas as principais pesquisas). A morbidade da depressão se reflete no fato de que os adultos deprimidos são 20 vezes mais propensos a morrer de acidentes ou de suicídio do que adultos sem transtorno psiquiátrico.

Tanto os quadros de Distimia quanto de Transtorno Afetivo Bipolar, podem surgir pela primeira vez durante a adolescência e o reconhecimento precoce de um estado depressivo poderá ter profundos efeitos na futura evolução da doença.

Apesar da tamanha importância da Depressão da Infância e Adolescência em relação à qualidade de vida, ao suicídio, às dificuldades na escola, no trabalho e no ajuste pessoal, esse quadro não tem sido devidamente valorizado por familiares e pediatras e nem adequadamente diagnosticado.

Embora na maioria das crianças a sintomatologia da Depressão seja atípica, alguns podem apresentar sintomas clássicos de Depressão, tais como tristeza, ansiedade, expectativa pessimista, mudanças no hábito alimentar e no sono ou, por outro lado, problemas físicos, como dores inespecíficas, fraqueza, tonturas, mal estar geral que não respondem ao tratamento médico habitual.

Na criança e adolescente a Depressão, em sua forma atípica, esconde verdadeiros sentimentos depressivos sob uma máscara de irritabilidade, de agressividade, hiperatividade e rebeldia. As crianças mais novas, devido a falta de habilidade para uma comunicação que demonstre seu verdadeiro estado emocional, também manifestam a Depressão atípica, notadamente com hiperatividade.

A depressão na criança e/ou adolescente pode ter início com perda de interesse pelas atividades que habitualmente eram interessantes, manifestando-se como uma espécie de aborrecimento constante diante dos jogos, brincadeiras, esportes, sair com os amigos, etc, além de apatia, adinamia e redução significativa da atividade. Às vezes pode haver tristeza.

De forma complementar aparece diminuição da atenção e da concentração, perda de confiança em si mesmo, sentimentos de inferioridade e baixa autoestima, idéias de culpa e inutilidade, tendência ao pessimismo, transtornos do sono e da alimentação e, dependendo da gravidade, ideação suicida.

A Depressão Infantil não se traduz, invariavelmente, por tristeza e outros sintomas típicos. A diferença entre os momentos nos quais as crianças podem estar tristes ou aborrecidas com quaisquer fatores vivenciais que as molestem e a Depressão verdadeira está, principalmente, no tempo e na motivação para esse sentimento. A Depressão Infantil tem sido cada vez mais observada devido, em parte, à atualização conceitual e atenção médica crescente sobre esta doença.

Apesar da Depressão, tanto no adulto quanto na criança, ter como modelo de diagnóstico a conhecida constelação de sintomas, decorrentes da tríade sofrimento moral, a inibição psíquica global e no estreitamento do campo vivencial, as diferentes características pessoais e as diferentes situações vivenciais entre o adulto e a criança, farão com que os sintomas secundários decorrentes dos sintomas básicos sejam bem diferentes. O sofrimento moral, por exemplo, responsável pela baixa autoestima, no adulto pode se apresentar como um sentimento de culpa e, na criança, como ciúme patológico do irmão mais novo.

Nas crianças e adolescentes é comum a Depressão ser acompanhada também de sintomas físicos, tais como fatiga, perda de apetite, diminuição da atividade, queixas inespecíficas, tais como cefaléias, lombalgia, dor nas pernas, náuseas, vômitos, cólicas intestinais, vista escura, tonturas, etc. Na esfera do comportamento, a Depressão na Infância e Adolescência pode causar deterioração nas relações com os demais, familiares e colegas, perda de interesse por pessoas e isolamento. As alterações cognitivas da Depressão infantil, principalmente relacionadas à atenção, raciocínio e memória interferem sobremaneira no rendimento escolar.

Os sintomas mais freqüentes da Depressão na Infância e Adolescência costumam ser os seguintes: insônia, choro, baixa concentração, fatiga, irritabilidade, rebeldia, tiques, medos lentidão psicomotora, anorexia, problemas de memória, desesperança, ideações e tentativas de suicídio. A tristeza pode ou não estar presente.

Hoje em dia a ampliação da constelação sintomática atribuída à depressão infantil tem contribuído, sobremaneira, para a elaboração do diagnóstico e, por causa disso, cada vez mais os distúrbios do comportamento da criança estão sendo relacionados a uma maneira depressiva de viver.

A expressão clínica da depressão na infância é bastante variável. Baseando-se nas tabelas para diagnóstico, revistas por José Carlos Martins, podemos compor a seguinte listagem de critérios:

SINAIS E SINTOMAS SUGESTIVOS DE DEPRESSÃO INFANTIL
1- Mudanças de humor significativa
2- Diminuição da atividade e do interesse
3- Queda no rendimento escolar, perda da atenção
4- Distúrbios do sono
5- Aparecimento de condutas agressivas
6- Auto-depreciação
7- Perda de energia física e mental
8- Queixas somáticas
9- Fobia escolar
10- Perda ou aumento de peso
11- Cansaço matinal
12- Aumento da sensibilidade (irritação ou choro fácil)
13- Negativismo e Pessimismo
14- Sentimento de rejeição
15- Idéias mórbidas sobre a vida
16- Enurese e encoprese (urina ou defeca na cama)
17- Condutas anti-sociais e destrutivas
18- Ansiedade e hipocondria

Não é obrigatório que a criança depressiva complete todos os itens da lista acima para se fazer o diagnóstico. Ela deve satisfazer um número suficientemente importante de itens para despertar a necessidade de atenção especializada. Dependendo da intensidade da Depressão, pode haver substancial desinteresse pelas atividades rotineiras, queda no rendimento escolar, diminuição da atenção e hipersensibilidade emocional. Surgem ainda preocupações típicas de adultos, tais como, a respeito da saúde e estabilidade dos pais, medo da separação e da morte e grande ansiedade.

Além disso, tendo em vista a característica atípica da maioria das depressões na infância, alguns autores começam a pensar neste diagnóstico para outras patologias bem definidas, como é o caso do Déficit de Atenção por Hiperatividade, para certos casos de Distúrbios de Conduta (notadamente a rebeldia, oposição e agressividade) e para os Transtorno Fóbico-Ansioso. Supõe-se haver uma íntima relação entre todos esses quadros citados e, principalmente na ansiedade da infância, quer seja como co-morbidade ou como manifestações clínicas atípicas da Depressão Infantil.

Para o resto da vida?





Falar algumas coisas para alguns pacientes requer algum cuidado, evidentemente.

Dizer para ele, ou para ela, que será necessário tomar um determinado medicamento pelo restante da vida é algo que, algumas vezes, pode trazer algum tipo de desconforto na consulta.

Ainda que este medicamento seja a “salvação” para que o paciente fique bem e tenha uma boa qualidade de vida!

Há uma rejeição curiosa por parte de muitas pessoas em precisar tomar algo que lhe ajuda “pelo resto da vida”, mesmo que esse “resto da vida” seja algo não tão longo, como em um paciente de noventa e poucos anos.

Em primeiro lugar, ninguém pensa em morrer “logo”. Natural. Quem quer partir dessa vida, a não ser que cultive secretamente ou não pensamentos suicidas?

Em segundo lugar, parece que (é uma impressão, posso estar sendo muito contido nela) TER de tomar um medicamento para o “resto da vida” é como ter um marcador de que a vida não é longa, isto é, o medicamento está denunciando uma falência orgânica que anuncia um final.

Não se pensa que a medicina e que a ciência farmacêutica têm feito verdadeiros milagres para associar “drogas” (no BOM sentido) com saúde.

Mesmo pensando que há custos, que há efeitos colaterais, que é necessária disciplina, o retorno é bom. Melhora as condições da vida da pessoa.

E não se trata de tomar apenas os “medicamentos psiquiátricos”, como aqueles destinados à depressão, ansiedade, transtorno bipolar, esquizofrenia, etc. e tal. Nada disso!

A rejeição ocorre com medicamentos para a pressão arterial, para o diabetes, para gastrite, para vertigens, para dores (até para dores!), para doenças crônicas em geral e por aí vai....

Claro, não é com todos os pacientes que isso acontece! Felizmente trata-se de uma minoria, mas, a mim parece que o comportamento de rejeição a medicamentos vem se alastrando paulatinamente.

A internet pode ter algo a ver com isso, em função do “profundo conhecimento” que divulga sobre TUDO!

Mas a postura de personalidade é mais importante e a resistência esbarra em vários fatores que mantêm as pessoas, de alguma maneira, distante de médicos (muitas vezes com razão) e de tratamentos (também, algumas vezes com razão).

Eu acredito que é necessário que o médico seja mais próximo do paciente. Que se disponha a conversar, raciocinar junto, mostrar interesse pelo problema do paciente, enfim, manter diálogo, ser gentil, na medida do possível.

Como diz um amigo meu, o médico precisa ser duro e doce, como a rapadura.

Duro para prescrever o que é efetivamente necessário para o paciente.

Doce ao conversar explicando todos os prováveis prós e contras de um tratamento.

E o paciente necessita ir para a sua consulta, munido de desejo de se tratar, de “bons ouvidos” para escutar as recomendações que irá ouvir.

Os dois lados, enfim, devem prestar reciprocidade e ter abertura mental no diálogo que irão efetivar.

Mas, há muito o que refletir sobre esse assunto...

sábado, 19 de maio de 2012

Autismo: conhecimentos gerais.





O autismo parece ser uma disfunção cerebral que se reflete no desenvolvimento global e que afeta a capacidade de comunicação, a socialização e o comportamento adequado ao ambiente.

Algumas crianças autistas apresentam inteligência e fala normais, mas outras apresentam problemas no desenvolvimento dessas áreas. Alguns parecem isolados e distantes e outros parecem presos a padrões de comportamento rígidos e restritos. Se, por exemplo, uma criança autista fica isolada em seu canto observando as outras crianças brincarem, não é necessariamente porque ela não está interessada nessas brincadeiras, pode ser que ela tenha dificuldade de manter uma conversação.

Quando adultos, os problemas de comunicação e socialização dos autistas causam frequentes dificuldades em várias áreas da vida e eles precisam de encorajamento e apoio na sua luta por uma vida independente.

Um mito comum consiste em crer que a pessoa autista tenha um retardo mental ou que apenas saiba poucas palavras. Isto até acontece, mas nem todos os autistas são assim. Na verdade, alguns indivíduos com autismo possuem inteligência acima da média.

Quais são as principais características das pessoas autistas?

Nem todos os autistas exibem as mesmas características e nem elas têm a mesma intensidade em todos eles, o que faz com que cada caso seja diferente de outro.
Segundo a Sociedade Americana de Autismo, os indivíduos autistas exibem pelo menos metade das seguintes características:

1. Dificuldade de relacionamento com outras pessoas.

2. Riso inapropriado ou imotivado.

3. Pouco ou nenhum contato visual com as outras pessoas.

4. Aparente insensibilidade à dor.

5. Isolamento, modos arredios, solidão.

6. Brincar de forma inadequada ou bizarra com os objetos.

7. Fixação inapropriada e esdrúxula em objetos.

8. Extrema hiperatividade ou inatividade. Problemas de sono.

9. Falta de reação aos métodos de ensino. Muitos precisam de material adaptado.

10. Resistências às mudanças de rotina.

11. Falta de consciência das situações que envolvem perigo.

12. Poses e comportamentos bizarros.

13. Ecolalia (repetição de palavras ou frases ouvidas).

14. Recusa de colo ou afagos. Bebês preferem ficar no chão que no colo.

15. Age como surdo, não respondendo nem mesmo se chamado pelo próprio nome.

16. Dificuldade em expressar necessidades pela fala ou por gestos.

17. Acessos de raiva, sem razão aparente.

18. Habilidades motoras especiais, por exemplo, não chutar uma bola, mas empilhar blocos.

19. Hipo ou hipersensibilidade sensorial.

20. Não mantém nenhuma referência social (adulto, pai, mãe, etc.).

Quais são as causas do autismo?

Não há uma causa única do autismo que, por sua vez, parece não ser também uma entidade única.

Cada pessoa tem diferentes características, com diferentes intensidades. O autismo parece obedecer a uma combinação de fatores genéticos e ambientais.

Do lado genético, pode-se mostrar uma grande coincidência da doença em gêmeos (60 a 90% de chance em gêmeos idênticos; aproximadamente 3% em gêmeos não idênticos). Pais que têm um filho autista têm de 2 a 8% de chance de ter outro filho com essa mesma condição (75 vezes maior que na população geral). Além disso, os membros de famílias com crianças autistas estão mais sujeitos a terem outros transtornos neuropsíquicos, como atrasos na linguagem, dificuldades sociais e transtornos mentais.

Do lado ambiental, têm sido associadas ao autismo as infecções virais e a exposição a substâncias como o mercúrio, o chumbo ou o difenilpoliclorinado. Algumas pesquisas apontam a exposição pré-natal a substâncias como talidomida ou o ácido valproico. A vacina tríplice chegou a ser relacionada com o autismo, mas atualmente não se crê nisso, embora a discussão sobre vacinas e autismo ainda continue.

Como diagnosticar o autismo?

O diagnóstico do autismo é eminentemente clínico. Não existem testes, escalas ou marcadores capazes de estabelecer em definitivo o diagnóstico. Algumas características comportamentais do autismo já podem ser notadas aos 12-24 meses de idade, mas tornam-se mais evidentes depois dos três anos.

O diagnóstico preciso deve ser realizado por um profissional qualificado, baseado no comportamento, observação clínica e informações dos familiares. Recomenda-se atentar bem para a história médica pregressa, a história familiar de doenças neurológicas, psiquiátricas ou genéticas, realizar avaliações complementares e investigar a presença de comorbidades. Muitas vezes, o autismo pode ser facilmente confundido com outras síndromes ou com outros transtornos globais do desenvolvimento, pelo fato de não haver aspectos sindrômicos específicos.

Exames do nível mental ou de fonoaudiologia podem ser realizados para descartar (ou confirmar) transtornos auditivos ou intelectuais.

Como o autismo deve ser tratado?

Existem diversas abordagens psicológicas e comportamentais, algumas melhor embasadas cientificamente que outras. O tratamento do autismo depende da gravidade do transtorno.

Em crianças pequenas, normalmente a prioridade do tratamento é o desenvolvimento da fala e da interação familiar e social. Com adolescentes, o tratamento é voltado para o desenvolvimento de habilidades sociais e de uma sexualidade saudável. Com adultos, o foco é o desenvolvimento da autonomia e o ensino de regras de convivência.

Os indivíduos com autismo têm uma expectativa de longevidade normal e algumas formas de autismo podem exigir acompanhamento pelo resto da vida. Na verdade, o autismo nunca desaparece completamente, mas os cuidados adequados podem tornar o indivíduo tão adaptado socialmente que os traços autísticos ficam imperceptíveis para aqueles que não conheçam a trajetória de desenvolvimento desses indivíduos.

Um tratamento adequado deve levar em consideração os transtornos eventualmente associados a cada caso. A terapêutica pressupõe uma equipe multi e interdisciplinar – pediatra, psiquiatra, psicólogo, fonoaudiólogo, pedagogo, terapeuta ocupacional. O sucesso do tratamento depende igualmente do empenho e qualificação desses profissionais e dos estímulos feitos pelos cuidadores no ambiente familiar.

O quadro clínico do autismo não é estático e alguns sintomas modificam-se com o tempo e outros podem amenizar ou desaparecer e novas características podem surgir com a evolução do indivíduo.

Os medicamentos continuam sendo importantes em um programa de tratamento, porém nem todos os indivíduos autistas necessitarão deles. Medicamentos que atuam na dopamina e serotonina podem ajudar em alguns sintomas como redução de estereotipias, retraimento social e comportamento agressivo ou autoagressivo.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Doenças Modernas





Um em cada três adultos tem hipertensão arterial e um em cada dez adultos tem diabetes mellitus, de acordo com relatório da OMS.

Hipertensão arterial e diabetes mellitus estão aumentando mundialmente. O relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), The World health statistics 2012, divulgado hoje, ressalta o crescente problema do aumento de doenças não contagiosas.

Um em cada três adultos no mundo inteiro, de acordo com os novos dados, tem pressão arterial aumentada (hipertensão arterial) - uma doença que provoca cerca de metade de todas as mortes por derrame cerebral e doenças cardíacas. Um em cada dez adultos tem diabetes mellitus. Isso ocorre sobretudo em países de baixa e média renda, diz a Dra. Margaret Chan, Diretora Geral da OMS.

Pela primeira vez, o relatório da OMS incluiu informações de 194 países sobre a porcentagem de homens e mulheres com pressão arterial elevada e com alterações nos níveis de glicose no sangue.

Em países de alta renda, o diagnóstico precoce e o tratamento generalizado com medicamentos de baixo custo reduziram significativamente a pressão arterial média entre as populações - e isso tem contribuído para uma diminuição das mortes por doenças do coração. Na África, no entanto, estima-se que mais de 40% (e até 50%) dos adultos estejam com a pressão sanguínea elevada. A maioria dessas pessoas permanece sem diagnóstico, apesar de muitos destes casos poderem ser tratados com medicamentos de baixo custo, o que reduziria significativamente o risco de morte e de invalidez por doença cardíaca e derrame.

Embora a prevalência média global de diabetes mellitus seja de cerca de 10%, em alguns países do Pacífico esta prevalência é bem maior. Se não for tratada, a diabetes pode levar a doenças cardiovasculares, cegueira e insuficiência renal.

A obesidade é outra questão importante. Hoje, cerca de meio bilhão de pessoas são consideradas obesas. Os níveis mais elevados de obesidade foram observados nas Américas (26% dos adultos) e os mais baixos no Sudeste da Ásia (3% dos adultos). Em todas as partes do mundo, as mulheres são mais propensas a serem obesas do que os homens e, portanto, possuem maior risco de diabetes, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer.

Doenças não transmissíveis atualmente causam quase dois terços de todas as mortes no mundo. O desafio em curso é o desenvolvimento de um processo de acompanhamento global e um conjunto de metas de prevenção e de controle dessas doenças.

Algumas das principais tendências no relatório deste ano são:

• Mortalidade materna: de 1990 a 2012, houve uma queda de 47% na mortalidade materna. Um terço dessas mortes maternas ocorre em apenas dois países - Índia, com 20% do total mundial e Nigéria, com 14%.

• Mortalidade em crianças: dados mostram que os avanços na saúde pública têm ajudado a salvar vidas de crianças na última década. O número de mortes de crianças reduziu de quase 10 milhões de crianças menores de 5 anos, em 2000, para 7,6 milhões de mortes anuais em 2010. O declínio nos números de mortes por doenças diarreicas e sarampo tem sido particularmente notável.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Glomerulonefrites





O que são glomerulonefrites?

Glomerulonefrites são afecções inflamatórias não infecciosas que acometem os glomérulos renais. Glomérulos são emaranhados capilares microscópicos dos rins, que filtram o sangue, retendo substâncias necessárias ao organismo e eliminando outras sob a forma de urina.

As glomerulonefrites são ditas primárias se aparecem isoladamente e secundárias quando são consequência de doenças sistêmicas, como hipertensão arterial, lúpus ou diabetes, por exemplo, ou do uso de determinadas medicações. Cada uma delas comporta, ainda, várias formas histológicas.

Esta patologia pode ser aguda ou crônica, afetar somente alguns glomérulos ou a totalidade deles e em cada um deles pode haver um comprometimento total ou parcial. Embora possa haver várias formas de glomerulonefrites, todas têm em comum o fato de prejudicarem a filtração da urina.

Quais são as causas das glomerulonefrites?

As glomerulonefrites são consequência da deposição de substâncias fabricadas como uma resposta anormal do sistema de defesa do organismo nos glomérulos, alterando a sua morfologia e o seu funcionamento. Essas substâncias se formam em partes distantes do corpo como, por exemplo, um antígeno liberado por alguma bactéria e são transportadas pela corrente sanguínea até os rins.

Assim, mesmo infecções simples, como as de garganta, podem causar a doença.
As glomerulonefrites também podem ser consequência de outros distúrbios imunológicos, de doenças vasculares ou metabólicas ou de algumas condições hereditárias.

Quais são os sinais e sintomas das glomerulonefrites?

Algumas glomerulonefrites permanecem assintomáticas por algum tempo e quando os sintomas aparecem, eles podem variar muito. A agressão glomerular pode levar à perda de proteínas (proteinúria) e sangue (hematúria) pela urina, queda da filtração glomerular (oligúria), retenção de sódio e hipertensão arterial.

Essas condições se combinam de maneira variada dando origem a uma das duas situações:

• Síndrome nefrítica: caracterizada pelo aparecimento de edema, hipertensão arterial e hematúria.

• Síndrome nefrótica: caracterizada por proteinúria, edema, hipoalbuminemia e hipercolesterolemia.

Nas glomerulonefrites secundárias, em consequência da proteinúria, a urina se torna espumosa.

Como o médico diagnostica as glomerulonefrites?

Uma história clínica bem feita é o primeiro passo na direção de um diagnóstico correto. Ela deve ser complementada por exames laboratoriais de urina e de sangue. Exames de imagens, como radiografia, tomografia e ultrassonografia podem ser úteis. A certeza diagnóstica só é dada por meio da biópsia renal, a qual deverá ser realizada quando muito necessária. Um nefrologista pode avaliar a indicação da biópsia e dos demais exames.

Como é o tratamento das glomerulonefrites?

Em alguns casos, o tratamento pode ser feito sem o uso de medicamentos. Em outros, aconselha-se diuréticos, anti-inflamatórios e imunossupressores inespecíficos. Em ambos os casos, deve-se diminuir a ingestão de proteínas, de sal e de líquidos e manter a pressão arterial sob controle.

Os medicamentos para o tratamento das enfermidades de base devem ser rigorosamente usados.

Como evolui a glomerulonefrite?

A evolução da doença varia muito, desde a remissão espontânea até uma evolução rápida, agressiva, que acaba por levar à insuficiência renal e exigir diálise peritoneal ou transplante de rins.

Vários fatores interferem no prognóstico. Algumas dessas nefropatias são naturalmente mais benignas. A glomerulonefrite lúpica e as glomerulonefrites secundárias geralmente evoluem mal, se não tratadas a tempo.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Nefrite





O que é nefrite?

A nefrite é um processo inflamatório que afeta os tecidos e algumas estruturas renais. Ela se deve, em geral, à atuação sobre os rins de produtos fabricados pelo sistema imunológico em resposta a algum elemento agressor do organismo. Quando um elemento agressor (antígeno) atinge o organismo, ele fabrica um anticorpo para se defender. Esse elemento agressor pode ser, por exemplo, uma infecção simples. Esses dois elementos (antígeno-anticorpo) se unem, formando um complexo que é carreado pelo sangue e depositado nas estruturas dos rins, danificando-as. Quando as lesões atingem apenas os glomérulos, a enfermidade é chamada glomerulonefrite.

Quais são as causas da nefrite?

As nefrites podem ser causadas por infecções (malária, tifo, salmonela, toxoplasmose, herpes e outros vírus e bactérias) que provocam a formação do complexo antígeno-anticorpo e que o precipitam nos rins. Outras causas são afecções não infecciosas ou por medicamentos que liberam antígenos e desencadeiam um idêntico mecanismo imunológico.

Quais são os sinais e sintomas da nefrite?

Os primeiros sinais e sintomas que fazem suspeitar de uma nefrite aguda são relacionados a alterações da urina, tais como, diminuição da urina e cor sanguinolenta. Podem ocorrer edema nos olhos e nos membros inferiores e hipertensão arterial.
As nefrites crônicas podem ser assintomáticas por algum tempo, embora as lesões renais estejam progredindo silenciosamente nesse período. Quando uma lesão renal significativa já se estabeleceu há, além da hipertensão arterial e de edema dos membros inferiores, perda de apetite, náuseas, vômitos, fadiga, insônia, pruridos e câimbras.

Como o médico diagnostica a nefrite?

O diagnóstico deve começar pela tomada de uma boa história da doença e pela captação dos sinais clínicos pertinentes. Cabe ao médico, com a ajuda de exames laboratoriais, descobrir a causa da nefrite, se infecciosa ou não.

Na nefrite aguda os dados clínicos e laboratoriais são muito nítidos e definitivos e na fase crônica podem haver sinais clínicos e laboratoriais de insuficiência renal crônica.
Somente uma biópsia renal pode confirmar o diagnóstico e determinar o nível de gravidade da enfermidade.

Como é o tratamento da nefrite?

Na fase aguda de nefrite causada por uma infecção, por exemplo, o mais importante é manter os rins num certo “repouso”, evitando-se grandes aportes de água e de sódio. Enquanto isso, a infecção deve ser adequadamente tratada. Numa fase posterior, podem ser usados anti-inflamatórios e imunossupressores.

Como evolui a nefrite?

Não existe um tratamento específico para a nefrite. As lesões nas formas agudas costumam regredir completamente no prazo de um ano, mas as lesões da fase crônica podem progredir insidiosamente.

Tanto nas formas agudas como nas formas crônicas a pressão arterial deve ser mantida dentro do normal, porque uma pressão arterial alta contribui para danificar ainda mais os rins.

Uma dieta pobre em sódio, potássio e proteínas deve ser mantida, transitória ou definitivamente.

Se a insuficiência renal for muito intensa, a diálise peritoneal (http://drcarlosrey.blogspot.com.br/2012/05/dialise-peritoneal.html) pode tornar-se impositiva.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Psicose reativa





O que é a psicose reativa?

Como o próprio nome indica, as psicoses reativas são constituídas pelo aparecimento abrupto de sintomas psicóticos motivados por um fator psicossocial estressante. Na verdade, essas reações são determinadas não só pelas situações traumáticas, mas também pelas disposições pré-existentes da personalidade. No entanto, os fatores ambientais detêm maior importância como evento causal. Melhor seria pensar nos fatores externos como desencadeantes de um surto psicótico agudo.

As psicoses reativas representam uma falência aguda da capacidade de adaptação a uma situação difícil. Deve ser enfatizada a possibilidade de ganho emocional (primário ou secundário) com a eclosão do surto psicótico agudo.

Quais os principais sintomas das psicoses reativas?

As psicoses reativas têm início súbito dos sintomas e retornam à normalidade em tempo relativamente curto. (Em geral, menor que um mês). O comportamento adquire posturas peculiares, trejeitos, gritos ou mutismo completo. Frequentemente ocorre desorientação, confusão mental, distúrbios de memória, fabulações, alucinações, delírios, etc. São frequentes as modificações rápidas de humor, a perplexidade e a regressão. O comportamento catatônico ou desorganizado é comum e isso pode confundir com os casos de simulação ou de histeria.

Podem existir traços de personalidade sugestivos de algum distúrbio psíquico, previamente ao fator desencadeante. O aparecimento da sintomatologia segue-se ao fator estressor em poucas horas e não duram mais de um mês.

Qual o prognóstico das psicoses reativas?

Normalmente as psicoses reativas são inteiramente reversíveis, sem deixar sequelas. Os seguintes dados indicam um prognóstico favorável:

• Boa adaptação emocional antes do surto.

• Grande intensidade do fator precipitante.

• Aparecimento repentino dos sintomas.

• Presença de depressão.

• Confusão e perplexidade durante a crise.

• Pouco empobrecimento afetivo.

• Curta duração dos sintomas.

• Falta de tendência hereditária para a esquizofrenia.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Formigas podem ser vetores de micobactérias







No Centro de Referência Professor Hélio Fraga da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP) ocorreu a sessão científica “Avaliação de formigas como vetor mecânico de micobactérias em hospital especializado no atendimento de doentes de tuberculose”.

Um dos trabalhos apresentados confirmou a presença de micobactérias veiculadas por formigas no ambiente hospitalar, representando potencial vetor mecânico destas para pacientes e profissionais de saúde.

Segundo se sabe, a urbanização desencadeia a disseminação de artrópodes e, consequentemente, de doenças veiculadas por eles. As formigas são muito adaptáveis e se beneficiam com a convivência humana.

Nos hospitais, elas podem ser vetores mecânicos de inúmeras bactérias, e a diversidade de espécies encontradas nestes ambientes causam preocupação pelo risco potencial à saúde pública.

Algumas espécies de formigas são atraídas por instrumentos cirúrgicos e material hospitalar estéril. As formigas são prováveis vetores de microrganismos patogênicos e resistentes a antibióticos. As infecções hospitalares podem ser atribuídas à presença de formigas.

Os objetivos do presente estudo foram verificar a presença e determinar as espécies de formigas encontradas em um específico ambiente hospitalar; verificar a contaminação de formigas com espécies de micobactérias, coletadas em hospital especializado em tratamento de tuberculose e identificar as espécies de micobactérias isoladas a partir de formigas através de métodos de biologia molecular.

Para realizar esse estudo foram realizadas seis coletas de formigas em diferentes áreas do hospital, no período de 2009 a 2010 (203 coletas no verão e 44 no inverno), semeadas em meios de cultura Löwenstein-Jensen e Stonebrink para isolamento de micobactérias. As culturas sugestivas foram submetidas à coloração de Ziehl-Neelsen para bacilos álcool-ácido resistentes, identificação por métodos moleculares PRC para o gênero Mycobacterium, (PRA-hsp65 com o par de primers TB11 e TB12 gênero-específico e sequenciamento genético do DNA).

Do total de 247 amostras de formigas coletadas e semeadas, 70% das formigas pertenciam à espécie Tapinoma Melanocephalum, 25% à espécie Dorymyrmex sp, 3% à espécie Camponotus sp e 2% à espécie Pheidole sp, dados similares com as pesquisas realizadas em hospitais.

Quinze amostras apresentaram bacilos álcool-ácido resistentes de crescimento rápido. Nos métodos moleculares, 12 pertenciam ao gênero Mycobacterium. No PRA-hsp 65, e no sequenciamento genético do DNA, quatro amostras foram identificadas quanto à espécie (duas Mycobacterium chelonae, uma Mycobacterium parafortuitum e uma Mycobacterium murale), quatro micobactérias com resultados idênticos no PRA e não identificadas no sequenciamento e sugestivas de uma nova espécie, e duas amostras não identificadas. Mycobacterium chelonae isolada nesta pesquisa foi previamente descrita como agente causador de abscessos em humanos.

Os resultados do estudo confirmaram a presença de micobactérias veiculadas por formigas no ambiente hospitalar, representando potencial vetor mecânico destas para pacientes e profissionais de saúde, principalmente em infecções hospitalares.

Fontes:
Fiocruz
ENSP

sábado, 12 de maio de 2012

Lúpus eritematoso





O que é lúpus eritematoso?

O lúpus eritematoso sistêmico (LES ou lúpus, simplesmente) é uma doença autoimune de causa desconhecida, que pode afetar qualquer parte do corpo e que resulta em inflamação e dano tecidual.

A doença é bem mais frequente em mulheres do que em homens (9 para 1) e surge geralmente entre os 15 e os 50 anos de idade, sendo mais comum na raça negra. Predomina nos países tropicais, onde a luz solar é mais forte.

Há duas formas da doença: a discoide e a sistêmica. A forma discoide sempre é limitada à pele e a forma sistêmica pode afetar também órgãos internos e, por isso, costuma ser mais grave. Em alguns casos (cerca de 10%), o lúpus discoide pode evoluir para o lúpus sistêmico.

O lúpus cursa com períodos de inatividade, que podem durar anos. Ele não é transmissível de uma pessoa para outra. Suas manifestações variam muito em diferentes doentes. Há casos simples, que exigem intervenções médicas mínimas e outros, graves, com danos a órgãos vitais.

Quais são as causas do lúpus eritematoso?

O aparecimento e a evolução da doença estão ligados à predisposição genética e a certos fatores ambientais, como a exposição à luz ultravioleta, o uso de alguns medicamentos, presença de vírus, bactérias e ao hormônio estrogênico. Com o passar do tempo, as reações imunológicas causam a formação de complexos antígeno-anticorpos e a fixação de complementos que causam lesões teciduais, além da citotoxicidade mediada por anticorpos diversos.

Quais são os sinais e sintomas do lúpus eritematoso?

Os sinais e sintomas do lúpus eritematoso são muito variáveis e dependem da gravidade e localização das lesões. Em geral, eles são intermitentes, o que dificulta o diagnóstico precoce.

Os sintomas mais comuns são febre, mal-estar, inflamação nas articulações, nos pulmões e nos gânglios linfáticos, dores pelo corpo, manchas avermelhadas na pele e aftas.

Cerca de 30% dos pacientes sofrem de sintomas dermatológicos permanentes, enquanto 65% deles apenas sentem estas manifestações em momentos determinados. Alguns pacientes apresentam espessamento da pele ou manchas vermelhas. A mancha que atinge o nariz e as bochechas, em forma de asa de borboleta, é típica do lúpus.

Quais são os transtornos associados ao lúpus?

Manifestações musculoesqueléticas, sob a forma de dores articulares, atingem cerca de 80% dos pacientes. Contudo, a artrite lúpica apresenta menor risco de incapacidade motora que a artrite reumatoide e geralmente não causa graves danos às articulações. As manifestações hematológicas mais comuns são anemia e baixa de leucócitos e de plaquetas. Podem ocorrer infecções cardíacas, como pericardites, endocardites e miocardites. A aterosclerose parece ser mais frequente nas pessoas com lúpus do que na população geral. Além desses sintomas, podem também ocorrer problemas neuropsiquiátricos como ansiedade, depressão, somatização e/ou distúrbios cognitivos.

São raros os casos de confusão mental, psicoses ou convulsões, mas são frequentes os comprometimentos renais. Podem ocorrer também fotossensibilidade e úlceras de mucosa.

Como o médico diagnostica o lúpus eritematoso?

Além da história da doença, que pode criar uma primeira suspeita, há exames de anticorpos altamente específicos, que selam o diagnóstico. Alguns sinais clínicos também sugerem a doença: vermelhidão característica no nariz e face, geralmente em forma de "asa de borboleta", lesões cutâneas discoides, dor, edema, serosites, etc.

Como é feito o tratamento do lúpus eritematoso?

O lúpus eritematoso não tem cura, mas seus sintomas podem ser controlados ou diminuídos por intermédio de medicações. É possível também tratar as complicações da doença. As infecções podem requerer antibióticos, a febre isolada pode ser tratada com aspirina ou anti-inflamatórios não-hormonais. Corticoides e imunossupressores podem ser indicados nos casos mais graves ou em fases de recrudescimento da doença. No caso de lesões cutâneas disseminadas é recomendado o uso de antimaláricos como a cloroquina.

As gestantes portadoras de lúpus necessitam de um acompanhamento médico rigoroso durante a gravidez, visto que a doença pode atingir também o feto em gestação.

Vacinas com vírus vivos não devem ser prescritas a pacientes com lúpus, já as vacinas contra pneumonia e gripes são comprovadamente seguras.

Como evolui o lúpus eritematoso?

Atualmente ainda não há cura para o lúpus eritematoso, mas ele é tratável sintomaticamente com corticoides, imunossupressores e outras medicações. O lúpus pode apresentar complicações fatais que, no entanto, são cada vez mais raras. A taxa de sobrevivência para pessoas com lúpus é de aproximadamente 95% em cinco anos, 90% em 10 anos e 78% em 20 anos.

Quais são as recomendações básicas para um paciente com lúpus?

• Usar protetores solares durante todo o dia.

• Não tomar anticoncepcionais. Os estrógenos podem agravar a doença.

• Se desejarem engravidar, as pacientes com lúpus precisam manter acompanhamento médico estrito.

• Não usar álcool, cigarro ou outras drogas.

• Manter atividades físicas regulares.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Diálise peritoneal





Os rins têm a função de eliminar substâncias tóxicas ao organismo, através da urina. Quando eles adoecem e deixam de cumprir temporária ou definitivamente essa função, ela tem de ser feita pela diálise peritoneal, pela hemodiálise ou, em última instância, pelo transplante renal.

A diálise peritoneal é um processo artificial de filtração do sangue através do peritônio, em substituição aos rins. A hemodiálise, por sua vez, visa os mesmos objetivos, mas a filtração se faz por meio de circulação extracorpórea, utilizando um filtro mecânico instalado em uma máquina. Geralmente esses procedimentos terapêuticos só são indicados em insuficiências renais avançadas, não controláveis por outros meios.

O peritônio é uma membrana semipermeável existente no abdome, rica em vasos sanguíneos, que no processo é colocada em contato com uma solução de diálise, artificialmente introduzida na cavidade abdominal. Através do peritônio dão-se as trocas químicas que eliminam as substâncias nocivas ao organismo contidas no sangue, as quais normalmente deveriam ser eliminadas pelos rins. Com o passar do tempo, contudo, a membrana peritoneal se altera, a filtração fica progressivamente mais difícil e o paciente tem de passar da diálise peritoneal para a hemodiálise ou fazer o transplante renal.

Como se procede à diálise peritoneal?

Uma solução dialisadora é introduzida no abdome por meio de um cateter e deve permanecer lá por algumas horas. O sangue circulante que entra em contato com ela faz trocas, eliminando certas escórias orgânicas. Após algum tempo, a solução é renovada, por meio de drenagem feita pelo mesmo cateter e é reintroduzida uma porção nova da solução, o que é conhecido como ciclo da diálise.

O tipo de diálise e o número de ciclos adequados para cada paciente devem ser determinados pelo médico (nefrologista), segundo as especificidades de cada um dos pacientes. Uma vez colocado o cateter, a diálise peritoneal pode ser conduzida pelo próprio paciente, em casa ou no local de trabalho, por exemplo. Só algumas poucas diálises, mais complexas, exigem hospitalização. O líquido para infusão vem acondicionado em bolsas plásticas que podem ser facilmente conectadas ao cateter e as trocas realizadas de 3 a 6 vezes por dia.

Como evolui a diálise peritoneal?

Muitas pessoas se submetem à diálise peritoneal durante anos, sem complicações, mas em alguns casos podem acontecer hemorragias no ponto de introdução do cateter, perfuração acidental de um órgão interno, extravasamento ou obstrução do líquido de diálise ou infecções. Podem ainda ocorrer complicações mais raras, como esclerose peritoneal com obstrução intestinal, hipotireoidismo, hérnias inguinais e convulsões.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Anorexia mental





O que é anorexia mental?

A anorexia mental é um tipo de desordem alimentar de natureza psicológica que implica numa severa restrição de alimentos com a justificativa irracional de emagrecer, mesmo numa pessoa já anormalmente magra. Às vezes se associam outras providências com a mesma finalidade irrazoável: provocar vômitos, exagerar em exercícios, tomar pílulas para reduzir o apetite, usar diuréticos, laxantes ou enemas.

A pessoa que sofre de anorexia mental tem um distúrbio da imagem corporal e embora muito emagrecida, crê-se gorda. A questão do emagrecimento se torna uma obsessão invencível e pode conduzir à privação de alimentos e até mesmo à morte.

Quais são as causas?

Até o momento, nenhuma causa definitiva foi determinada para anorexia mental. Alguns estudos sugerem uma participação genética hereditária. Outros estudos apontam a possibilidade de uma disfunção hipotalâmica ou nos neurotransmissores cerebrais. Problemas alimentares na infância precoce e depressões da mãe parecem aumentar o risco. Excesso de sentimentos negativos, exigências muito pesadas sobre as crianças, perfeccionismo exagerado ou crianças que tenham sofrido abusos, são fatores que também parecem contribuir. Outras razões, de diversas ordens, parecem estar implicadas na eclosão da anorexia mental. Quase sempre (cerca de 95% dos casos) a pessoa afetada é uma adolescente ou uma mulher jovem, mas também pode ocorrer em crianças, em adultos e no sexo masculino. Os caucasianos são mais afetados que pessoas de outras raças, a condição incide mais nas classes econômicas superiores que nas outras e nas pessoas para quem o peso corporal é uma questão essencial, como modelos, atletas, dançarinos, etc.

Quais são os sinais e sintomas?

Os principais sinais e sintomas da são um intenso medo de ganhar peso, contra todas as evidências em contrário, provocação de vômitos após alimentar-se, emagrecimento extremo e desnutrição (e suas complicações), imagem corporal distorcida, desconhecimento da gravidade do problema, amenorreia. As unhas e os cabelos ficam frágeis e a pele torna-se seca e amarelada e pode desenvolver lanugos (finos fios de cabelo, como dos recém-nascidos). A pessoa chega a pesos incrivelmente baixos.

Como o médico diagnostica?

A história clínica e o exame físico são elementos suficientes para o diagnóstico da anorexia mental. Exames específicos podem ser necessários para avaliar as complicações orgânicas ocasionadas por ela.

Como é o tratamento?

O tratamento da anorexia mental consiste em certas formas de psicoterapia e em alguns remédios psiquiátricos, mas estes devem ser prescritos com cuidado, porque muitos deles têm efeito direto sobre o apetite.

Como evolui?

Algumas anorexias mentais tendem a ser de curta duração, enquanto outras podem ser crônicas. Cerca de metade delas se cura completamente. Da outra metade, parte se torna crônica e parte se alterna com outros distúrbios alimentares.

A desnutrição causada pela anorexia mental pode afetar órgãos vitais como coração, rins e cérebro. A frequência cardíaca e a pressão arterial abaixam e podem ocorrer distúrbios hidro-eletrolíticos. As complicações causadas pela privação de alimentos são reversíveis tão logo haja um ganho significativo de peso.

A anorexia nervosa apresenta uma alta taxa de mortalidade devido aos suicídios associados ou às complicações da desnutrição.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Cianose

Observe as mãos do bebê!




O que é cianose?

Quando a hemoglobina contida nas hemácias está carregada de oxigênio (oxihemoglogina) o sangue se torna vermelho rútilo e isso empresta à pele e às mucosas sua coloração normal característica. Quando a hemoglobina das hemácias não está oxigenada (desoxihemoglobina) ela torna o sangue mais escuro e ele confere à pele, às mucosas e aos leitos ungueais uma coloração azul-arroxeada, que pode ser vista sobretudo nas extremidades, isto é a cianose.

Em geral, o sangue que sai do coração normal, via artérias, está oxigenado e é vermelho. Ao circular, deixa o oxigênio nos tecidos e recolhe deles o gás carbônico. O que retorna ao coração, por via venosa, ainda não está oxigenado e é roxo-azulado. Só em sua passagem pelos pulmões perderá o gás carbônico e readquirirá o oxigênio e retornará à cor vermelha. Os indivíduos que tenham pouca hemoglobina ou poucas hemácias, como os anêmicos, por exemplo, podem não exibir cianose e, ao contrário, aqueles com policitemia vera (aumento do número de hemácias) podem mostrá-la com mais facilidade.

Quais são as causas da cianose?

Existem várias causas de cianose, indo desde a falta de oxigênio no ar inspirado até a incapacidade da hemoglobina fixar o oxigênio: doenças cardíacas, pulmonares, circulatórias, intoxicações e falta de oxigênio no ar inspirado.

A cianose é sempre causada por um déficit de oxigenação do sangue e um acúmulo consequente de gás carbônico.

Quais são os tipos de cianose?

Há, basicamente, três tipos de cianose: cianose central, cianose periféria e cianose mista.

• Na cianose central, o sangue que vem dos pulmões para a periferia do corpo já chega a ela com pouco oxigênio, devido a alguma doença do pulmão ou do coração que impede a sua oxigenação.

• A cianose periférica geralmente ocorre quando a circulação normal é impedida ou lentificada por alguma razão ou então o coração não pode enviar a quantidade adequada de sangue para a periferia.

• A cianose mista é uma combinação das duas anteriores.

Quais são os sinais e os sintomas da cianose?

O sintoma da cianose é uma coloração azulada ou púrpura que se manifesta na pele ou nas mucosas, sobretudo nas extremidades. Às vezes, a pessoa pode sentir dores, tonturas e até mesmo desmaiar, dependendo das suas causas. Podem estar presentes os sintomas da doença que tenha causado a cianose. Em outras ocasiões, ela é só um sinal físico e a pessoa nada sente.

Como o médico faz o diagnóstico da cianose?

O diagnóstico da cianose pode ser feito mediante a história clínica e exame físico do paciente. Além disso, o médico pode precisar de alguns exames para determinar a sua causa, incluindo exames de sangue para saber os níveis de células vermelhas presentes no sangue e o nível de oxigênio delas. Radiografias de tórax ajudam a determinar o estado dos pulmões. Um ecocardiograma pode contribuir para verificar se o coração está bombeando o sangue adequadamente.

Como é o tratamento da cianose?

A cianose não é uma doença, mas um sinal de doença. Por isso, o tratamento deve ser dirigido à causa da cianose. Ela pode ser muito simples, como evitar a exposição a altas temperaturas e a altitudes; ou mais complexas, demandando inclusive uma cirurgia cardíaca.

Como evolui a cianose?

Normalmente, após o tratamento adequado, a cianose não retorna. Em alguns casos, contudo, o médico deve rever periodicamente o paciente para monitorar seu estado de saúde.