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domingo, 2 de janeiro de 2011

Recompensas

O sistema cerebral envolvido no prazer de doar é bastante conhecido por aqueles que investigam um fenômeno fundamental para o homem: a recompensa. "As ações humanas são determinadas pela gratificação emocional ou material que esperamos receber; isso se aplica a todos os casos em que sentimos prazer depois de ter feito algo, independentemente da natureza da ação", diz o neurocientista Giorgio Coricelli, pesquisador do Cimec de Rovereto, na Itália e do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) do Instituto de Ciências Cognitivas de Lyon, na França. O círcuito da recompensa é dirigido por um neurotransmissor fundamental: a dopamina.

Não é por acaso que nos pacientes que sofrem de Parkinson, doença na qual o cérebro tem sua capacidade de produzir dopamina prejudicada, o mecanismo costuma ser afetado. Às vezes, a busca pela cura dos sintomas pode ter efeitos contraditórios: os medicamentos que estimulam a produção de dopamina diminuem distúrbios motores típicos da patologia, mas podem trazer alterações comportamentais ligadas à falta de controle em relação à busca de recompensa, que pode ser expressa como compulsão por sexo, comida ou jogos de azar.

Além dos núcleos profundos do cérebro, as estruturas frontais são fundamentais para avaliar as vantagens de doar. "As áreas órbito-frontais são fisicamente envolvidas em processos sensoriais. Regiões neurais próximas elaboram recompensas complexas, como as que envolvem dinheiro", explica Coricelli. Ele dedica seus estudos principalmente à compreensão do papel do lobo frontal no momento em que tomamos uma decisão e de como funciona essa área em momentos de pesar, que ocorrem sempre que uma ação não produz a gratificação esperada.

Outros estudos descobriram que o lobo parietal também está relacionado à elaboração cognitiva da recompensa, que parece ser um sistema difundido por todo cérebro. E não importa sob que forma se manifesta a situação: num nível mais amplo, nosso cérebro nem sempre faz distinção entre dinheiro, comida, sexo, afeto. Funciona como uma espécie de moeda única.

Todas essas descobertas podem ser úteis para entendermos o funcionamento da economia real e, principalmente, fenômenos como as bolsas de valores. "Alguns neurocientistas, principalmente aqueles que tomam como referência teorias econômicas mais liberais, estão convencidos de que é possível explicar as variações dos mercados e da economia com base no funcionamento do cérebro, com uma visão extremamente mecanicista do fenômeno.

Do meu ponto de vista, as coisas não são assim tão simples: o que estudamos sob o guarda-chuva do que hoje se chama neuroeconomia é somente uma das maneiras pelas quais o ser humano interage socialmente. Também é preciso levar em conta os fenômenos mais complexos, como a interação com o ambiente e a influência da massa nas decisões individuais".

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