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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Cientistas fazem 1º mapa completo do funcionamento de um ser vivo

Uma equipe internacional de cientistas conseguiu mapear pela primeira vez todos os processos bioquímicos que mantêm um ser vivo (no caso, uma das bactérias mais simples do planeta) em funcionamento.

Os cientistas detalharam a receita toda: o conjunto de proteínas, os genes ativos e a cadeia de reações químicas que constroem a Mycoplasma pneumoniae, causadora, como indica seu nome, de um tipo de pneumonia em seres humanos.

O feito abre caminho para um plano acalentado há anos pelos biólogos moleculares: criar vida artificial --ou, ao menos, uma forma "customizada" dos micróbios atuais. E a análise de como a M. pneumoniae leva sua vidinha unicelular derruba de vez o velho preconceito de que bactérias funcionam de forma rudimentar quando comparadas com seres de células complexas, como plantas ou animais.

A maior diferença entre micróbios como bactérias e organismos mais complexos tem a ver com como o DNA se abriga no interior da célula. Criaturas como árvores e pessoas têm seu material genético cuidadosamente empacotado no núcleo de suas muitas células, enquanto as bactérias não têm núcleo em sua célula única.

Além do empacotamento no núcleo, o DNA dos organismos mais complexos também apresenta uma série de firulas na maneira como é "lido", possibilitando variar a maneira como as instruções contidas nele são seguidas pela célula.

Complicada e perfeitinha

Pois o mapeamento da bactéria, apresentado em uma série de artigos na revista especializada americana "Science", indica que não é preciso ter núcleo para desenvolver métodos sofisticados de leitura do DNA.

O grupo coordenado por Luis Serrano, da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, mostrou que a bactéria usa um sistema flexível na hora de transmitir os dados codificados em seu DNA para o mRNA, ou RNA mensageiro, que inicia o processo de produção de proteínas na célula.

Essa flexibilidade depende dos chamados operons, conjuntos de genes cuja ativação é controlada pelo mesmo "interruptor". Em tese, se esse "interruptor" fosse apertado, todos os genes ligados a ele seriam ativados. Mas não é o que acontece. "Existe uma regulação interna, de forma que alguns genes do operon podem se expressar [se ativar] mais ou menos que os outros", diz Serrano.

A mesma versatilidade aparece nas proteínas que a bactéria produz --apenas 689, contra dezenas de milhares do organismo humano. É que esse punhado de moléculas consegue desempenhar múltiplas funções, explica Anne-Claude Gavin, do Laboratório Europeu de Biologia Molecular.

"Muitas enzimas [proteínas que aceleram reações químicas] são capazes de catalisar reações diferentes, de processar substâncias diferentes ou interagir com várias moléculas parceiras."

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