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domingo, 1 de junho de 2008

A dor e os laboratórios.

Quem assiste o seriado da Universa Channel irá me entender um pouco melhor, agora. Acabei de sair de um simpósio (um mini-congresso) que abordou a terapia da dor, sob vários pontos de vista e fiquei observando como os médicos são sujeitos interessantes.

Tivemos uma mordomia bastante interessante e agradável, instalados em um resort cinco estrelas, próximos a Salvador, em Camaçari. Prefiro não dizer o nome do lugar, mas, se você quiser, com os recursos da internet, não será nada difícil.

Recebemos o transporte, as refeições, tivemos uma bela piscina à disposição (pelo menos por algumas horas), acesso à internet (estou escrevendo do lobby do hotel) e o convívio agradável com colegas de profissão de vários lugares do país.

A abordagem sobre a dor foi realmente respeitosa, não há o que dizer de diferente. Não fomos acuados de maneira a afrontar a nossa mínima inteligência, no que diz respeito às eventuais indicações de determinado medicamento para o alívio das dores crônicas. Recebemos, de médicos bastante conceituados diante da comunidade científica, informações bastante atuais sobre a dor, suas várias facetas, as várias maneiras de se tratar, sempre de modo técnico, adequado, sem indução, o que é admirável e elogiável.

Gostaria de deixar os parabéns ao laboratório que nos acolheu de modo tão respeitoso e cuidadoso.

Digo isso, pois há poucos dias atrás, fui a um pequeno evento ao qual fui convidado por outro laboratório, que nos ofereceu um jantar num dos melhores restaurantes de São Paulo, jantar do qual não pude desfrutar, pois foi iniciado cerca de duas horas depois do início da apresentação.

Durante a "descrição" e o relato de alguns colegas a respeito de determinado medicamento para combater o tabagismo (e novamente você pode pesquisar na internet...) eu tive a impressão de que queriam me submeter a uma técnica de convencimento que julguei infantil e desnecessária.

Era para que todos dessem seu depoimento e contasse suas experiências sobre o uso do tal medicamento. Bem, para que você entenda melhor, o medicamento tem custo bastante elevado (embora o laboratório tente nos convencer do contrário) e sua eficácia "parece" ser adequada (nào sei se é elevada), mas as descrições de três colegas eram de absoluta adequação e efetividade do dito cujo.

Eu me abstive de comentários, quando o microfone passou pelas minhas mãos, mas em dado momento, quando senti que os "depoimentos" começaram a tomar o caminho de Alice (no país das maravilhas), comecei a falar e dar depoimento oposto a todos os demais.

Aliás, instantes antes de um colega meu falar, eu lhe perguntei se ele seria capaz de depor a favor de algo que ele não cresse. Ele me disse que não. Mas parece que se equivocou. Disse algumas coisas em defesa do medicamento que, certamente, não refletem sua real posição e, se refletem, trata-se de algum equívoco.

Falei pouco, pois, logo em seguida a Gerente de Vendas do tal laboratório, tomou o microfone e encerrou a conversa para iniciar o jantar, pois "já era tarde". Eu não pude ficar, pois tinha compromisso. Mas não ficaria. O ambiente ficou desfavorável, embora todos os propagandistas me dissessem o conrário (aliás, me procuravam para dizer isso, o que é bastante sintomático).

Foi desqradável. Mas foi mais uma experiência que valeu a pena, pois sempre podemos aprender um pouco mais, seja como for.

Ainda bem que há outras propostas, técnicas,respeitosas, éticas, de nos mostrar que é possível exercer a profissão de modo correto, sem que venhamos a cair na corrupção, da qual eu me distancio o máximo possível.

A gente pode conversar mais sobre isso em outra postagem...

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