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terça-feira, 8 de maio de 2007

Sinais de Fumaça

Tenho algumas rotinas, das quais eu não gosto de me desfazer.

Todas as manhãs, saio de casa cedo, às 6 horas da manhã, e sigo direto para uma padaria, próxima ao local onde trabalho, para tomar meu café da manhã. Gosto de lá, pois o café expresso, cremoso, é saboroso e o ambiente é agradável. Aliás, o pão francês também é muito gostoso! Já tenho um certo grau de amizade com o pessoal - a rapaziada - que atende o balcão, a ponto de nem precisar fazer o pedido, simplesmente cumprimento a todos e me sento aguardando chegar meu café da manhã.

Às vezes, o dono da padaria está por lá e ele sempre cumprimenta a todos, um por um, com um simpático sorriso de boas-vindas, muito agradável, que faz a gente ficar à vontade. Enfim, realmente um pedacinho de rotina muito bom. Rápido, como quando a gente vê furtivamente uma pessoa querida, ou fica alguns instantes prestando atenção em algo que nos faz relaxar.

Sempre passa rápido, por que é bom. Quando não é bom, o tempo tem outra conotação: demora a passar!

Uma coisa interessante é ver a "população flutuante" da padaria: cada dia tem um grupo de gente, raramente as mesmas pessoas, até por que meus horários pela manhã não são rigorosos, são flexíveis, e, nessas circunstâncias, a "população flutuante" é realmente variável. As pessoas não se repetem, mas a gente acaba reconhecendo algumas e chega a se cumprimentar com um aceno de cabeça ou com um olhar, sem emitir som algum. Já basta o aceno, afinal de contas, estamos em São Paulo e, nesta cidade, cumprimentar aos outros já é um ato estranho, diferente da "rotina"!

Mas num desses dias nos quais eu estava em horário diferente, um pouco mais diferente que o normal, entrei na padaria e fui pego de surpresa! Um cheiro desagradável tomava conta do ar. A entrada tem uma dessas portas automáticas, que, providencialmente estava aberta, sem funcionar o sistema automático e o aroma ruim se espalhava por todo o espaço onde os clientes se acomodam para tomar suas refeições.

Na ponta do balcão de granito havia um cidadão fumando um cigarro e sobre o balcão havia um cinzeiro! Incrível, de frente para ele havia uma placa de tamanho bem proporcional que dizia claramente: "É PROIBIDO FUMAR" - de acordo com a lei municipal nº tal, de tal data, assim, assim... e, também na frente dele, havia um cinzeiro, desses de baquelite (lembra, aquele material que faziam discos antigos?), com muita cinza e um cigarro queimando, queimando...

Fui sentar lá no fundo da padaria, procurando a “área de não fumantes”, que na verdade não existia, mas eu criei uma por minha conta. Lá fiquei esperando meu café da manhã e fiquei pensando: por qual motivo eu tenho de tomar meu café, tão agradável, sentindo esse cheiro desagradável que passa pelas minhas narinas, por conta desse sujeito que está em local não adequado fumando e fazendo com que eu também fume a fumaça excretada por ele? Porque o pessoal da padaria não toma providência e não diz para o sujeito que aqui dentro é proibido fumar?

Mas, adianta alguma coisa eu ficar me corroendo? É proibido, o cidadão (sim, pois ele é um cidadão, assim como você ou como eu) não respeita a proibição, os funcionários da padaria, pelo jeito, não tiveram coragem de dizer isso a ele. Aliás, não só não tiveram coragem, como, ainda por cima, emprestaram o cinzeiro de baquelite para ele produzir sua fumaça à vontade. Tomei meu café em convívio com o tal sujeito. Fazer o quê, não é mesmo?

Ele saiu pouco antes de mim. Logo depois abordei um dos rapazes que atedem o balcão e perguntei como é que podia alguém estar fumando ali, diante da tal da placa, etc, etc... O rapaz não teve uma resposta convincente e desconversou sobre o cinzeiro.

É interessante notar nessas situações como podemos nos colocar a respeito de circunstâncias de contrariedade no que diga respeito a pequenos atos furtivos que contrariam leis.

Contrariar leis, no Brasil, parece ser algo rotineiro. Conversei ontem com um jovem conhecido que acabou de chegar dos Estados Unidos e ele disse que estava com saudade do Brasil, pois aqui onde existe uma placa de contra-mão, é onde mais se vê pessoas contrariando a placa, isto é, contrariando a lei.

Ontem, dia 6 de maio, na final do campeonato carioca de futebol, um dos jogadores do Clube de Regatas Flamengo, que foi campeão, entregou-se afirmando honestamente para o juiz, que havia encostado na bola e que, por esse motivo seria escanteio e não tiro-de-meta, como houvera sido apontado anterior. O juiz apontou escanteio, confirmando, então a atitude honesta do atacante do Flamengo.

Fumar em locais proibidos não tem sido comum, pelo menos pelo que tenho visto, mas certamente tem acontecido como nesse dia na padaria. A ANVISA está com um projeto que leva a todos a possibilidade de opinar sobre a proibição do tabagismo em recintos fechados. Leia a seguir:

"Atenta a realidades como essa e atendendo a uma demanda da sociedade, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) promove, até o próximo dia 31, consulta pública para discutir a regulamentação da Lei 9.294. A legislação, em vigor desde 1996, proíbe o uso de produtos derivados do tabaco (cigarro, charuto, cachimbo e outros) em recintos coletivos fechados, restringindo a prática para ambientes “devidamente isolados e com arejamento conveniente”.

A proposta da Anvisa, aberta a contribuições até o final deste mês, é definir critérios para a adequação das salas exclusivas para fumantes pelos estabelecimentos que optarem por implementar os chamados “fumódromos”. Prorrogada por 30 dias, o término da consulta pública coincidirá com o Dia Mundial sem Tabaco.

O site da Anvisa é aqui: http://www.anvisa.gov.br/ . Se você quer opinar sobre a criação de salas exclusivas para fumantes, como descrito acima, dê um "pulinho" lá e coloque sua opinião.

Vamos participar. O meu ponto de vista é favorável. Acredito que os fumantes precisam de um ambiente só para eles, pois nestes ambiente, eles poderão não só fumar à vontade do próprio cigarro, mas também da fumaça eliminada pelos outros fumantes, aquela que nós, não fumantes somos obrigados a inalar quando estamos na presença deles.

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