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sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Déjà vu


O “déjà vu” é a estranha sensação desencadeada num indivíduo que faz com que ele sinta que já presenciara ou estivera naquela mesma específica situação em que se encontra agora pela primeira vez. A expressão é derivada do francês (déjà vu = já visto), mas muitos especialistas estendem o fenômeno e as expressões para além do “visto” e usam titulações paralelas, como "déjà vécus" ("já vivido"), "déjà lu" ("já lido"), "déjà entendu" ("já ouvido"), "déjà visité" ("já visitado"), etc.

Hoje em dia, sabe-se que o déjà vu é uma paramnésia (forma de ilusão da memória) que leva o indivíduo a crer já ter visto ou vivido alguma coisa ou situação de fato desconhecida e nova para si. O termo foi criado pelo cientista francês Emile Boirac, um dos primeiros a estudar o fenômeno, em 1876.

As causas do “déjà vu” ainda não são conhecidas com exatidão. Há várias teorias a respeito, algumas meramente especulativas e até místicas (vida passada, visões sobrenaturais, etc.), outras com pretensas bases científicas. Alguns cientistas acham que o “déjà vu” se deve a algo que desperta no indivíduo uma sensação que ele associa com alguma experiência já vivenciada antes. Alguns acham que o fenômeno tem uma ocorrência mais alta entre pessoas com epilepsia do lobo temporal, mas afirmam que esse tipo de “déjà vu”, embora parecido, é diferente do fenômeno do “déjà vu” comum.

Recentemente, os pesquisadores deixaram de lado algumas dessas teorias e começaram a usar em suas pesquisas a tecnologia de imagens cerebrais, colocando o estudo do “déjà vu” dentro do estudo da memória. Mas, mesmo entre eles, existem divergências profundas. Alguns pesquisadores relatam que quanto mais cansada e estressada estiver a pessoa, maior a probabilidade de ter um déjà vu; outros afirmam justamente o contrário.

Há também relatos de maior ocorrência entre aqueles com renda mais alta, que viajam mais e com alto nível educacional, ou seja, entre pessoas com uma vida mental mais rica. Parece também que a imaginação ativa e a habilidade de recordar sonhos tem a ver com as experiências de “déjà vu”.

Alguns pesquisadores creem que a sensação do “déjà vu” seja disparada por uma ação neuroquímica no cérebro e não esteja ligada a nenhuma experiência do passado. Em suas famosas experiências de estimulação elétrica dos lóbulos temporais, em 1955, Penfield (um estudioso da epilepsia temporal) encontrou um bom número de experiências de “déjà vu”. A sensação também é comum entre pacientes psiquiátricos.

O estudo fisiológico do “déjà vu” é dificil porque o fenômeno é de muito pouca duração e ocorre inopinadamente, sem qualquer aviso prévio. Vários experimentos têm sido feitos por psiquiatras e psicólogos tentando reproduzir o fenômeno, mas só conseguindo experiências que se aproximam do “déjà vu” espontâneo, sem ser-lhe exatamente igual.

Essas experiências foram correlacionadas com dados da fisiologia cerebral, sempre apontando uma relação com a memória. Como se sabe, mesmo normalmente, a memória pode falhar. Nem sempre se consegue distinguir o que é novo do que já era conhecido: eu já li este livro? Já assisti a este filme? Já estive neste lugar antes? Conheço essa pessoa?

O cérebro possui:

1.Uma memória imediata: capaz, por exemplo, de repetir prontamente um número de telefone que é dito e logo em seguida esquecê-lo.
2.Uma memória de curto prazo: que dura algumas horas ou dias, mas que pode ser consolidada.
3.Uma memória de longo prazo: que dura meses ou até anos, usada na aprendizagem de uma língua, por exemplo.

Parece que o déjà vu ocorre quando há uma falha cerebral e os fatos que estão acontecendo são armazenados diretamente na memória de longo ou médio prazo, sem passar pela memória imediata, o que dá a sensação de o fato já haver ocorrido antes.

O “déjà vu” ocorre em cerca de 60% das pessoas, sobretudo entre os 15 e 25 anos de idade. As experiências de “déjà vu” diminuem com a idade, até desaparecerem completamente. Normalmente, uma pessoa pode se sentir um pouco confusa ou indecisa ou mesmo triste por sentir que sua memória já não tem a precisão de quando era mais jovem, mas o sentimento essencialmente associado ao “déjà vu” clássico não é o de confusão ou de dúvida, mas sim o de estranheza.

Uma pessoa não se sente estranha por não lembrar de um livro ou de um filme ou, ao contrário, que alguma cena antiga se manifeste mais fixada à sua memória. Estranho é sentir que uma cena atual lhe pareça já ter ocorrido anteriormente, quando tudo mostra a impossibilidade de que isso tenha de fato ocorrido. O indivíduo tem a sensação esquisita de estar revivendo alguma experiência passada, sabendo que é materialmente impossível que ela tenha algum dia acontecido. Esse fenômeno dura de 10 a 30 segundos e depois desaparece. Ele é bastante frequente em pessoas jovens saudáveis, mas não ocorre a todo mundo, muitas pessoas nunca o experimentam.

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