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sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Ciclos do sono


O sono é um estado ordinário de consciência, transitório e reversível, em que há suspensão temporária da atividade perceptivo-sensorial e motora voluntária, que se alterna com a vigília. O estado de sono é caracterizado por um padrão de ondas elétricas cerebrais diferentes do padrão que caracteriza o estado de vigília e dos demais estados de consciência.

Dormir, nesta acepção, significa passar do estado de vigília para o estado de sono. Antigamente pensava-se que o sono era um processo contínuo, começando no adormecer e terminando no despertar. Hoje em dia, graças em parte ao EEG (eletroencefalograma), sabe-se que se trata de um processo que se passa em ciclos, envolvendo múltiplos e complexos mecanismos fisiológicos e comportamentais.

No ser humano o sono é formado por ciclos de quatro estágios que duram de 70 a 110 minutos (média de 90 minutos) cada um e que se repetem quatro ou cinco vezes durante uma noite de sono de oito horas. Os fins e os mecanismos do sono ainda não são inteiramente claros para a ciência, mas têm sido objeto de intensas investigações recentes muito reveladoras.

No sono podem ser identificados no EEG dois estados distintos:

(1) o sono dito de ondas lentas ou sono não REM (NREM), e

(2) o sono de ondas cerebrais rápidas ou sono REM.

O sono não REM é dividido em três fases ou estágios, segundo a progressão da sua profundidade.

Já o sono REM caracteriza-se pela atividade cerebral de baixa amplitude e mais rápida, por episódios de movimentos oculares rápidos (donde sua denominação em inglês de REM (rapid eyes moviments) e de relaxamento muscular máximo. Além disso, este estágio também se caracteriza por ser a fase onde ocorrem os sonhos.

O sono REM é também chamado sonho paradoxal, uma vez que o traçado eletroencefalográfico está muito próximo ao traçado de vigília, embora o indivíduo esteja profundamente adormecido no sentido comportamental.

O sono NREM e o sono REM alternam-se ciclicamente ao longo da noite. Normalmente o sono NREM concentra-se na primeira parte da noite, enquanto o sono REM predomina na segunda parte. A distribuição dos estágios de sono durante a noite pode ser alterada por vários fatores, como idade, ritmo circadiano, temperatura ambiente, ingestão de drogas ou por determinadas doenças.

De um modo geral, o sono se destina à recuperação pelo organismo de um possível débito energético estabelecido durante a vigília. Além dessa, outras funções são atribuídas, especialmente ao sono REM, tais como manutenção do equilíbrio geral do organismo, das substâncias químicas no cérebro que regulam o ciclo vigília-sono, consolidação da memória, regulação da temperatura corporal, dentre outras.

Durante o sono, o indivíduo passa por ciclos repetitivos, começando pelo estágio N1 e progredindo até o estágio N3 do sono NREM, regride para o estágio N2, e entra em sono REM. Volta de novo ao estágio N2 e assim repete novamente durante todo o tempo do sono.

Nos primeiros ciclos do sono, os períodos de NREM têm uma duração maior que o período REM. À medida que o sono vai progredindo, o estágio N3 começa a encurtar e o período REM começa a aumentar. O sono NREM ocupa cerca de 75% do tempo do sono e divide-se em três períodos distintos conhecidos como estágios N1, N2 e N3.

1.O estágio N1 começa com uma sonolência. Dura aproximadamente cinco minutos e é caracterizado por um EEG semelhante ao do estado de vigília, sendo o indivíduo facilmente despertável.

2.O estágio N2 caracteriza-se pelo fato de o indivíduo já dormir, porém não profundamente. O EEG mostra frequências de ondas mais lentas e o estágio dura cerca de cinco a quinze minutos. Nessa fase, o despertar mediante estímulos é mais difícil do que no estágio anterior. Aqui a atividade onírica já pode surgir sob a forma de sonho com uma história mais bem integrada.

3.O estágio N3 tem a duração de cerca de quinze a vinte minutos, inicialmente, seguidos por quarenta minutos de sono profundo. É muito mais difícil acordar alguém nessa fase de sono. Depois, a pessoa retorna ao início do terceiro estágio (por cinco minutos) e ao segundo estágio (por mais quinze minutos) e então entra no sono REM.

Nos estágios NREM do sono, verifica-se a secreção de grandes quantidades do hormônio do crescimento, promovendo o crescimento e reparação tecidual. O sono NREM tem, pois, um papel anabólico, sendo essencialmente um período de conservação e recuperação de energia física.

O sono REM tem características especiais e típicas. Caracteriza-se por uma intensa atividade registrada no EEG, seguida por flacidez e paralisia funcional dos músculos esqueléticos. Nesta fase, a atividade cerebral é semelhante à do estado de vigília, embora o indivíduo esteja profundamente adormecido. Por isso, o sono REM é também denominado por vários autores como sono paradoxal.

Nesta fase do sono, a atividade onírica é intensa, sendo sobretudo sonhos envolvendo situações emocionalmente muito fortes. Essa fase representa 20 a 25% do tempo total de sono e surge em intervalos de sessenta a noventa minutos. É essencial para o bem-estar físico e psicológico do indivíduo.

Durante essa fase ocorre maior consumo de oxigênio pelo cérebro, aumento do tônus muscular, da temperatura corporal e da pressão arterial, ereção peniana e, regularmente um movimento rápido dos olhos, horizontalmente e de forma conjugada, entre outros fenômenos positivos, demonstrando ser essa uma fase de grande atividade fisiológica.

Quando, por qualquer motivo, o indivíduo é privado do sono REM, ele tende a ser compensado nas noites seguintes, por maiores extensões de sua duração.

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