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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Complexo de inferioridade


Diferentemente de um sentimento normal de inferioridade, baseado numa inferioridade real, que pode atuar como um incentivo para o progresso pessoal, um complexo de inferioridade baseia-se numa inferioridade que é paralisante de qualquer atividade criativa. É frequentemente inconsciente e às vezes leva os indivíduos atingidos à supercompensação, o que pode resultar em realizações aparentemente espetaculares, comportamento antissocial ou ambos.

Os trabalhos pioneiros neste campo foram realizados por Alfred Adler (1917), que usou como exemplo o chamado complexo de Napoleão (denominação popular de um suposto complexo de inferioridade que afetaria algumas pessoas de baixa estatura) para ilustrar sua teoria. Alguns sociólogos acham que um complexo de inferioridade pode também afetar grupos, sociedades ou culturas inteiras.

A psicologia clássica procura fazer uma distinção entre sentimentos de inferioridade primário e secundário. Primário seria aquele enraizado na experiência original de dependência de uma criança pequena e secundário o que se relaciona aos fracassos de um adulto em atingir um objetivo. A distância percebida entre aquele objetivo e o efetivamente conseguido pode levar a um sentimento "negativo" de inferioridade.

Embora o complexo de inferioridade seja um sentimento da natureza psicológica, ele geralmente é induzido por ações biológicas. Comentários negativos dos pais até os seis anos de idade da criança ou uma comparação entre os filhos em desfavor do indivíduo, determinam a mesma coisa. Outras causas do complexo de inferioridade são os defeitos físicos, características faciais desproporcionais, defeitos da fala, limitações mentais, preconceitos em relação à família, raça, sexo, orientação sexual, status econômico, religião, etc.

Além disso, se uma pessoa não se sente amada ela desenvolve o hábito de se inferiorizar. Algumas situações da infância da criança (que de um modo ou de outro se tornam apercebidas) como gravidez não planejada, tentativa de aborto, sofrimento fetal, pais que queriam que o filho fosse de outro sexo, depressão materna, morte de algum dos pais, abandono, maus tratos ou abuso físico/sexual podem trazer a sensação de falta de amor. Paradoxalmente, os excessos de afetos e cuidados também podem desencadear o complexo de inferioridade porque uma criança excessivamente protegida pode crescer com o sentimento de ser incapaz de fazer qualquer coisa sozinha.

Para Adler, o sentimento de inferioridade faz nascer um desejo compensatório de superioridade, de dominação e de poder que tanto pode conduzir a alguma forma de sucesso pessoal ou traduzir-se em desejos hostis e antissociais que caracterizam a neurose.

Deve-se notar que a inferioridade real motiva reações menos perturbadoras e mais adaptativas que uma inferioridade suposta, que geralmente termina num comportamento neurótico. Por essa razão, pode-se fazer diferença entre um sentimento “normal” de inferioridade e um sentimento "anormal" de inferioridade. Todo ser humano nasce com uma certa “inferioridade”, porque é inteiramente dependente dos outros seres humanos ao seu redor.

O sentimento de inferioridade pode ser conscientemente percebido ou ser inconsciente. Quando consciente, é um sentimento incômodo de acabrunhamento que pode levar a pessoa a atitudes de recuo e desistência em relação aos contatos sociais ou a uma busca excessiva de atenção das pessoas, hipersensibilidade a críticas e obediência obsequiosa excessiva.

Se inconsciente, a pessoa percebe apenas as atitudes compensatórias e procura justificá-las racionalmente, as quais podem ser bem sucedidas e conduzir a sucessos objetivos e que, no entanto, não levam a uma satisfação genuína. Embora o indivíduo possa “enganar” por certo tempo a si mesmo e aos demais, seus sentimentos subjacentes acabam por se fazerem notados.

O complexo de inferioridade em geral manifesta o hábito de se comparar com os outros, de demonstrar inveja, de buscar reconhecimento, ter uma preocupação excessiva com a opinião das outras pessoas, hábito de fugir das situações por medo de tentar, mania de apontar defeitos nas pessoas para se proteger, isolamento, sentimentos de incapacidade e de inferioridade, sensibilidade a críticas, dificuldade de se relacionar com outras pessoas, baixa autoestima, vitimismo e perfeccionismo.

Se o complexo é inconsciente, a primeira providência é tomar consciência dele, o que pode ser conseguido por meio de uma psicoterapia. Em seguida, um psicólogo pode ajudar a superar a incapacidade ou se adaptar a ela.

A própria pessoa também pode ajudar-se, parando de se comparar desfavoravelmente às outras pessoas. Ninguém é perfeito! Algumas pessoas podem ser boas em algo, mas ninguém é bom em tudo. Todo mundo possui alguma característica positiva. A comparação nunca gera sentimentos positivos e não ajuda ninguém a se sentir melhor. Reconheça o seu valor, tire o foco do que está errado e tenha consciência do seu potencial. Por último, reveja suas crenças e deixe de querer ser como outra pessoa. Sinta orgulho de ser único, aceite-se bem. Ninguém pode ser como você!

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