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terça-feira, 13 de setembro de 2016

Anestesias


Anestesia (do grego: an=ausência + aisthēsis=sensação) é a condição em que uma pessoa tem suas sensibilidades (incluindo a dor) bloqueadas ou suspensas temporariamente, para permitir cirurgias e outros procedimentos médicos que causam dor ou angústia.

Outra definição comumente usada é a de "ausência reversível da consciência", do total ou de uma parte do corpo. A anestesia é induzida farmacologicamente e além de analgesia, causa também amnésia, perda de responsividade, perda de reflexos musculares esqueléticos e de resposta ao estresse.

A palavra “anestesia” foi cunhada por Sir Oliver Wendell Holmes, em 1846.

Há quatro tipos de técnicas anestésicas:

(1) sedação,
(2) anestesia local,
(3) anestesia geral e
(4) bloqueios anestésicos regionais.

A sedação tem por objetivo reduzir a ansiedade do paciente, permitindo que determinadas pequenas cirurgias, procedimentos ou exames sejam realizados sem que o paciente sinta dores ou angústias. Os medicamentos aplicados por via venosa ou inalatória induzem o sono e desfazem a ansiedade. A sedação pode ser associada à anestesia local ou regional para permitir que o paciente permaneça tranquilo durante o ato cirúrgico.

A anestesia local é utilizada em pequenas regiões do corpo, quase sempre na pele. Ela costuma ser feita também em biópsias, punções profundas, suturas na pele, etc.

A anestesia geral leva à hipnose (sono), analgesia (ausência de dor) e imobilidade. Ela é indicada para cirurgias de grande porte, envolvendo vísceras no interior de cavidades do corpo (tórax ou abdômen) ou outras condições médicas. A anestesia geral demanda assistência ventilatória, porque paralisa a respiração espontânea normal. Essa assistência é feita por meio de cânulas, máscaras especiais e tubos inseridos na traqueia. A anestesia geral pode ser feita por meio de medicamentos venosos ou da inalação de gases anestésicos, mas frequentemente ambas as técnicas são usadas combinadamente. Pode-se associar também algum tipo de bloqueio anestésico regional, objetivando reduzir a dor no pós-operatório.

Os bloqueios anestésicos são anestesias regionais, em que uma parte do corpo fica insensível (geralmente braços, pernas ou parte inferior do abdômen), com preservação da consciência. Os bloqueios chamados periféricos são feitos por meio de injeção de anestésicos locais no trajeto de nervos. Quando aplicados na região da coluna espinhal podem ser de dois tipos: (1) raquianestesia e (2) anestesia peridural.

Na raquianestesia, o anestésico é injetado dentro da membrana subaraquinoidea, na coluna lombar, e na anestesia peridural ele é administrado no espaço peridural. Um dos exemplos mais conhecidos de bloqueio anestésico é aquele que ocorre em procedimentos ortopédicos dos membros inferiores e nas operações cesarianas. Em partos normais também pode ser utilizada qualquer uma dessas técnicas, porém a quantidade de anestésico utilizada é muito pequena.

Os anestésicos locais são injetados na região do corpo que se deseja anestesiar e assim bloqueiam localmente as terminações nervosas, que passam a não mais captarem impulsos de dor ou das demais sensibilidades, sem afetar a consciência. O anestésico local também pode vir sob a forma de pomada, creme ou gel, para aplicações superficiais na pele ou mucosas. É importante que o anestésico local atinja seu local de ação em concentração suficiente para produzir a perda da sensibilidade dolorosa, mas isso nem sempre ocorre, como em regiões inflamadas e infeccionadas, por exemplo, em virtude, sobretudo, de alterações do pH dos tecidos.

A anestesia geral compreende quatro fases distintas:

1.Sedação: também chamada de pré-medicação, que acontece ainda fora do centro cirúrgico e é realizada para que o paciente chegue à cirurgia mais calmo e relaxado. Quase sempre é feita por meio de um ansiolítico de curta duração que proporciona ao paciente uma leve sedação.

2.Indução: feita com medicação endovenosa que induz a passagem do paciente ao estado de inconsciência. Contudo, a anestesia ainda precisa ser aprofundada porque nesse estágio o paciente ainda pode sentir dor. Para que a cirurgia ou outro processo em causa possa ser realizado, o anestesista normalmente associa um potente analgésico derivado do ópio. Na fase inicial da indução, o paciente é intubado (uma cânula é colocada em sua traqueia) e a respiração passa a se fazer mecanicamente.

3.Manutenção: fase em que os fármacos têm uma duração menor que o procedimento a ser realizado, por isso, é necessário que continuem a ser administrados durante a execução do mesmo. Isso pode ser feito por via inalatória ou endovenosa.

4.Recuperação: consiste na retirada dos anestésicos, objetivando findar a anestesia junto ao término do procedimento que está sendo executado. Alguns fármacos que atuam como antídotos do relaxamento muscular podem ser administrados, assim como também podem ser novamente administrados fármacos derivados do ópio, para que o paciente não acorde com dores. O paciente deve permanecer por algum tempo em uma sala de recuperação do centro cirúrgico até que os anestésicos sejam eliminados e o paciente comece a recobrar a consciência, voltando a respirar por si mesmo. Nesse momento, o tubo de intubação traqueal pode ser removido.

Devido à possibilidade (rara) de complicações, a anestesia peridural sempre deve ser feita num hospital. O paciente deve deitar-se em decúbito lateral, com o pescoço e os joelhos dobrados, procurando atingir o tórax, em posição fetal. A aplicação pode também ser realizada com o paciente assentado, recurvado em direção ao peito, joelhos fletidos e abraçados em direção ao peito. O médico decidirá a melhor postura, levando em conta as condições clínicas do paciente.

Na anestesia peridural o médico acessa o espaço peridural com uma fina agulha através das costas do paciente, num intervalo intervertebral escolhido, tanto podendo ser realizada a nível cervical, torácico, lombar ou sacral, sendo mais fácil entre L3 e L5, onde o espaço peridural é maior. A agulha é penetrada até encontrar a resistência do ligamento amarelo, a qual deve ser vencida para atingir-se o espaço peridural.

O anestésico pode ser aplicado em dose única, pode ser repetido ou ser usado de forma contínua, o que exige a colocação de um cateter que permanecerá no local durante todo o tempo da anestesia. Dentro de alguns minutos, após a injeção do anestésico, a pessoa deixará de sentir a parte do corpo visada, em virtude da anestesia das raízes nervosas correspondentes, geralmente da cintura para baixo.

O paciente é levado ao centro cirúrgico de uma clínica ou de um hospital e é deitado em uma mesa, na qual geralmente recebe uma sedação venosa que o deixa meio “grogue”. Então, deitado em decúbito lateral e curvado para frente, uma fina agulha é introduzida nas suas costas, no intervalo entre as últimas vértebras lombares (L3/L4; L4/L5), até o canal medular, no espaço onde circula o líquor e onde será injetado o anestésico. A dor dessa introdução é inteiramente suportável, mas para evitá-la costuma ser feita uma anestesia local.

Para alguns procedimentos médicos, basta uma injeção única. Para que o efeito da raquianestesia se prolongue por um tempo maior, se necessário, pode ser deixado um cateter, pelo qual novas doses da medicação podem ser injetadas. A perda das sensações e dos movimentos começa de baixo para cima (dos pés para o umbigo) e a recuperação se dá no sentido contrário (do umbigo para os pés).

Existe o mito de que a anestesia geral é perigosa. No entanto, isso não é verdade, a anestesia geral é bastante segura. Em pessoas saudáveis, a taxa de complicações não passa de 1,4 para cada milhão de pacientes anestesiados. Os problemas que podem surgir devem-se quase sempre às condições mórbidas pré-existentes, cardíacas, pulmonares, renais ou hepáticas.


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