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quinta-feira, 14 de julho de 2016

Espinha bífida


A espinha bífida (do latim: spina bífida = espinha bifurcada) é uma grave anormalidade congênita do tubo neural, a qual se desenvolve nos dois primeiros meses de gestação. Representa um defeito grave na formação dessa estrutura. A espinha bífida é uma das lesões congênitas mais comuns da medula espinhal.

Algumas vértebras que recobrem a medula espinhal permanecem abertas e sem que suas diversas partes se fundam completamente. Se essa abertura for suficientemente grande, ela permitirá que parte da medula espinal se projete por ela, formando uma protuberância mole, sem proteção de um arcabouço ósseo.

Há três tipos clínicos de espinha bífida:

1.Espinha bífida oculta: a forma menos grave da anomalia. Nela, a parte exterior de algumas vértebras não está completamente fechada, mas o espaço nas vértebras é tão mínimo que a medula espinal não se projeta para o exterior.
2.Meningocele: a forma menos comum de espinha bífida. Nela, as vértebras se desenvolvem normalmente, mas a meninge é forçada nas lacunas entre as vértebras.
3.Mielomeningocele: o tipo mais comum e mais grave. É uma malformação em que as meninges, a medula e as raízes nervosas estão expostas.

A espinha bífida é causada pela falha no fechamento do tubo neural, que deveria ocorrer durante o primeiro mês do desenvolvimento do feto. Ela não segue padrões diretos de hereditariedade.

Alguns medicamentos, como anticonvulsivantes e antidiabéticos, a obesidade, o aumento da temperatura corporal ou o fato de ter um parente portador podem aumentar as chances de um bebê nascer com espinha bífida. A meningocele pode ser devido a tumores, além da síndrome de Currarino.

A medula cervical, segmento medular contido entre as vértebras C1 a C8, controla os movimentos da região do pescoço e dos membros superiores; a medula torácica, entre T1 e T12, controla a musculatura do tórax, abdômen e parte dos membros superiores; a coluna lombar, entre L1 e L5, controla os movimentos dos membros inferiores; e o segmento medular sacral, entre S1 e S5, controla parte dos membros inferiores e o funcionamento da bexiga e intestino.

Nos casos de espinha bífida, os nervos envolvidos podem ser incapazes de controlar os músculos correspondentes, determinando paralisias. Conforme o nível da afecção fala-se de paralisia alta, média ou baixa.

Embora a espinha bífida possa ocorrer em qualquer nível da coluna vertebral, é mais comum na região lombossacra.

Quando as raízes dos nervos que emergem ao nível lombossacral estão envolvidas, podem ocorrer graus variáveis de paralisia da musculatura servida por esses nervos. A sensibilidade (sensação de pressão, fricção, dor, calor, frio) também pode estar prejudicada. A ausência de sensibilidade pode ocasionar úlceras de pressão (escaras).

Ainda se pode verificar ausência de controle urinário e fecal.

Os sinais físicos de espinha bífida podem então incluir fraqueza e paralisia nas pernas, pé torto, luxação do quadril, escoliose, incontinência ou infecção urinária, escaras, irritações da pele e movimento ocular anormal. Muitas crianças com espinha bífida têm também graus variáveis de alergia ao látex, às vezes, implicando em risco de vida.

A espinha bífida pode ser associada a outras dismorfias, mas na maioria dos casos é uma malformação isolada. Pode haver a ocorrência de hidrocefalia e, em alguns casos, anormalidades do córtex cerebral.

Na meningocele, como o sistema nervoso permanece intacto, nem sempre ocorrem problemas de saúde em longo prazo. Muitas pessoas com espinha bífida oculta nem sequer sabem que a possuem, porque a doença é assintomática na maioria dos casos.

A espinha bífida pode ser diagnosticada ainda durante a gravidez, através de uma ultrassonografia.

O aumento dos níveis de alfafetoproteína no soro materno (MSAFP) no segundo trimestre da gravidez pode significar que o feto tenha um defeito no tubo neural.

Como este não é um exame específico para o diagnóstico da espinha bífida, o médico pode solicitar uma ultrassonografia ou uma amniocentese.

Depois do nascimento, a espinha bífida pode ser reconhecida pela simples inspeção.

Não há cura para a espinha bífida. Para evitar maiores danos ao tecido nervoso e para prevenir infecções, os médicos podem realizar operações para fechar a abertura da coluna vertebral, logo após o nascimento. No entanto, ele não fará retomar as funções da medula espinhal que já tenham sido afetadas. Em alguns casos, essa cirurgia pode ser realizada ainda na etapa fetal, mas a efetividade e a segurança dela ainda estão em estudos.

A atenção precoce às técnicas de reabilitação ajuda na preservação das possíveis deformidades ortopédicas, como pé torto, deslocamento coxofemoral, diminuição das amplitudes articulares, deformidades do tronco, entre outras. Pesquisas recentes indicam que a ingestão de ácido fólico nas semanas que antecedem a concepção e nas primeiras semanas da gestação reduz de modo significativo a incidência de espinha bífida.

Sendo uma malformação congênita, não há como prevenir totalmente a espinha bífida.

O risco de ela ocorrer pode ser reduzido em até 70% com a suplementação de ácido fólico antes da gravidez.

Pode-se, também, tentar minorar ou prevenir algumas consequências dela.

As escaras eventualmente decorrentes da espinha bífida podem ser prevenidas com constantes mudanças de posição corporal, manutenção da higiene e hidratação da pele.

Para evitar-se o desenvolvimento da alergia, o essencial é evitar o contato com produtos que contenham látex, como luvas de exame, preservativos e exames de cateterismo, por exemplo.

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