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quinta-feira, 12 de maio de 2016

Depressão pós-parto


Depressão pós-parto é uma variação negativa do estado de ânimo que ocorre logo após o parto. Mais raramente, pode ocorrer uma forma grave de depressão pós-parto acompanhada de sintomas psicóticos, conhecida como psicose pós-parto. Anteriormente, acreditava-se que somente as mulheres pudessem sofrer depressões pós-parto, mas estudos mais recentes mostram que essa condição também pode afetar os homens.

Acredita-se que não haja uma causa única para a depressão pós-parto e que fatores físicos, emocionais e de estilo de vida possam influenciar de alguma forma no surgimento da condição. Após o parto, ocorre uma mudança brusca da constelação hormonal da mulher, o que por si só contribui para um quadro de grande variabilidade do humor. Estas alterações hormonais podem produzir alterações químicas no cérebro que resultam em depressão. Somam-se a isto fatores emocionais próprios do nascimento de uma criança: privação de sono, pressão psicológica de natureza variada, sentimento de estar menos atraente, de que perdeu o controle sobre sua vida etc. Quanto ao estilo de vida, muitos fatores interferem: um bebê que exige muito, dificuldades de amamentação, ciúmes dos filhos mais velhos, problemas financeiros, falta de apoio de pessoas próximas etc. Além disso os inúmeros ajustes na rotina que seguem o nascimento de um bebê e as próprias emoções da experiência do parto podem contribuir para este estado de depressão.

Os fatores de risco para depressão pós-parto incluem história anterior de depressão, falta de apoio de pessoas próximas, estresse com um recém-nascido eventualmente doente, problemas financeiros ou familiares, limitações físicas, depressão durante a gravidez, antecedente de transtorno bipolar, história familiar de depressão, disforia (alterações de humor) pré-menstrual e violência doméstica.

Ao final da gravidez, ocorrem alterações hormonais relativamente bruscas que motivam grandes alterações do humor. Por isso, muitas mulheres apresentam disforias e crises de choro após o parto que, geralmente, desaparecem rapidamente. No entanto, algumas mães experimentam esses sintomas com mais intensidade, dando origem à depressão pós-parto. A esses fatores bioquímicos somam-se outros, psicológicos e ambientais.

Os sintomas cardinais da depressão pós-parto são tristeza, desesperança e perda do interesse ou não sentir prazer na maioria das atividades diárias. Um sintoma particularmente grave de depressão é pensar na morte e no suicídio. Algumas pessoas com depressão pós-parto também podem ter uma vontade súbita e assustadora de prejudicar seus bebês. A paciente afetada poderá perder ou ganhar peso, ter alterações no apetite e no sono, ter inquietação, indisposição, cansaço, falta de energia, sentimentos de culpa, dificuldades de concentração e de tomar decisões, ansiedade e excesso de preocupação. Os ritmos psicológicos estão todos lentificados. Na psicose pós-parto os sintomas podem ser: sentir-se desconectada de seu bebê e das pessoas à volta; sono perturbado; pensamento confuso e desorganizado; mudanças drásticas de humor e comportamento bizarro, agitação ou inquietação; alucinações visuais, auditivas e/ou olfativas e pensamento delirante que não se baseia na realidade.

O diagnóstico se baseia fundamentalmente nos sintomas e na história clínica da paciente. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), da Associação Americana de Psiquiatria, considera depressão pós-parto um subtipo da depressão maior. De acordo com o manual, para que se fale em depressão pós-parto, os sinais e sintomas da depressão devem aparecer dentro de quatro semanas após o parto. Além disso, o médico provavelmente irá realizar exames de sangue para determinar se há alguma disfunção orgânica que esteja contribuindo para o quadro. Se houver suspeitas de alguma outra alteração orgânica, exames de imagens também podem ser solicitados.

Os antidepressivos são frequentemente utilizados no tratamento das depressões pós-parto. Em geral, leva de uma a três semanas após o início do tratamento para a paciente começar a sentir-se melhor, prazo este que pode prolongar-se até oito semanas. Para evitar uma recaída, os antidepressivos devem ser utilizados por, pelo menos, seis meses, mesmo que a paciente apresente grandes melhoras antes disso. Pacientes que tenham tido várias crises anteriores de depressão podem precisar tomar o medicamento por um tempo maior. Ainda é discutível se a reposição hormonal pode prevenir ou tratar a depressão pós-parto. Pacientes com depressão pós-parto moderada a grave devem combinar a medicação com a psicoterapia ou aconselhamento interpessoal. A psicose pós-parto requer tratamento imediato, muitas vezes no hospital, com antidepressivos, antipsicóticos e estabilizadores de humor. Às vezes, mesmo a eletroconvulsoterapia pode ser recomendável.

A psicose pós-parto ou o seu tratamento podem fazer com que a mãe tenha de afastar-se do seu bebê por muito tempo, tornando a amamentação difícil. Entre outras razões, porque alguns medicamentos utilizados no tratamento não devem ser usados por mulheres que estejam amamentando. A depressão pós-parto não tratada pode durar meses ou anos, por vezes tornar-se um distúrbio depressivo crônico e, mesmo quando tratada, ela aumenta o risco de futuros episódios depressivos.

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