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quarta-feira, 1 de abril de 2015

Crioterapia


Crioterapia, do grego cryo (κρύο) = frio + therapy (θεραπεία) = tratamento, é um conjunto de procedimentos que usa a aplicação do frio para o tratamento de várias situações médicas e fisioterápicas, reduzindo a temperatura dos tecidos lesionados. Num sentido lato, todo uso terapêutico do frio é uma crioterapia e faz parte do capítulo mais amplo das termoterapias. Nessa forma de ver, incluem-se então a água fria e o gelo e o uso contrastante entre o frio e o calor, quando administrado com finalidades terapêuticas. Em síntese, crioterapia é qualquer processo capaz de induzir um estado de hipotermia geral ou local, favorecendo, assim, uma diminuição do metabolismo e levando as células a uma menor necessidade de oxigênio. A criocirurgia é uma modalidade específica de uso do frio que pode ser usada em consultório, muito utilizada por dermatologistas e que usa o frio intenso administrado localmente por um aparelho apropriado para tratar lesões benignas ou malignas da pele.

O “esfriamento” dos tecidos pode ser feito por câmara fria, spray, gás frio, imersão em água gelada, bolsa de gelo, bandagens ou compressas frias, etc. O objetivo da crioterapia é diminuir ou frear o crescimento e a reprodução das células e combater os processos inflamatórios, a dor, os espasmos e promover a constrição dos vasos sanguíneos. A crioterapia produz vasoconstrição, em virtude da ação direta do frio nos vasos sanguíneos, causando relaxamento muscular, analgesia por causa de uma redução da atividade dos fusos musculares e da diminuição da velocidade de condução dos nervos periféricos e redução da atividade muscular reflexa. Para que se obtenha esses efeitos, a temperatura da pele deve cair para níveis entre 13,8°C - 14,4°C. Os banhos de contraste, de calor e de frio (geralmente pela imersão alternada da região afetada em água quente e água gelada), são indicados quando se requer uma resolução mais acentuada do edema e um efeito analgésico maior. Na forma de criocirurgia, a crioterapia consiste na aplicação local de um gás muito frio (geralmente nitrogênio a -196°C), sob a forma de spray, que causa a destruição das lesões por necrose das células visadas. A destruição ocorre por formação de cristais de gelo no interior das células e no espaço extracelular, levando a alterações osmóticas, danificando as membranas celulares e a microcirculação da pele. Em geral, o spray de nitrogênio é borrifado diretamente na lesão ou aplicado por meio de ponteiras geladas encostadas na lesão a ser tratada.

O frio promove uma constrição das arteríolas e vênulas, reduzindo o extravasamento de líquido para o espaço intersticial, diminuindo o edema, principalmente em lesões agudas e, além disso, diminui a condução nervosa, alivia a dor, reduz os efeitos da hipóxia secundária que se segue a toda lesão e é um excelente estimulador e dessensibilizador. Ao mesmo tempo, a crioterapia ajuda a derrubar mitos: o de que se fica gripado quando se usa crioterapia no ombro ou nos pés e o de que numa contusão o uso do calor é melhor que o do frio.

A crioterapia pode ser utilizada em qualquer pessoa, desde que não tenha nenhuma restrição fisiológica para o seu uso. É muito usada em desportistas, por seus efeitos analgésicos e miorrelaxantes imediatos. No caso de pessoas magras, com pouca massa corporal, o tempo necessário para ser alcançado o resfriamento muscular é curto, sendo mais longo em pessoas obesas, uma vez que o tecido adiposo funciona como isolante térmico.

A crioterapia, em suas várias modalidades, é utilizada para diminuir inchaços e hematomas, reduzir inflamações e espasmos musculares, aliviar dores, estimular o relaxamento, possibilitar a mobilização precoce e a melhora na amplitude dos movimentos, entre outras finalidades. As principais vantagens da crioterapia são a facilidade de uso, ausência de efeitos colaterais, baixo custo e bons resultados cosméticos, além da preservação da integridade das células e do tecido que foi lesionado. A partir da década de 1970 a crioterapia passou a ser utilizada como rotina em casos de lesões desportivas agudas. Essa técnica pode ser utilizada também para tratamentos de gordura localizada e flacidez.

Sendo assim, a crioterapia pode ser usada em traumatismos mecânicos, dores oriundas da coluna vertebral, processos infecciosos diversos, espasmos musculares, edemas pós-traumáticos, artroses, lesões articulares, certos pós-operatórios, como, por exemplo, artroplastia do joelho. A criocirurgia, por seu turno, pode ser usada para tratar tumores cutâneos benignos ou malignos, lesões cutâneas diversas, como a remoção de verrugas ou outras protuberâncias indesejáveis, por exemplo, manchas na pele, hemangiomas, queratoses e doença de Bowen (placas vermelhas na pele, de evolução progressiva), sendo os tumores circunscritos a indicação principal da criocirurgia. O nível de recorrência das lesões é idêntico, se não mais baixo, aos demais métodos. A crioterapia é utilizada também no pós-operatório de cirurgias plásticas, com a intenção de conter o edema.

A crioterapia quase não tem impedimentos. Ela não deve ser aplicada em áreas anestesiadas ou em doentes com alteração do nível de consciência e da cognição, sob pena de “queimá-los”. Também não deve ser usada em pacientes com a doença de Raynaud, crioglobulinemia, hemoglobinúria paroxística ligada ao frio, insuficiência circulatória periférica, em casos de alergia ou intolerância ao frio, nos processos artríticos ou na rigidez articular.

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