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sábado, 6 de dezembro de 2014

Tieróide: crise tireotóxica


A crise tireotóxica ou tempestade tireoidiana é uma rara complicação do hipertireoidismo que envolve risco de morte.

Geralmente ela é um evento agudo que exige tratamento imediato, sendo, pois, uma emergência médica.

A crise tireotóxica pode desenvolver-se espontaneamente, porém ocorre mais frequentemente em pessoas com hipertireoidismo não tratado ou com tratamento deficitário.


O hipertireoidismo (doença de Graves, bócio multinodular tóxico ou adenoma funcionante autônomo, etc.) é a principal causa da crise tireotóxica.

As infecções são os fatores precipitantes mais importantes, mas outras condições clínicas podem estar associadas com o rápido aumento nos hormônios tireoidianos: cirurgia tireoidiana, suspensão brusca do tratamento do hipertireoidismo, iodoterapia radioativa, palpação vigorosa da tireoide, traumatismo na região cervical e uso excessivo de hormônio tireoidiano.

Os mecanismos pelos quais os fatores que levam à descompensação do hipertireoidismo desencadeiam a crise tireotóxica ainda não são bem conhecidos.

Parece haver um aumento súbito dos hormônios tireoidianos e diminuição da ligação do T4 com a globulina.

Também há evidências de que na tireotoxicose está aumentado o número de ligações do hormônio com as catecolaminas produzidas pelas glândulas adrenais.

Ela também pode ser explicada pela liberação aguda das citocinas (moléculas envolvidas na emissão de sinais entre as células das respostas imunes) ou distúrbios imunológicos agudos causados pelas condições precipitantes.

Nessa condição clínica os sinais e sintomas do hipertireoidismo estão agudamente exacerbados, com descompensação de múltiplos sistemas orgânicos e elevado risco de morte, caso o diagnóstico e o tratamento não sejam precoces.

Na maioria das vezes, os episódios ocorrem tanto nos pacientes com hipertireoidismo cujo tratamento foi interrompido ou se tornou inefetivo, quanto naqueles com hipertireoidismo moderado que desenvolvem uma intercorrência, tal como uma infecção, por exemplo.

A crise tireotóxica se caracteriza por febre alta, geralmente acima de 40°C, tremor, sudorese, taquicardia, fibrilação atrial, vômitos, diarreia e agitação e exacerbação dos demais sintomas do hipertireoidismo.

Pode ocorrer ainda insuficiência cardíaca e infarto agudo do miocárdio.

A liberação de grandes quantidades de hormônios tireoidianos produz os sinais de hipermetabolismo que se manifestam durante a crise.

Formas atípicas de crises tireoidianas podem exibir coma, convulsões, apatia, estupor, infarto cerebral, insuficiência adrenal ou hepática aguda e abdome agudo.

O diagnóstico da crise tireotóxica é basicamente clínico, baseado nos sinais e sintomas, e as taxas de hormônios tireoidianos não se correlacionam com a gravidade do quadro e não permitem diferenciar a tireotoxicose simples de uma crise tireoidiana.

A gravidade da tireotoxicose e da tempestade tireoidiana pode ser avaliada pelo escore de Burch-Wartofsky.

O médico deve procurar diagnosticar também a causa desencadeante.

A crise tireoidiana é uma emergência médica e requer tratamento imediato, mesmo antes que se obtenham os resultados laboratoriais. Frequentemente deve-se fazer uma internação em unidade de tratamento intensivo (UTI).

O tratamento é o mesmo que é feito para o hipertireoidismo comum, mas as drogas devem ser administradas em doses mais altas e com maior frequência.

O iodeto de potássio e as drogas antitireoidianas são usados para reduzir a liberação de hormônios tireoidianos. Muitas manifestações devem ser tratadas sintomaticamente.

O controle da temperatura é alcançado com antitérmicos.

A possível desidratação pode exigir a reposição venosa de fluidos.

A ventilação mecânica e a utilização de corticoides podem ser necessárias.

Também deve ser tratada a causa desencadeante, se identificada.

A crise tireotóxica pode ser prevenida mantendo-se um correto tratamento do hipertireoidismo e um adequado controle dos fatores desencadeantes.

Em geral, a crise tireotóxica é reversível, embora 20 a 30% delas possa terminar em óbito, principalmente se o paciente já tem outras intercorrências clínicas.

Se não for adequadamente tratada, a crise tireotóxica pode levar à isquemia miocárdica, insuficiência cardíaca, colapso vascular, coma e morte.

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