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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Inflamação X Infecção


Uma inflamação (do latim: inflammatio = atear fogo) é uma reação do organismo a uma infecção ou lesão dos tecidos de outra natureza.

A inflamação pode também partir do sistema imunitário inato que pode agredir o próprio organismo.

Este tipo de inflamação difere-se daquela adquirida em que o organismo precisa entrar em contato com o agressor nocivo.

Uma infecção é a invasão de tecidos corporais (veja imagem acima: salmonelas invadindo tecido humano) por parte de organismos microscópicos, como as bactérias, os vírus ou os fungos, por exemplo, ou de dimensões maiores e constituição mais complexa, como os ácaros, pulgas, piolhos, etc.

Normalmente, inúmeros agentes infecciosos vivem no corpo de um indivíduo sem causar doenças porque estão contidos pelo sistema imunológico da pessoa.

No entanto, se esse equilíbrio for desfeito, sobrevém uma doença infecciosa.

O sistema imunológico do hospedeiro reage, mas nem sempre é capaz de vencer os agentes infecciosos sem a ajuda de vacinas e medicações.

Há mesmo alguns agentes infecciosos que desempenham papel útil para os seres humanos, como algumas bactérias da flora intestinal, por exemplo.

Os agentes inflamatórios agridem os tecidos e provocam fenômenos de dilatações e alterações da permeabilidade capilar, com extravasamento de líquido intravascular para fora dos vasos.

Como resultado, forma-se de um halo avermelhado em torno da lesão, um aumento de volume (edema) e da temperatura locais.

A dor é causada pela estimulação das terminações nervosas pelas substâncias liberadas durante o processo inflamatório e pelas compressões relacionadas ao edema (inchaço).

Como as infecções sempre levam a uma reação inflamatória, parte da fisiopatologia delas é a mesma das inflamações.

Numa infecção, contudo, o organismo é invadido por agentes infecciosos que causam fenômenos próprios.

Muitos daqueles agentes atingem somente o homem, mas há os que infectam praticamente todos os mamíferos.

Os agentes infecciosos causam danos às células atingidas por vários mecanismos: metabolismo competitivo, proliferação de toxinas, duplicação do material genético e maneira como os antígenos provocarão a formação de anticorpos.

Células de defesa (linfócitos, neutrófilos e macrófagos, entre outras) passam a ser acumuladas no foco da lesão e a fagocitar os elementos que estão na origem da inflamação.

A luta entre os microrganismos invasores e as células de defesa dá origem ao aparecimento de pus, que pode levar à formação de abscessos e a um processo de supuração.

Ocorre uma diapedese (uma forma de transporte) dos leucócitos (passagem dos leucócitos do interior dos vasos para os tecidos) e outras células de defesa para que elas possam melhor combater os agentes inflamatórios.

No processo, os leucócitos destroem o tecido danificado e enviam sinais aos macrófagos, que ingerem e digerem os antígenos e o tecido morto.

Em algumas doenças esse processo pode apresentar caráter destrutivo, necrótico.

As plaquetas e o sistema de coagulação do sangue são ativados e podem, assim, conter possíveis sangramentos.

Em geral a infecção se restringe a um único local do organismo, mas pode se espalhar, via sistema linfático ou vascular, ocasionando uma septicemia.

Em um processo inflamatório a região atingida fica avermelhada, aumentada de volume e quente, o que explica seu nome.

É comum que haja dor local. Isso tudo acontece em razão do aumento do fluxo de sangue e demais líquidos corporais que se dirigem para o local. Um conjunto de cinco sinais e sintomas são classicamente tomados como típicos de inflamação:

•Calor (aquecimento).
•Rubor ou hiperemia (vermelhidão).
•Edema (inchaço).
•Hiperestesia (dor ao toque).
•Perda de função.

Como as infecções podem ocorrer em qualquer órgão ou seguimento corporal, os sintomas que decorrem delas são extremamente variáveis. A febre é um sintoma presente em praticamente toda infecção, uma coisa quase chegando a ser sinônima da outra.

Contudo, há infecções que cursam sem febre e isso é um sinal desfavorável porque indica uma pequena ou nula capacidade de reação orgânica.

Afinal, a febre resulta da luta das defesas orgânicas contra os agentes infecciosos e dá uma dimensão dessa luta.

Há também enfermidades que desde o princípio cursam com febre alta e outras em que a febre é moderada ou baixa, na dependência da natureza do agente infeccioso, e isso é um sinal de que o médico se vale para estabelecer suas hipóteses diagnósticas.

Assim, a tuberculose, por exemplo, geralmente cursa com febre baixa e a amigdalite bacteriana com febre alta.

As inflamações, por si mesmas, raramente ocasionam complicações, mas elas podem exercer compressões sobre estruturas próximas, levando a consequências.

Uma das possíveis complicações das infecções é a resistência bacteriana aos antibióticos, que se deve ao fato de que as bactérias se "acostumam" aos antibióticos que deixam então de fazer efeitos, deixando que as bactérias patógenas fiquem livres para se multiplicarem.

Quando as bactérias resistentes causam uma infecção, os antibióticos normalmente usados não surtem efeito e será necessário utilizar antibióticos cada vez mais tóxicos.

Outra possível complicação das infecções é a possibilidade de formação de abscessos.

Quando os abscessos são externos, a drenagem deles representa uma evolução favorável do caso e muitas vezes eles são drenados artificialmente.

No entanto, se são internos e drenarem para o interior dos tecidos ou de cavidades, podem causar problemas graves.

Das definições conclui-se que em todas as infecções existe uma inflamação, mas que não são em todas as inflamações que há uma infecção.

Uma queimadura de sol produz uma inflamação, mas não há, pelo menos em princípio, a presença de agentes infecciosos.

Uma amigdalite aguda, por seu turno, apresenta as características de inflamação e a presença de bactérias ou vírus.

A infecção pode levar a formação de pus e de abscessos, coisa que nunca ocorre na inflamação.

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