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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Espasmo Esofagiano Difuso


"O espasmo esofagiano difuso (EED) é um distúrbio neurogênico generalizado da motilidade esofágica, na qual o peristaltismo normal é substituído por intensas contrações não propulsivas fásicas".

O espasmo esofagiano difuso ou “esôfago em saca rolhas” caracteriza-se por contrações simultâneas, repetitivas, não peristálticas, localizadas normalmente no terço inferior do órgão, podendo ou não acompanhar hipertrofia da camada muscular dessa região e degeneração de fibras vagais aferentes. Difere da acalasia por ocorrer essencialmente no corpo do esôfago, produzindo um menor grau de disfagia, causando maior dor torácica e exercendo menos efeitos no quadro clínico do paciente.

É mais freqüente depois dos cinqüenta anos . Sua incidência é cinco vezes menor que a acalasia e que o megaesôfago idiopático, mas é muito mais freqüente do que consta nas estatísticas pois muitos dos casos são assintomáticos.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Dor retroesternal (cólica esofagiana) associada a disfagia para líquidos e sólidos. A dor pode ser intensa e se irradiar para as costas, para os lados do tórax, para ambos os braços e até para a mandíbula, durando de alguns segundos a vários minutos. Em geral ocorre no repouso, mas pode se associar à deglutição, à tensão emocional, e, não raramente, aos exercicios, sendo, as vezes, confundido com angina pectoris.

Os espasmos esofagianos podem produzir dor retroesternal sem disfagia, da mesma forma que pode haver disfagia sem dor retroesternal - a dor sem disfagia se assemelha ainda mais com a angina.

Os sintomas de EED devem ser diferenciados também daqueles do refluxo gastroesofágico, até porque algumas vezes estes podem coexistir, ou mesmo o refluxo gastro-esofágico ser o desencadeador das "crises" de espasmo esofagiano.

Lembrar sempre da possibilidade de espasmo esofagiano difuso para todo paciente com clínica típica de angina de peito, sem evidências complementares de doença coronariana, principalmente se também houver queixa de disfagia.

A maioria dos pacientes com espasmo esofagiano difuso é do sexo feminino e possui distúrbios psicossomáticos associados (assim como ocorre na síndrome do cólon irritável).

DlAGNÓSTICO:

A Esofagografia Baritada (imagem lá em cima) pode revelar uma imagem conhecida como "esôfago em saca rolha" ou em "contas de rosário", resultante da peristalse anormal, incoordenada, que produz pequenas ondulações múltiplas na parede, saculações e pseudo-divertículos.

A Esofagomanometria é o exame mais sensível e específico, revelando contrações características, prolongadas, de grande amplitude e repetitivas, que se iniciam de forma simultânea na parte inferior do esôfago.

Tanto os estudos contrastados quanto a manometria podem ser normais no momento do estudo, visto que as anormalidades são episódicas. Por causa disto, diversos testes provocativos podem ser usados na tentativa de induzir o espasmo, como a ingestão de alimentos sólidos, distensão esofágica por balão, perfusão ácida intraluminal (ácido clorídrico), uso endovenoso de edrofônio (80 mg/kg) e a administração de betanecol (vagomimético).

A recomendação atual deve ser investigar primeiro doença coronariana, com o teste ergométrico ou outros exames não-invasivos provocativos de isquemia miocárdica!!

TRATAMENTO:

Os espasmos esofagianos são difíceis de tratar.

Os nitratos, os antagonistas do cálcio (que também relaxam os músculos lisos) e os antidepressivos tricíclicos (que atuam como moduladores da dor) podem ser úteis em alguns pacientes. O uso de tranquilizantes e analgésicos potentes pode causar dependência.
Quando o espasmo é secundário ao refluxo gastroesofagiano, a cirurgia anti-refluxo pode restituir a competência do EEI, melhorando tanto os sintomas de refluxo, quanto os do espasmo esofagiano difuso.

Aqueles com queixa de disfagia, devem evitar o estresse durante as refeições, assim como alimentos e bebidas "gatilhos". O acompanhamento clínico, em geral, é suficiente, mas, eventualmente, casos graves e refratários podem indicar a miotomia cirúrgica.em forma longitudinal.

Na acalásia, predominaria a hipertonicidade esofagiana (EEI) enquanto que no espasmo difuso, predominariam as contrações vigorosas e descoordenadas.

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