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sexta-feira, 7 de março de 2014

Transtorno Dissociativo de Identidade


O transtorno dissociativo de identidade, originalmente denominado transtorno de múltiplas personalidades, conhecido popularmente como "dupla personalidade", é uma condição mental onde um único indivíduo demonstra características de duas ou mais personalidades ou identidades distintas, cada uma com sua maneira de perceber e interagir com o meio.

O pressuposto é que ao menos duas personalidades podem rotineiramente tomar o controle do comportamento do indivíduo.

O critério de diagnóstico também leva em consideração perdas de memória associadas, geralmente descritas como tempo perdido ou uma amnésia dissociativa aguda.

A condição não tem relação com a esquizofrenia, ao contrário do que acredita a maioria das pessoas.

O termo "esquizofrenia" vem das raízes das palavras "mente dividida", mas refere-se a uma fratura no funcionamento normal do cérebro e não da personalidade.

Como diagnóstico, o transtorno continua controverso, com muitos psiquiatras argumentando que não há evidências empíricas que dêem suporte ao diagnóstico.

Por outro lado, alguns psiquiatras afirmam ter encontrado casos que parecem confirmar a existência da condição.

Define-se dissociação como um processo mental complexo que promove aos indivíduos um mecanismo que possibilita-os enfrentar situações traumáticas e/ou dolorosas.

É caracterizada pela desintegração do ego (do "eu").

A integração do ego, sendo o ego o centro da personalidade, pode ser definido como a habilidade de um indivíduo em incorporar à sua percepção, de forma bem-sucedida, eventos ou experiência externas, e então lidar com elas consistentemente através de eventos ou situações sociais.

Alguém incapaz disso pode passar por uma desregulagem emocional, bem como um potencial colapso do ego.

Em outras palavras, tal estado de desregulagem emocional é, em alguns casos, tão intenso a ponto de precipitar uma desintegração do ego, ou o que, em casos extremos, tem sido diagnosticado como uma dissociação.

Porque o indivíduo que sofre uma dissociação não se desliga totalmente da realidade, ele pode aparentar ter múltiplas personalidades para lidar com diferentes situações.

Quando um alter ego(um "eu alternativo") não pode lidar com uma situação particularmente estressante, a consciência do indivíduo acredita estar dando à outra personalidade a chance de eliminar a causa da situação.

A dissociação não é sociopática ou compulsiva.

O estresse biológico causado pelo trauma original é aliviado pelo afastamento parcial da resposta emocional, que faz com que o mesencéfalo (veja na gravura) aprenda a dissociar como forma de reação.


Isto faz com que a recuperação do Transtorno dissociativo de identidade seja o caso de um retreinamento do mesencéfalo, ao invés de uma função mais social do neo-córtex.

Uma vez que o agente causador é um estresse biológico ao invés de eventos externos específicos, as causas exatas de uma dissociação reativa são eventos particularmente difíceis de se descobrir.

Uma das razões primárias para atual tentativa de recategorização desta condição é que existiram apenas uns poucos casos documentados (uma pesquisa em 1944 mostrou apenas 76 casos), no que se refere a múltiplas personalidades.

A dissociação é reconhecida como uma reação sintomática em resposta a um trauma, estresse emocional extremo e, quando notado, em associação com desregulagem emocional e Transtorno de personalidade limítrofe.

Geralmente são considerados como uma sub-sintomatologia dinâmica, sendo mais freqüente tidos como diagnóstico auxiliar, ao invés de primário.

Amnésia Dissociativa

O principal aspecto é a perda da memória, usualmente para eventos recentes importantes, graves o suficiente para serem tomados como simples esquecimento.

Deve ser comprovada a impossibilidade de uma causa orgânica como medicamentos ou problemas cerebrais.

A amnésia costuma acontecer para eventos traumáticos como acidentes ou perdas inesperadas, podendo ser específica para determinados temas, por exemplo: numa determinada boate onde ocorreu um incêndio o paciente não se recorda dos comentários de outras pessoas a respeito do cheiro de fumaça instantes antes do pânico generalizado; também não se lembrar de alguém que tentava orientar a multidão ou outra pessoa que tentou ajudá-la, somente dos doces, das bebidas, das músicas e com quem conversou.

Na maioria das vezes o paciente sabe que perdeu parte da memória, alguns aborrecem-se com isso, outros ficam indiferentes e despreocupados.

Os adultos jovens, os adolescentes e as mulheres são os mais acometidos por esse problema.

Há técnicas como a hipnose ou outras formas de relaxamento que permitem ao profissional experiente penetrar na parte "esquecida" da mente do paciente e fazê-lo contar o que houve.

Em certos casos, psicoterapias podem também fazer com que o paciente se conscientize do que presenciou.

Fuga Dissociativa

Na fuga dissociativa o indivíduo repentinamente perde todas suas recordações, inclusive de sua própria identidade. Inesperadamente essa pessoa muda-se de localidade, de cidade ou de estado, assumindo uma outra identidade, função e vida por vários dias.

Durante esse período não se lembra nada de sua vida passada nem tem consciência de que se esqueceu de algo.

Neste período seu comportamento é compatível com as normas sociais de maneira que ninguém percebe algo errado naquela pessoa, exceto por ser um forasteiro.

Vive de forma simples, um pouco recluso, com modéstia.

Subitamente recobra toda a memória, excetuando-se o período enquanto viveu a fuga dissociativa.

Com o restabelecimento da memória a pessoa recobra sua vida anterior.

Raramente esse episódio dura meses: comumente dura dias ou horas.

Despersonalização / Desrealização

A desrealização é a alteração da sensação a respeito de si próprio, enquanto a despersonalização é a alteração da sensação de realidade do mundo exterior sendo preservada a sensação a respeito de si mesmo.

Contudo ambas podem acontecer simultaneamente. A classificação norte-americana não distingue mais a desrealização da despersonalização, encarando-as como o mesmo problema.

Contrariamente ao que o nome pode sugerir, a despersonalização não trata de um distúrbio de perda da personalidade: este problema inclusive não tem nenhuma relação com qualquer aspecto da personalidade normal ou patológica.

O aspecto central da despersonalização é a sensação de estar desligado do mundo como se, na verdade, estivesse sonhando. O indivíduo que experimenta a despersonalização tem a impressão de estar num mundo fictício, irreal mas a convicção da realidade não se altera.

A desrealização é uma sensação e não uma alteração do pensamento como acontece nas psicoses onde o indivíduo não diferencia realidade da "fantasia".

Na despersonalização o indivíduo tem preservado o senso de realidade apesar de ter uma sensação de que o que está vendo não é real.

É comum a sensação de ser o observador de si próprio e até sentir o "movimento" de saída de dentro do próprio corpo de onde se observa a si mesmo de um lugar de fora do próprio corpo.

A ocorrência eventual das sensações de despersonalização ou desrealização é comum. Algumas estatísticas falam que aproximadamente 70% da população em geral já experimentou alguma vez esses sintomas, não podendo se constituir num transtorno enquanto ocorrência esporádica.

Porém se acontece continuamente ou com freqüência proporcionando significativo sofrimento, passa a ser considerado um transtorno.

A severidade pode chegar a um nível de intensidade tal que o paciente deseja morrer a continuar vivendo.

O diagnóstico desse transtorno dissociativo só pode ser feito se outros transtornos foram descartados como as síndromes psicóticas, estados de depressão ou ansiedade, especialmente o pânico.

Nessas situações as despersonalizações e desrealizações são comuns constituindo-se num sintoma e não num transtorno à parte.

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