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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Puberdade e Obesidade


Meninas norte-americanas estão entrando na puberdade em idade mais jovem do que no passado, mas os pesquisadores ainda não tinham sido capazes de identificar a causa. Um estudo longitudinal, publicado pela revista Pediatrics, sugere que o índice de massa corporal (IMC) mais elevado desempenhe um papel importante no desenvolvimento precoce da mama em meninas brancas não-hispânicas.

"Este estudo demonstra que um IMC alto é um fator importante na maturação precoce de meninas brancas não-hispânicas", escreve Frank Biro, principal autor do estudo e diretor de pesquisa de medicina de transição e do adolescente no Cincinnati Children's Hospital Medical Center, em Ohio.

Este artigo contribuiu para reforçar os resultados inquietantes de que a idade precoce de início do desenvolvimento das mamas está em sintonia com a epidemia de obesidade, embora não a explique inteiramente, escreve o Dr. Herman-Giddens, professor adjunto do Departamento de Saúde Materno-Infantil da Gillings School of Global Public Health, da Universidade de Carolina do Norte, em Chapel Hill.

O fato de as meninas estarem sendo submetidas à maturação mais precoce tem implicações clínicas importantes. Por exemplo, aquelas que atingem a puberdade mais cedo do que seus pares podem estar em risco aumentado de depressão, de baixa auto-estima, de envolvimento em abuso de drogas e em relações sexuais precoces. Além disso, os efeitos em cascata de uma maturação precoce estende-se à idade adulta, incluindo o aumento do risco de câncer de mama e de ovário.

Os pesquisadores acompanharam 1.239 meninas de Greater Cincinnati, cidade de Nova Iorque, e da baía de San Francisco. As meninas tinham idades entre 6 e 8 anos no momento da inscrição no estudo. Médicos especialistas examinaram as meninas em intervalos regulares durante 7 anos, de 2004 a 2011, avaliando o desenvolvimento da mama através da observação e da palpação. Eles, então, determinaram percentis de IMC e escore Z, utilizando-se os gráficos de crescimento do Centers for Disease Control and Prevention de 2000.

No início do estudo, 39% das meninas negras tinham um IMC no percentil 85 ou superior, assim como 44% das meninas latino-americanas, 26% das meninas brancas não-hispânicas e 12% das meninas asiáticas.

Os pesquisadores descobriram que o início do desenvolvimento das mamas, definido por atingir o estágio 2 ou superior da classificação dos cinco estágios de desenvolvimento mamário, diferem pela localização geográfica, raça/etnia e IMC no início do estudo.

A idade média e mediana de desenvolvimento da mama variou por raça e etnia. Meninas negras começaram a desenvolver seios em uma idade média de 8,8 anos; enquanto hispânicas, brancas não-hispânicas e asiáticas desenvolveram suas mamas em idades medianas de 9,3, 9,7 e 9,7 anos, respectivamente.

Quando os pesquisadores examinaram o momento de desenvolvimento da mama e o IMC, eles descobriram que, uma vez que o IMC aumentava acima do percentil 50, a probabilidade de desenvolvimento precoce das mamas aumentava, em relação às meninas com IMC abaixo do percentil 50 (quer dizer, abaixo da "média"). Os pesquisadores fizeram ajustes para raça/etnia e local.

Além disso, os autores observaram que o início do desenvolvimento da mama em meninas brancas ocorreu em idades mais jovens do que o registrado em publicações anteriores, mas que as meninas negras continuam a apresentar o desenvolvimento de mama mais cedo do que as meninas brancas. Grande parte da diferença no tempo de desenvolvimento das mamas em meninas brancas não-hispânicas, entre este estudo e os anteriores, é provavelmente resultado do IMC mais elevado na população do estudo, segundo comentaram os autores.

Os pesquisadores concluíram que ter um IMC mais elevado é um importante fator para o início mais precoce da fase 2 de desenvolvimento das mamas, embora outras mudanças muito mais complexas possam estar envolvidas, tais como fatores genéticos, certas condições intra-uterinas, exposição à dieta rica em carne e laticínios, baixa ingestão de fibras, estresse familiar excessivo, pais ausentes, resistência à insulina, localização geográfica, entre outros.

Fonte: Pediatrics, publicação online de 4 de novembro de 2013

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