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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Expressões e termos usados em neurologia



Este post é para distração ou um adendo para quem faz pesquisa em curso médio:

- Neurônio: o cérebro humano possui cerca de X neurônios, agregados em núcleos (SNC) como em gânglios (SNP). Os neurônios apresentam nucléolo proeminente, núcleo grande e substância de Nissl (retículo endoplasmático rugoso).

- Glia: estas células derivam do neuroectoderma (macróglia: astrócitos, oligodendrócitos e epêndima) como também da medula óssea (micróglia).

- Astrócitos: possui núcleo arredondado a ovalado com cromatina pálida e GFAP positivo.

- Oligodendrócitos: cromatina densa produtora de mielina no SNC e núcleo pequeno comparado ao neurônio.

- Micróglia: possui núcleos alongados, irregular, sendo macrófagos do SNC.

- Epêndima: são células epiteliais, com borda ciliada, microvilosidades fazendo o revestimento dos ventrículos encefálicos, formando granulações ependimárias.

- Células meningoteliais.

- Vasos sangüíneos: propriedades da barreira hematoencefálica.

Aspectos Patológicos

Reações dos Neurônios às Lesões:

Lesão Neuronal Aguda: cursa com necrose de liquefação quando há insulto hipóxico-isquêmico.

Lesão Neuronal Subaguda: trata-se de um processo patológico progressivo (esclerose amiotrófica lateral), gliose reativa e perda de um subgrupo neuronal.

Reação Axonal: maior síntese protéica, deslocamento do núcleo para a periferia, nucléolos e cromatólise central (corpos de Nissl na periferia).

Inclusões Neuronais: encontramos lipofuscina (marcador do envelhecimento celular), infecções virais (citomegalovírus, herpes e raiva) e mucopolissacaridoses. As inclusões intracitoplasmáticas contam com emaranhados neurofibrilares (mal de Alzheimer) e corpos de Lewy (doença de Parkinson).

Reações Astrocitárias às Lesões:

Tumefação: devido à degeneração hidrópica.

Gliose: o mais importante indicador histopatológico de lesão do sistema nervoso central. Há hipertrofia e hiperplasia dos astrócitos, o citoplasma se expande formando o astrócito gemistocítico (aglomerado rosa brilhante circundando um núcleo excêntrico).

Fibras de Rosenthal: estruturas eosinofílicas, alongadas e espessas no espaço intracitoplasmático. São regiões de gliose antiga, nos indicando uma lesão de crescimento lento, como por exemplo, craniofaringiomas e astrocitomas pilocíticos.

Corpos Amiláceos: são basofílicos, mostram degeneração hialina e são estruturas lameladas concêntricas.

Resposta de outras células gliais às lesões do SNC:

Oligodendrócitos: alteram-se nas doenças desmielinizantes, há picnose e cariorréxis nuclear.

Epêndima: devido ao aumento da pressão intracraniana, ocorre transudação transependimária com gliose periependimária.

Micróglia: respondem à lesão com proliferação celular, na inflamação crônica, formam nódulos microgliais – envolvem neurônios necrosados podendo formar células gigante multinucleadas (HIV).

Degeneração Walleriana

- Termo empregado para degeneração de axônios e suas bainhas de mielina após secção do nervo, geralmente traumática. O material resultante da degeneração da mielina e dos axônios tende a formar enovelados de membranas conhecidas como figuras de mielina. Estas são encontradas tanto no citoplasma das células de Schwann como em macrófagos que afluem ao local para auxiliar na remoção dos debris.

Neuropraxia

- Caracteriza-se por desmielinização segmentar das fibras de grande calibre, sem interrupção axonal. Na condução nervosa motora podemos observar a presença de bloqueio de condução ou diminuição significativa da velocidade de condução através do segmento lesado. Entretanto, a velocidade de condução acima e abaixo da lesão permanece normal. O exemplo mais clássico de neuropraxia são as mononeuropatias compressivas agudas, como a paralisia do sábado à noite (paralisia radial no sulco espiral do úmero) e a paralisia da perna cruzada (paralisia fibular na cabeça da fíbula). A recuperação ocorre dentro de semanas e o prognóstico é favorável.

- A axonotmese caracteriza-se por lesão axonal e da bainha de mielina, porém com preservação do endoneuro. Implica em degeneração walleriana distal, porém com potencial para recuperação adequada e espontânea devido à manutenção do endoneuro. Na fase aguda provoca quadro eletrofisiológico semelhante ao da neuropraxia, chamado de pseudo bloqueio da condução. Entretanto, após o quinto dia de lesão, os potenciais motores e sensoriais tornam-se anormais distalmente à lesão e após a segunda semana, potenciais de desnervação começam a surgir, em grande quantidade. Quando regeneração começa a acontecer, a amplitude dos potenciais de ação motores começa a melhorar e potenciais de reinervação ou potenciais nascentes (potenciais de unidade motora polifásicos e de pequena amplitude) podem ser vistos na EMG de agulha com contração voluntária. Os principais exemplos deste tipo de lesão são as lesões nervosas secundárias às fraturas ósseas, mononeuropatias compressivas crônicas e neuropatias secundárias à tração. A recuperação é muito mais demorada que aquela da neuropraxia e na maioria das vezes é incompleta.

- A neurotmese caracteriza-se pela transsecção total do nervo, incluindo o perineuro. Implica em degeneração axonal severa quando as extremidades nervosas separadas não são unidas cirurgicamente. Como não há continuidade axonal, a regeneração por brotamento axonal não ocorre. Na fase aguda, também se caracteriza por pseudobloqueio da condução e assim como na axonotmese, atividade espontânea anormal surge após aproximadamente 2 semanas. Aqui, nenhuma melhora da condução nervosa motora ou potencial de reinervação podem ser observados na EMG realizada algumas semanas ou meses após o trauma.

Edema Cerebral

- Edema vasogênico: ocorre por quebra da barreira hematoencefálica, o fluido escapa para o parênquima devido à trauma cranioencefálico ou tumor cerebral, por exemplo.

- Edema citotóxico: também chamado de edema celular; decorre da parada da bomba de sódio e potássio ATPase em decorrência de um acidente vascular cerebral isquêmico, por exemplo.

- Edema intersticial: há transudação de líquor do ventrículo para o parênquima periventricular devido ao aumento da pressão liquórica, por exemplo devido à hipertensão intracraniana por hidrocefalia.

Morfologia do edema: o cérebro torna-se amolecido, seus giros ficam dilatados, sulcos desaparecidos, aumento da tensão na dura-máter, compressão ventricular e redução do espaço subaracnóideo. À microscopia óptica verificamos a presença de degeneração hidrópica, diminuição da coloração (impregnação do corante) e presença do espaço de Virchow-Robin (espaço perivascular fisiologicamente não existente).

Pressão Intracraniana e Herniação

- PIC normal fica em torno de 15-20mmHg.

- PPC = PAM – PIC, sendo a PPC (pressão de perfusão cerebral) e PAM (pressão arterial média).

- Há aumento da PIC em situações onde a caixa craniana é invadida por um tumor, por uma infecção, hidrocefalia, hemorragias traumáticas, aneurismáticas, isquemia ou ainda abscessos.

- Herniações: são protusões de um tecido para um local que originalmente não é o seu, geralmente em resposta ao aumento de pressão intracraniana.

- Herniação Subfalcina (Cíngulo): o giro do cíngulo é deslocado por baixo da foice cerebral)

- Herniação Transtentorial (Uncal): quando o III ventrículo é acometido, o lobo temporal possui seu pólo medial (úncus) deslocado no sentido do mesencéfalo, através do forame de Pachionne. Secundariamente poderá ocorrer hemorragias da ponte e ou do mesencéfalo por compressão dos vasos que os circundam – Hemorragia de Duret.

- Herniação Tonsilar (Cerebelar): ocorre quando a tonsila do cerebelo hernia pelo forame magno, cursando com compressão bulbar e parada cardiorrespiratória.

- Herniação Transcalvariana: ocorre por herniação do próprio encéfalo numa descompressão neurocirúrgica. Lembrar que estas medidas terapêuticas tentam aliviar a pressão intracraniana, devendo ser realizadas de maneira ampla.

Hidrocefalia

- Na hidrocefalia ocorre o aumento da produção de líquor pelos plexos coróideos e ou diminuição da absorção do líquor pelas granulações aracnóideas.

- Hidrocefalia Não Comunicante: ocorre, por alguma lesão, obstrução em algum ponto no trajeto de drenagem liquórica, havendo um aumento do ventrículo acima do ponto da lesão.

- Hidrocefalia Comunicante: há alargamento de todo o sistema ventricular, o problema esta na drenagem liquórica, por exemplo, por um aumento da viscosidade do líquor decorrente de um sangramento intraventricular.

- Hidrocefalia Ex-Vácuo: ocorre um aumento compensatório do volume liquórico devido à perda de parênquima cerebral.

Encefalocele

- Divertículo de tecido nervoso central através de um defeito no fechamento do crânio.

Disrafismo Espinhal – Malformação Óssea ou Espinha Bífida

- Mielomeningocele: há protusão da meninge como também da medula (tecido nervoso).

- Meningocele: há apenas presença da meninge.

- Ambas as situações podem cursar com alterações das funções motoras e ou sensitivas.

- A deficiência de folato no início da gravidez pode ser a etiologia destas alterações morfológicas envolvendo o sistema nervoso central.

Seringomielia (Seringa)

- Formação de uma cavidade em fenda preenchida por fluido na porção interna da medula espinhal. Há graves déficits motores e sensoriais em decorrência desta anormalidade.

Trauma do Sistema Nervoso

- Fraturas de Crânio:

- Fraturas que cruzam a sutura = diastáticas.

- Fraturas com afundamento.

- Fraturas da base do crânio: cursam com alguns sinais muito observado nos centros de emergência – sinal de Battle (fratura da fossa média), olho em guaxinim (fratura da fossa anterior do crânio), otorréia e rinorréia.

- Concussão Cerebral: perda transitória da consciência (por um tempo < 6h). - Lesão Axonal Difusa (LAD): há acometimento da substância branca profunda, corpo caloso, pedúnculos cerebrais, colículos e SRAA. Tumefação axonal e lesão hemorrágica focal (pontos hemorrágicos). Inconsciência por um tempo > 6h. Frequentemente por cisalhamento.

- Lesão vascular: os hematomas subdurais frequentemente ocorre em idosos e alcoólicos devido à ruptura das veias em ponte. Já os hematomas extradurais ou epidurais ocorrem por ruptura da artéria meníngea média, com um tempo de lucidez após o trauma e piora progressiva em poucas horas subseqüentes ao trauma.

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