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terça-feira, 20 de setembro de 2011

O diagnóstico da doença de Alzheimer...




No início o paciente com Doença de Alzheimer apresenta apenas uma leve perda de memória, um certo incômodo no pensamento em geral, na agilidade mental. Parece-lhe difícil resolver alguma operação matemática simples, conduzir raciocínios simples, lembranças de trivialidades cotidianas. Depois podem surgir momentos esporádicos de desorientação, dificuldade crescentes para tomar decisões, dificuldades progressivas do pragmatismo e mesmo para manter uma conversa. Daí para frente os sintomas se agravam cada vez mais.

O diagnóstico da Doença de Alzheimer não comporta apenas um prejuízo da memória, mas, sobretudo, também de um prejuízo na linguagem, na capacidade cognitiva, laborativa, pragmática e social. Aliás, a demência reflete um prejuízo global da atividade mental. O que torna difícil o diagnóstico baseado no quadro clínico é que tais sintomas não são exclusivos da Doença de Alzheimer. Eles podem estar presentes também em outros quadros de demência, como por exemplo na demência da Doença de Parkinson ou, notadamente, naqueles quadros de origem circulatória, representados pela arteriosclerose cerebral e mesmo nas seqüelas de acidentes vasculares cerebrais (AVC), nos hematomas subdurais e nas hidrocefalias de pressão normal.

Diante dos sintomas de demência, depois de eliminadas as possibilidades de outras doenças capazes de causar o mesmo quadro, como por exemplo os problemas da tireóide, acidentes vasculares cerebrais e depressão, pode-se suspeitar da Doença de Alzheimer. Atualmente, entretanto, a certeza do diagnóstico da Doença de Alzheimer em 85 a 90% dos casos só se confirma por necropsia pós-morte. A característica anatomopatológica de Alzheimer no material da necropsia é a presença de cicatrizes neurofibrilares dentro de neurônios, bem como placas neuríticas de proteína amilóide no espaço extracelular.

Além da avaliação médica do quadro clínico, dos testes de memória e do exame anatomopatológico para o diagnóstico da Doença de Alzheimer, restariam ainda provas genéticas e neuroimagem cerebral. As provas genéticas estudam a possibilidade de avaliação do gene Apo-E defeituoso, mas esses testes ainda não estão totalmente disponíveis e nem solidamente estabelecidas. Para o diagnóstico pode exigir-se também exames de imagens do cérebro, como a tomografia, PET, SPECT e ressonância magnética.

As neuroimagens da Doença de Alzheimer obtidas pelo SPECT e pelo PET mostram algumas alterações típicas da doença e já estão relativamente bem estabelecidas. Entre essas alterações cita-se a acentuada redução do lobo temporal médio e do hipocampo, as quais podem ser bem avaliadas por meio da Ressonância Magnética Nuclear.

Também se observa na neuroimagem funcional um padrão de baixo funcionamento (hipometabolismo) na região têmporo-parietal característico para a Doença de Alzheimer. Portanto, atualmente o PET ou SPECT, que são os exames de neuroimagem funcional, os mais confiáveis para embasar a suspeita clínica da doença.

À Tomografia Computadorizada as características de imagem dessa doença consistem em um aumento do volume dos ventrículos laterais, um terceiro ventrículo com tamanho de até 2 vezes o tamanho normal, associado ao alargamento dos sulcos corticais. Entretanto, essas alterações não são exclusivas da Doença de Alzheimer, podendo ser encontradas em outros estados demenciais ou mesmo no envelhecimento normal sem demência.

Ainda em relação às neuroimagens, há inúmeras descrições de alargamento significativo da fissura hipocampal nos pacientes com Doença de Alzheimer, correlacionando esses achados aos aspectos de perda da massa neuronal nas regiões têmporo-hipocampais, que são as principais estruturas responsáveis para os processos de memória.

Os trabalhos de George et al., em 1990, conseguiram distinguir corretamente 80% dos pacientes com Doença de Alzheimer baseando-se na atrofia da região hipocampal e identificaram mais de 95% de pessoas normais onde a ausência dessa atrofia têmporo-hipocampal praticamente afastou o diagnóstico de Doença de Alzheimer.

...continua...

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