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domingo, 18 de setembro de 2011

Alzheimer




Em 1906, ao fazer uma autópsia, o médico alemão Alois Alzheimer (1864-1915) descobriu lesões no cérebro do morto que ninguém havia relatado antes. Ao microscópio, viu tratar-se de um problema dentro dos neurônios, os quais pareciam atrofiados e cheios de placas estranhas e fibras retorcidas, enroscadas umas nas outras. Desde então, esse tipo de degeneração nos neurônios ficou conhecido como placas senis, até hoje consideradas característica fundamental da Doença de Alzheimer.

Estima-se, hoje em dia, que uma em cada 10 pessoas maiores de 80 anos será portadora da Doença de Alzheimer a cada ano que passa. A mesma probabilidade vale para 1 a cada 100 pessoas maiores de 70 e 1 a cada 1000 pessoas maiores de 60 anos. Esta é a avaliação de 1999, feita pela Federação Espanhola de Associações de Familiares de Enfermos de Alzheimer (AFAF). Assim sendo, a Doença de Alzheimer acomete de 8 a 15% da população com mais de 65 anos (Ritchie & Kildea, 1995).

A Doença de Alzheimer é uma das formas de demência neurodegenerativas, mas não se pode generalizar todas as demências como sendo Doença de Alzheimer. A Doença de Alzheimer, a demência vascular, a demência com corpos de Lewy e a demência frontotemporal são as quatro causas mais freqüentes de demência. Atualmente fala-se muito em demência mista, devido constatação de mais de um fator associado em um mesmo quadro demencial.

Existem atualmente em todo o mundo entre 17 e 25 milhões de pessoas com a Doença de Alzheimer, o que representa 70% do conjunto das doenças que afetam a população geriátrica. A Doença de Alzheimer é a terceira causa de morte nos países desenvolvidos, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares e para o câncer. Os pacientes de Alzheimer já são quatro milhões nos Estados Unidos e no Brasil, embora falte dados precisos, estima-se que meio milhão de idosos são acometidos, no mínimo. Apesar de tratar-se de uma doença predominantemente senil, essa questão deve preocupar o público de qualquer idade, pois, em um futuro próximo esses números passarão a fazer parte das perspectivas de vida daqueles que hoje ainda são jovens.

Apesar da Doença de Alzheimer continuar sendo uma síndrome de causa desconhecida e incurável até o momento, nos últimos anos as perspectivas da ciência gozam de certo otimismo realista, considerando as possibilidades da medicina estar conseguindo retardar os sintomas da doença. Vislumbram-se possibilidades para, muito brevemente, realizarem-se ensaios clínicos dirigidos a evitar que se produzam as primeiras lesões cerebrais da doença, as quais têm início em torno dos 40 anos.

Na Doença de Alzheimer as alterações mais visíveis são da memória e da linguagem, enquanto na demência da Doença de Parkinson a execução prática e a atenção são as atividades mais comprometidas.

Apesar dos atuais requintes na investigação neurológica, ainda existe um fato intrigante; a falta de correlação entre o que se vê do cérebro velho nas imagens de tomografia, ressonância magnética e autópsias e o que se constata na função cerebral. Alguns idosos permanecem com a função cerebral e cognitiva normais durante a vida, mesmo tendo imagens de importantes alterações cerebrais, notadamente de lesões sabidamente relacionadas à Doença de Alzheimer. Essas constatações servirão, sem dúvida, para ajudar esclarecer os tão pesquisados mecanismos de neuroproteção.

...continua...

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