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quinta-feira, 24 de março de 2011

Distimia





Distimia ou Transtorno Distímico é uma forma crônica de depressão, cuja gravidade costuma ser menor do que a Depressão Maior. Em benefício de melhor entendimento, felizmente parece haver um consenso de que o chamado Transtorno Depressivo Maior, a Distimia e algumas Disforias (rebaixamentos do estado de humor) transitórias seriam manifestações de um mesmo processo patológico, o qual resulta em sintomas depressivos. Tal variedade de estados de humor deprimido compartilha os mesmos sintomas, responde aos mesmos medicamentos antidepressivos e podem ser abordados por técnicas psicoterapêuticas similares.

Geralmente o paciente com Distimia costuma ter o humor algo depressivo a maior parte do tempo, mas não expressivamente depressivo como acontece na Depressão Maior. Pode apresentar inquietação, ansiedade e sintomas neurovegetativos, como por exemplo, queixas digestivas, cardiocirculatórias, musculares, dor de cabeça. É muito marcante nos distímicos a tendência em dedicar pouco tempo para atividades de lazer, valorizando em excesso atividades produtivas. Outros sintomas que chama a atenção é a tendência à irritabilidade, ironias, crises de raiva e excesso de críticas.

Os estudos epidemiológicos mais recentes mostram que existe uma comorbidade elevada na Distimia, de forma que mais de 2/3 dos pacientes apresentam também Depressão Maior, Abuso de Substância ou algum Transtorno de Ansiedade junto com a Distimia.

Resumindo, Distimia é um transtorno depressivo do humor, tem natureza crônica, se inicia insidiosamente desde a infância ou adolescência e não tem sintomas graves o suficiente para ser diagnosticada como Depressão Maior, ou seja, o transtorno é considerado como uma depressão de baixa intensidade, flutuante e duradoura.

Alguns pacientes distímicos, de fato, não se queixam propriamente de tristeza, entretanto, queixam muito apropriadamente de falta de alegria de viver: “- doutor, eu não estou com tristeza, mas também não sinto alegria ou prazer com nada”. Além disso, os próprios distímicos manifestam grande preocupação com sua inadequação. Quer dizer, eles mesmos sabem que são “chatos” e lamentam por isso.

Muitas pessoas com Distimia relatam que estiveram deprimidas durante toda a sua vida e acabam tendo uma concepção existencial deturpada pelo mau humor crônico. Geralmente elas se auto-definem como tristes ou "na fossa", mas geralmente são definidas pelas outras como mal humoradas, amargas, irônicas e implicantes. Embora a Distimia seja considerada menos grave que a Depressão Maior, suas conseqüências podem ser graves e incluem prejuízo grave do desempenho familiar, social e profissional, aumento de sintomas físicos e doenças psicossomáticas e aumento do risco de desenvolver Depressão Maior.

Em geral esses pacientes costumam ser tensos, rígidos e resistentes às sugestões de terapia. Como freqüentemente eles podem ser sarcásticos, rabugentos, exigentes e queixosos, não é raro que o médico de outras especialidades sinta-se irritado com eles. Apesar disso, o funcionamento social das pessoas com Distimia é relativamente estável e muitas delas investem sua energia fortemente no trabalho, desprezando quase totalmente o prazer, as atividades familiares e sociais. (Akiskal, 1999)

A prevalência da Distimia na população geral é assustadora. Alguns autores cogitam ser aproximadamente de 3 a 6% da população geral os portadores de Distimia (Seretti, 1999 – Akiskal, 1994 – Avrichir, 2002), sendo um dos quadros clínicos mais comumente encontrados na prática médica. Em relação à distribuição da Distimia entre homens e mulheres, o transtorno é relativamente mais freqüente em mulheres, embora não tanto como acontece na Depressão Maior, onde a proporção é de 2:1.

A despeito da imensa população de distímicos, esses pacientes não procuram ou relutam muito em procurar tratamento específico para a questão emocional, apesar de se manterem sempre muito queixosos e insatisfeitos com a vida. Trata-se de uma alteração afetiva bastante incômoda, não só do ponto de vista emocional, fazendo sofrer o paciente e, comumente, quem com ele convive, como também do ponto de vista orgânico, se manifestando por inúmeros sintomas físicos, os quais acabam fazendo com que os pacientes procurem os médicos com queixas vagas e mal definidas, tais como mal-estar, letargia e fadiga.

Por outro lado, se os distímicos relutam em procurar ajuda psiquiátrica, a maioria deles procura médicos de outras especialidades e geralmente eles não serão diagnosticados corretamente (Akiskal, 2001). Por causa disso, inúmeros exames de laboratórios são inutilmente solicitados, inúmeras consultas a especialistas são marcadas, muitos medicamentos são inutilmente consumidos.

6 comentários:

Anônimo disse...

Olá doutor. Gostaria de saber se é possível ter uma vida relativamente normal, mesmo tendo distimia. Eu me enquadro perfeitamente, e a cerca de 4 anos tive um quadro de depressão maior, o qual eu trato até hoje mas nunca consigo me sentir bem. Não estou mais deprimido como na época, mas não consigo ter empenho para manter qualquer atividade. Tudo o que eu começo não consigo terminar, e a poucos meses meu relacionamento de 3 anos chegou ao fim. Estou bem mau. Gostaria de saber se alguém se interessaria por alguém como eu?

Carlos Alberto Rey disse...

Olá, Anônimo! A distimia tem tratamento com medicamentos adequados, indicados por um psiquiatra e psicoterapia. Eu costumo encaminhar para terapia cognitivo comportamental. Por favor, tente identificar-se da próxima vez. Grato.

Anônimo disse...

Sou distimica e me trato ja faz seis anos graças ao tratamento muita coisa mudou so tenho uma coisa a dizer é muito ruim para um distimico ser confundido com sua personalidade ate hoje meus parentes não se tocam de que eu sou uma pessoa feliz desde criança porem por causa da doença insistem em dizer ela sempre foi quietinha nunca deu trabalho...aff odeio isso...era uma criança distimica fui adolescente distimica mas hoje sou uma adulta tratada e feliz.

Anônimo disse...

Sempre me senti inadequada e triste,o que eu ouvia é q não tinha motivos para ser triste. Qndo fui me tornando uma adulta cada vez mais instável emocionalmente e com pesamentos mórbidos resolvi procurar ajuda, porém recebia vários diagnósticos e foi em momentos de estabilidade que comecei a pesquisar sobre patologias psicológicas, nunca pensei que ficaria feliz por ver a descrição de distimia e descobrir q eu a tenho, não existe nada pior do q vc querer ficar bem e não saber o q se passa com você, informações são sempre valiosas.

Anônimo disse...

Olá,
Sou do sexo masculino tenho 31 anos e ontem alguém me falou de Distimia. Todo texto que leio parece estar falando de mim, como se todas as pessoas que escreveram me conhecessem. (Só não pela parte do uso de drogas lícitas ou ilícitas. Não uso)
Estou muito feliz por, talvez, ter descoberto a causa da minha irritabilidade, falta de prazer com as coisas da vida e o que me impede de ter sucesso profissional...
O Fato é que tenho medo de ter que tomar remédios desta natureza, na realidade, não gosto de tomar nem remédios fracos para dores de cabeça, que aliás, são contantes.
Procurarei um psiquiatra nos próximos dias, espero ter melhora, estou confiante.

Pricila disse...

Eu me sinto totalmente assim: sem animo, irritada, triste, acho que fui triste a minha vida inteira, mas agora apareceu insonia, antes hipersonia, e pensamentos suicidas, já marquei hora com um medico espero que ele diagnostique isso tudo, nao aguento mais me sentir assim..