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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Hepatite C...

O vírus da hepatite C (VHC), descoberto em 1989, já infectou cerca de 170 milhões de pessoas em todo o mundo, mas 40% dos eventos de transmissão não têm causa conhecida. Um novo estudo, liderado por pesquisadores brasileiros e realizado com amostras de sangue de pacientes do Estado de São Paulo, mostra pela primeira vez que fatores sociais podem ter um papel central nos padrões de disseminação do vírus.

O trabalho, publicado na edição desta quinta-feira (24) da revista científica de acesso livre PLoS ONE, revela que os diversos genótipos do vírus entraram em território paulista em diferentes momentos e tiveram taxas de crescimento distintas. A pesquisa indica ainda que a transmissão está relacionada com a rede de contatos sociais entre os indivíduos, direcionando-se para grupos com determinado tipo de comportamento.

O estudo se baseou em sequências genéticas extraídas de amostras de sangue de 591 pacientes de cidades paulistas.

Um dos dados à disposição dos pesquisadores era o número de parceiros sexuais dos pacientes e, a partir daí, percebeu-se a relação entre o número de contatos sexuais e a transmissão do vírus.

Estima-se que os portadores do VHC no Brasil correspondam a até 3,5% da população. Não existe vacina disponível para a hepatite C e o tratamento para a doença consiste em antivirais que têm baixa eficácia e provocam efeitos colaterais.

O estudo mostrou que o subtipo 1b do VHC é o mais antigo e avançou mais lentamente que os subtipos 1a e 3a, em múltiplas classes sociais e faixas etárias. Por outro lado, os subtipos 1a e 3b estão associados a pessoas mais jovens, infectadas mais recentemente, com taxas mais altas de transmissão sexual.

Outro aspecto observado é que os pacientes com maior número de conexões praticam mais comportamentos de risco, como uso de drogas e sexo desprotegido. A associação entre a transmissão e a alta conectividade social e a transmissão do vírus não havia sido observada até agora porque a maior parte dos trabalhos se restringia a analisar dados provenientes de grupos de risco, mas nós optamos por uma amostra aleatória.

Os diferentes subtipos do VHC entraram no Estado de São Paulo em diferentes momentos, segundo o estudo. O subtipo 1b infectava pessoas nascidas antes da década de 1930. Já o subtipo 3a entrou em cena no meio da década de 1950 e começou a se espalhar rapidamente.

No passado, o vírus foi disseminado principalmente por transfusão de sangue contaminado. Mas em 1990 foram implantados os testes anti-VHC em bancos de sangue e ele continuou se espalhando. O uso de drogas injetáveis é certamente importante para a transmissão, como a transfusão sanguínea já foi. Mas constatamos que grande parte dos novos casos não envolve esta prática e o vírus continua se espalhando.

O subtipo 1a teve seu crescimento acelerado por volta de 1990, mesmo com o fim da contaminação por transfusão de sangue e, segundo o estudo, já é o segundo subtipo mais comum, devendo superar em breve o subtipo 1b.

O subtipo 1a está associado às pessoas jovens com muita conectividade sexual. Outras características comuns nesse grupo são o uso frequente de drogas, prática de sexo desprotegido, tatuagens e encarceramento.

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